30 junho, 2010

6 Meses de trabalho gourmet, para você... (o meu balanço)

Com pequenos cubos de experiência e saberes concentrados
Tenho preparado bebidas coloridas e frescas
Com sabores muito, pouco ou suavemente avinagrados


Iniciei esta minha actividade em 31 de Dezembro do ano passado. No primeiro mês, para 36 drinks postados apenas 10 comentários...
Apurei o marketing e a produção com labor e persistência
Fiz campanhas
com imaginação e manhas.
Fiz ofertas, sem perder coerência

O meu projecto, acto de cidadania, está para ficar
Em Junho, que agora finda, 40 textos mereceram 364 comentários
Que mais me pode incentivar?

A minha iniciativa mais querida, tem nome de deusa, Thémis, e a forma de selo. Foram muitos o que estão fazendo por merece-lo.
Bateu o recorde com 22 comentários e criou uma pequena onda de seguidores solidários. Ainda espero que se transforme em vaga...

Desse bálsamo, resolvi guardar-lhe a essência, numa pequena garrafa...


VOU FAZER UMA CURTA AUSÊNCIA. 10 DIAS... TENHAM PACIÊNCIA!
(apenas irei interromper para cumprir algumas promessas em atraso)

29 junho, 2010

Nuestros hermanos 1 - Nosotros 0 (O pai do Duarte não o deixa jogar nos quartos...)

Desta vez a nossa selecção, contrariamente aos meus netos, não entendeu a minha táctica. Nas minhas palestras aos netos, as minhas palavras de ordem foram: nada de os considerarem nossos irmãos, nada de medos nem de intimidações familiares, nada de lhes dar o controlo do jogo. Não liguem aos meteorologistas, nem que chova picaretas em brasa, nada de chapéus de chuva, que só empatam... Mas a selecção, não só não percebeu, como esqueceu a lição de Saramago!

No fim do jogo, como é costume, os meus netos assaltaram-me com um milhão de perguntas:
  • Marta (13 anos) - , porque é que a selecção teve medo e não fez o que ensinaste?
  • Miguel (11 anos, irmão da Marta) - Claro que fez! Só que não deixou os chapéus de chuva no balneário ...
  • Duarte (6 anos, o tal lourito) - O meu pai não nos deixa jogar nos quartos.... Mas nunca falou em quartos-final...
  • Diogo (1o meses, o tal "ranhosito") - Tá, tá, tá, bummmm?
  • Eu - Não tá bummmm, tá pum!

NOTA FINAL: INTELIGENTES COMO SÃO, OS MEUS NETOS VÃO PERCEBER QUE O QUE SE PASSOU ATÉ AQUI, FOI APENAS FUTEBOL. COMO IRMÃOS, A MARTA E O MIGUEL, DEVEM ENTENDER-SE. O DUARTE NÃO DEVE JOGAR NOS QUARTOS E QUANTO AO DIOGO, ELE VAI CRESCER E APARECER...

28 junho, 2010

O G - 20 e a "Nova Ordem Mundial"

O Mundo continua sob os desígnios de um G.

- G de guerras, pressão das armas automáticas G3.

- G de grupo, pressão dos G8. Ou seja, dos oito países mais ricos do Mundo...

- G de gato escondido com o rabo de fora. Isto é, grupo dos oito países mais ricos, onde se tolera que outros 12 pensem que podem influenciar as decisões dos mandões (a ONU deixa de contar para o quer que seja)...

Os jornais de hoje dão conta de que a reunião dos G-20, em Toronto, terá corrido muito bem. Quer dizer: TUDO FICARÁ NA MESMA...

Tenho então que dar voz aos apelos de BONO e da ALICIA KEYS

AVISO - Se é impressionável, limite-se a ouvir. As imagens são chocantes

27 junho, 2010

"Geração wikipedia"

Quanto li o post colocado há dias no “vox nostra” com o sugestivo título “Geração Wikipedia pensei que talvez se as escolas falassem um pouco mais de Bento Jesus Caraça nos ternos, com a terna admiração e com o respeito com que dele falava José Gomes Ferreira, as coisas fossem diferentes. Se isso acontecesse, as notas de Matemática iriam certamente traduzir amor pelos números e contas… Sei que pedir aos professores do meu país, que imitem o meu poeta, é pedir muito. Mas pelo menos dêem a conhecer aos vossos alunos o texto que vos dou deixo:

Bento de Jesus Caraça (matemático) / José Gomes Ferreira (poeta)

“O verdadeiro poeta era ele”

"O adjectivo fascinante, embora já com o brilho muito gasto de tanto uso desatento, ainda me parece ser o mais próprio para definir a personalidade de Bento Caraça.
Camponês mal escondido no quotidiano da cidade, lábios estreitos para tornar as palavras voluntárias, sempre que encontrava alguém de quem gostava, lançava para o mundo a ponte do seu sorriso inteligente - e saudava-me:
- Olá, poeta!
Entre nós havia esse pacto de convívio. Ambos representávamos - actores provisórios do Eterno Diálogo das duas linguagens, tão desiguais por fora, mas afinal tão misteriosamente enlaçadas: a matemática e a poesia.
Eu simulava o poeta anarquista, refilão, desordeiro, imprecador. Ele, o homem que se fingia pasmado com a minha fantasia à solta.
Para isso bastava-me repetir as brincadeiras do costume, algumas - vamos lá - bem pouco originais. Descrevia-lhe, com pormenores de ocasião, as minhas invenções mais recentes: a máquina de fabricar angústia, as bigornas de prata irreal onde se forjavam estrelas para substituir as que iam secando no céu, os Altos Fornos de fundir coisa nenhuma…
- Oh! este poeta! Este poeta!
E ria, feliz por haver imaginação no mundo, arte, música, poetas desordenadores da vida parva…
Mas quando nos separávamos - coisa curiosa - eu sentia que o verdadeiro poeta era ele. Aquele homem superior onde sempre encontrei apenas um único desejo de missão: o de viver como se cumprisse um acto poético.
E cumpriu."

(Artigo de JGF, publicado na Seara Nova, nº 1472, Junho de 1968)

PS- No caminho entre "Duas Culturas" esqueci estes nomes... Imperdoável!

26 junho, 2010

A deusa Thémis agradece

Entre os muitos problemas que assolam a humanidade, dois são de especial gravidade: a injustiça social e a injustiça ecológica. Ambos devem ser enfrentados conjuntamente se quisermos pôr em rota segura a humanidade e o planeta Terra.


A deusa Thémis, como eu, acha que temos que avinagrar todas as injustiças e estas, em particular, são as que a fazem chorar...



Avinagrar desigualdades significa, no mínimo, denuncia-las!






25 junho, 2010

Zero a zero (ganhámos nós)

Mais uma vez a nossa selecção, tal como os meus netos, entendeu a minha táctica. Na escola de Sagres, dei a palavra de ordem, que virá a ser conhecida por "Sagres Zero" (que nada tem a ver com um conhecido anúncio): Na primeira parte joguem com a avó ao colo, com uma perna às costas e com os olhos vendados. Depois... alguns à frente, alguns atrás e o resto no meio...
-

No fim do jogo, como é costume, os meus netos assaltaram-me com novecentos e noventa e nove perguntas:
  • Marta (13 anos) - Vô, o Queiroz fez mesmo o que tu nos ensinaste?
  • Miguel (11 anos, irmão da Marta) - Claro que não, o avô disse que quem tinha que levar avó ao colo era ele próprio ...
  • Duarte (6 anos, o tal lourito) - Agora vamos jogar contra as oito avós?
  • Diogo (1o meses, o tal "ranhosito") - Tá, tá, tá, bummmm?
  • Eu - Tá! Tá bummmm, pois!

NOTA: Não esclareci o Duarte, será mais tranquilizador que ele fique a pensar que Portugal irá ter de enfrentar, na fase seguinte, oito... velhotas!

24 junho, 2010

Caminho entre duas culturas...

Nas suas conferências, C. P. Snow dava-me como exemplo de alguém que sempre soube situar-se entre as duas culturas. Eu? Eu agradeço-lhe uma das leituras mais importantes da minha juventude e fiz sempre tudo para que ele me recordasse em primeiro lugar... São dele as seguintes palavras: "Muitas vezes estive presente em reuniões de pessoas que, pelos padrões de cultura tradicional, são tidas por muito cultas, e que, com considerável satisfação, expressaram a sua incredulidade quanto à falta de instrução dos cientistas. Uma ou duas vezes fui provocado e perguntei quantas delas poderiam descrever a Segunda Lei da Termodinâmica. A resposta foi fria; também foi negativa. No entanto, eu perguntava algo que equivaleria em termos científicos a 'já leu uma obra de Shakespeare'?"

Tirei do bolso
um sorriso, que coloquei
por cima do meu pescoço.
Verifiquei na face
a presença de alguma lágrima
que me atraiçoasse.
Vesti-me de feliz emoção,
confirmei se tinha no lugar certo
a cabeça e o coração

Então, fiz-me à estrada
quase sempre vazia
tendo dum lado a ciência
do outro a poesia

E por ela caminho...
(Por vezes até encontro alguém)
-
-Dedicatória: Dedico esta página a todos os que encontrei pelo meu caminho, ao Serralheiro Saramago, ao António Gedeão e a outros que percorreram e percorram essa estrada ou que por ela andam...

23 junho, 2010

Regionalização, a evolução registada



Existem evoluções significativas entre os mapas. O primeiro da esquerda, editado por um (in)suportável blogue, tem data de Maio de 2007. Aí já se dizia algo como isto: " ... em vez de lutar contra as tendências tradicionais lusas da migração para as zonas litorais e para as cidades, desistiu de o fazer e cedeu de vez à inevitabilidade da desertificação do interior e da concentração populacional nas cidades, especialmente do litoral. A única excepção é a existência de um par de SCUT’s que se destinam a poder levar alguns protagonistas a um par de oásis situados no interior beirão (que se assinalam de forma pouco criativa no mapa original a distribuir pelas escolas), onde existem diversas hipóteses de negócio e que funcionam como zonas de refúgio para amigos, familiares, professores e amigos de alguém." O meu mapa, já mostra evoluções recentes: O Litoral Alentejano foi integrado no deserto o qual se fundiu (leu bem, escrevi fundiu) com a designada Zona Desactivada para dar lugar a uma Região a Alienar em conjunto. Na aquisição do todo oferecem-se boas praias, um CD com a canção "Porto Covo" e mais os referidos Oásis. Oferece-se ainda a garantia de quem comprar não vai ser importunado por malta do pé-descalço. O preço das portagens, nas tais SCUTS, serão forte garantia disso mesmo, como se prova pelo entendimento entre o Governo e o PSD....



NOTA FINAL: O novo mapa, contrariamente ao que aconteceu com o primeiro, não será distribuído nas escolas, pela simples razão de em 2013 estas já não existirem... 

22 junho, 2010

Vá para fora cá dentro, que ainda vai a tempo...

"Pelos caminhos de Portugal / Eu vi tantas coisas lindas vi o mundo sem igual", canta o cancioneiro popular, e assim faz Saramago, com a diferença essencial que a qualidade da sua escrita está bastantes furos acima. Uma viagem, se não pelo Portugal profundo, pelo menos por uma forma profunda de ver Portugal.» Pode ler-se isto no DN de 9 de Outubro de 1998, sobre o livro de José Saramago, cuja primeira edição é de 1981 (no decurso do governo de Pinto Balsemão).


A ORIGEM DE UM SLOGAN - É sabido que um numero significativo de mulheres facilmente se rendem à beleza da natureza a qual lhes provoca mornas contemplações e lhes desperta rimas de vento com lamento, rumor com amor e outras despidas de gente, pois só contam os passarinhos, os riachos e as suaves brisas agitando as copas das árvores.
A mulher de Cavaco Silva, que não é excepção, leu-lhe em voz alta algumas passagens daquele inesperado livro de Saramago, tais como: o passeio pela "grande e ardente terra de Alentejo"; "a noite em que o mundo começou"; o fascínio de "uma flor da rosa"e a passagem de lá, onde"é proibido destruir os ninhos"... Cavaco, aparentemente distraído a congeminar ideias-força para a sua campanha, exclama excitado: "Grande ideia, minha!" e de pronto explica como poderá agregar, em torno da sua candidatura, mais uns milhares de votos cavando eleitorado da esquerda. Diz-lhe a mulher, ligando-o à terra: "Olha lá, não estás a pensar referir este livro, pois não?". Ele responde, a medo "Por acaso estou!". "Não precisas, basta o slogan. Em período de crise ficarás bem visto sem ter de te meteres em pacificações que a direita não iria entender..." Sentencia ela, com o bom senso que ele sempre lhe reconheceu...

UM AVISO, OMISSO POR IGNORÂNCIA - Do diálogo do casal Silva, resultou um discurso conhecido mas sem aviso prévio. Com tal aviso Cavaco deveria ter dito "Vá para fora cá dentro, mas vá depressa". A tendência para a reduzida oferta interna e o facto de as rotas e os lugares de Saramago deixarem de existir a muito curto prazo, são uma realidade. Realidade desconhecida não só por eles, como também desconhecida (ou deliberadamente ignorada) por milhares de portugueses...

Claro que não me refiro ao fecho de unidades de saúde, ao encerramento de farmácias, à deslocalização de escolas ou à transferência de serviços públicos dos correios, para centros urbanos de maior dimensão. Claro que não estou a lembrar as consequências pela fusão de alguns municípios, hoje por razões de dimensão, amanhã por não terem população. Claro que não falo do facto de Portugal continuar a ser o litoral e o resto ser paisagem. Claro que não dou voz às visões catastrofistas do geógrafo Álvaro Domingues, quando diz que "O centralismo quase genético ganhou novo alento com a União Europeia e globalização"(...)"É uma combinação explosiva", diz ele "Pequena escala misturada com pouca diversidade funcional, se falhar um sector, pode ser o caos, em cidades como Bragança, Portalegre ou Beja." (...) "Estas capitais de distrito podem vir a desaparecer".

Claro que não falo de cada uma dessas coisas, mas da sua mistura ameaçadora e do facto do livro de Saramago já não reproduzir viagens possíveis de realizar com a esperança que ele punha nessas passagens. Portugal mudou...

Mudou, mas ainda não está maduro para a regionalização. À espera disso ficam o Governo e o PSD. Segundo o DN de hoje "Ainda não será nesta legislatura que a regionalização sai do fundo da gaveta. José Sócrates prometeu colocar o tema na agenda depois das presidenciais. Mas agora, com o País encalhado na crise, o Governo admite adiar esse projecto à espera de melhor oportunidade". A MELHOR OPORTUNIDADE SERÁ AQUELA ONDE SEJA POSSÍVEL OPTAR PELA SOLUÇÃO DO MAPA AO LADO (devidamente avinagrado).

21 junho, 2010

Coreanos não sabiam que marcamos golos com a nossa avó ao colo, com uma perna às costas, de olhos vendados ou até levando a bola na "marreca"...

Os sete a zero... e a elevada motivação dos meus netos!

A nossa selecção, tal como os meus netos, aplicaram-se com elevada atitude e motivação. Basta que o treinador encontre as palavras certas. Eu, Mouro, contei-lhes que com esforço e aplicação conseguem-se coisa imensas, enormes. Contei-lhes como se consegue que uma flor passe da quase-morte para "A Maior Flor do Mundo"...

No fim do jogo, como é costume, os meus netos assaltaram-me com mil perguntas, tentando confirmar o seu bom entendimento das tácticas empregues por Carlos Queiroz:

  • Marta (13 anos) - , será que o Queiroz também lhes falou da "minha flor"?
  • Miguel (11 anos, irmão da Marta) - Cala-te, não percebeste nada. Aquela bola era a do "meu escaravelho"...
  • Duarte (6 anos, o tal lourito) - Eu, que sou o "Coentrão", porque não marquei um golão?
  • Diogo (1o meses, o tal "ranhosito") - Tá, tá, tá, bummmm?
  • Eu - Tá! Tá mesmo munta bummmm!
NOTA1: Julgo que a história de Saramago poderá servir para motivar a nossa grande equipa. Pode fazer-nos renascer deste cinzentismo, goleando, não os adversários, mas a adversidade! Actos solidários, precisam-se!
NOTA2: "E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar" (Saramago, 2001).

20 junho, 2010

Vou guardar estas palavras (não me parecem ser de circunstância...)

Leia prefácio do livro "Terra" escrito por José Saramago

Ontem, não andei por aqui, nem por aí. Estive, em família, escondendo emoções. (Sim! As famílias também servem para isso...)
Soube coisas tristes a que todos, ao que parece, não deram grande importância. Falarei delas noutro dia...
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Hoje é o momento de recordar a chamada de Chico Buarque/Milton de Nascimento a José Saramago para escrever o prefácio do livro/CD, "Terra", publicado em 1999. Destaco o final desse texto e uma das canções do Chico:

"O Cristo do Corcovado desapareceu, levou-o Deus quando se retirou para a eternidade, porque não tinha servido de nada -lo ali. Agora, no lugar dele, fala-se em colocar quatro enormes painéis virados às quatro direcções do Brasil e do mundo, e todos, em grandes letras, dizendo o mesmo: UM DIREITO QUE RESPEITE, UMA JUSTIÇA QUE CUMPRA"

José Saramago, in Terra (Companhia das Letras, 1999).

19 junho, 2010

'Memorial do Convento' e 'Lusíadas' os menos preferidos. "A Maio Flor do Mundo" a mais amada...

Quando, na véspera da sua morte, José Saramago leu (papel) e releu (on line) o DN, que terá pensado?
-
“O Memorial do Convento, de José Saramago, e Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, são as duas obras que os alunos de Português do 12.º ano menos apreciam. Dado que, para a vice-presidente da Associação de Professores de Português (APP), deve obrigar os professores a encontrar formas atractivas de captar a atenção dos alunos”.
É este o texto, que
pode ler aqui, editado pelo DN online e também em formato papel, do dia 16, véspera da morte de José Saramago. Os textos são iguais, as fotos não. Enquanto no formato papel apareciam, lado a lado, os livros tão pouco apreciados. No formato digital, aparece a foto acima sem qualquer referência visual à obra de José Saramago. Mera distracção? Apagão do suporte magnético? Extravio da “pen”? Tenho pena, mas não consigo responder…

Conta-se hoje, depois daquele pequeno incidente (de que apenas eu terei dado conta), que José Saramago terá tido uma morte serena, muito a fazer sentir que partia tranquilo, com aquela tranquilidade de quem sente que fez todos os dias aquilo que é exigível que um Homem faça todos os dias, e… deixe obra. Contudo, essa tranquilidade na partida tem duas leituras:
Saramago resolve “partir” ao saber desta pequena distracção do DN, entendendo-a como sinal de que está sujeito ao lento e persistente apagamento da sua obra e pensamento. Neste caso, terá resolvido morrer, acreditando que o seu desaparecimento é o seu último acto contra quem sempre o quis silenciar, distorcer a mensagem, vilipendiar a obra e denegrir o homem. Outra leitura, vai em caminho oposto. Saramago morre tranquilo porque sabe que deixa um suporte de força enorme (a sua Pilar), uma estrutura (
a Fundação José Saramago) e uma imensa corrente de solidariedade. Saramago parte seguro que não mais será esquecido.


As crianças tem a vida mais facilitada que os adolescentes que são confrontados com a leitura obrigatória do "Memorial do Convento" (não seria mais pedagógico, que a escola começasse por leituras mais acessíveis como por exemplo "Levantados do Chão" e, assim, despertar o interesse pela sua leitura?). De facto é ver a pequenada mobilizar-se para trabalhos vários, cheios de criatividade e amor...

Pode aperceber-se do que está acontecendo, com os "ateliers a Maior Flor do Mundo", obra da Fundação que assegurará que pelo menos as crianças não o esquecerão. E os velhos como eu, também não!

18 junho, 2010

Saramago, uma lágrima e uma flor

O Mundo chora
Chora este Mundo
Chora o meu Mundo
Está mais indefeso,
agora...

Lágrima de sangue
escorre pelo Mundo,
pelo rosto
de todo o desgosto

Lágrima de sangue
A mesma que foi vertida
Pela minha Thémis
___________
Chora o Mundo?
Talvez, mas eu não
Ele deu-me esta flor
Que tenho sempre à mão

17 junho, 2010

A globalização vai acabar e as pastilhas elásticas também


AS NOSSAS PREOCUPAÇÕES ESTÃO NAS DESIGUALDADES E NA GLOBALIZAÇÃO
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Uma amiga (amizade virtual, mas ainda assim, amiga sincera) postou ontem um excelente texto a que deu o titulo "O fatalismo de um mundo desigual”. Não resisti e, um tanto fora do meu estilo, avinagrei-o com o seguinte comentário:
“A sua reflexão encaixa nas preocupações de muitos e nomeadamente na minha. Ao dizer "A Humanidade, hoje, luta contra si própria e não o entender é reduzir as possibilidades que as democracias e os Direitos Humanos conquistaram desde meados do tão recente século passado e agravar o risco e a taxa real de sobrevivência da espécie....". Sem visões catastrofistas partilho inteiramente esta afirmação. Ao longo da minha existência (nasci 1 mês antes do armistício) pude observar, e de alguma forma beneficiar, conquistas espantosas em todos os ramos do conhecimento e em pouco mais de meio século. O progresso científico e tecnológico poderia ter dado à Humanidade outras condições e o acesso a uma existência mais feliz. Mas não. O progresso moral não acompanhou aqueles avanços e, cada vez mais, aquele acesso é apenas possível a uma reduzida população de "eleitos". As elites apagam-se bajulando o poder. O poder reforça-se utilizando as apagadas elites. Por cima, o poder económico gere o sistema e manipula os políticos e os governos. A imprensa está com os poderosos, em todos os níveis da sua complexa hierarquia de valores…Será que isto pode deixar de ser assim? Acho que sim, até pelo que disse a Ana Brito (outra comentadora do post) "O curso das "civilizações" não é linear, nem sequer garantido, porque anexo ao progresso é sempre possível o regresso". Tal regresso pode estar ligado ao fim de um recurso que tem estado na base do paradigma actual: o petróleo. Infelizmente está mais aí do que está na capacidade de quem tem consciência de que isto, se não é exactamente assim, a muito se lhe aproxima…Há outras saídas?
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UM SISTEMA BASEADO NO BAIXO CUSTO DO PETRÓLEO TERÁ CONTINUIDADE?
Enquanto escrevia e comentário que acima transcrevi, tinha a memória de um post aqui colocado, em 28 de Maio, dizia eu aqui a propósito do desastre na Plataforma petrolífera da BP:

"Está por avaliar tudo. E tudo poderá ser o quê? A BP voltará a ser a mesma? As seguradoras vão assobiar para o lado? Quanto custará passar a explorar dentro de parâmetros aceitáveis de risco? Sejam quais forem as consequências em termos financeiros, estamos em presença de um risco elevado de aumento do preço do barril. Avizinha-se a prática de preços na ordem dos que chegaram a ser praticados no ano de 2008.(...) O mundo, não será mais o mesmo..."
Hoje, respondendo a uma daquelas minhas questões, a imprensa dá conta de que a BP não será a mesma. Os investidores consideram que há uma probabilidade de 35% de a BP falir em cinco anos devido aos custos astronómicos da limpeza da maré negra e das multas.
Poderá o Mundo sobreviver à falência da BP? Lá poder, pode. Mas não será a mesma coisa...
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O FIM DA GLOBALIZAÇÃO, SEGUNDO JEFF RUBIN
"Não digo que estejamos a ficar sem petróleo, mas antes que estamos a ficar sem petróleo que podemos pagar para queimar. (…) É mais uma questão económica. (…) Não vamos colapsar, mas encontrar uma nova forma de organizar a nossa economia. Para sermos sustentáveis num mundo de petróleo a três dígitos temos de voltar ao passado, a um modelo local e regional de economia em que as trocas com o outro lado do mundo apenas acontecem porque o petróleo é barato. A distância custa muito dinheiro e comer mangas e papaias todo o ano vai obrigatoriamente deixar de acontecer”.
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NOTA FINAL, DEVIDAMENTE AVINAGRADA
As preocupações não acabam, apenas irão mudar. Bem podem mascar nervosamente essa pastilha elástica que meteram na boca. Não será a última. Mas um dia destes deixarão de existir a valores acessíveis, dada a raridade da sua matéria-prima para o seu fabrico, o petróleo. E outra coisa, lembram-se da nuvenzita a impedir o tráfego aéreo? Pois, foi um bom ensaio, não foi?

16 junho, 2010

Biblioburro, a solução

Visito frequentemente um site de professores, o "Vox Nostra". Concentrados na sua Missão, raramente me retribuem a visita. Não, não é um lamento. Até acho que, fazendo bem aquilo a que se propõem, me compensam da sua ausência. Por exemplo, agradeço-lhes o terem-me apontado o caminho que minimizará os efeitos do planeado encerramento de escolas e, eventualmente, de alguns pequenos municípios.

Para já tenho os livros. Faltam-me os burros(*)e, talvez, a energia necessária.


(*) Refiro-me a burritos, simpáticos e prestáveis. Não me refiro aos que, por burrice, promovem a desertificação de lugares carecidos de mais vida...

15 junho, 2010

Portugal 0 - Costa do Marfim 0

À semelhança da nossa selecção,
também os meus netos seguem as minhas tácticas com muita atenção ...

No fim do jogo, os meus netos assaltaram-me com mil perguntas, tentando confirmar o seu bom entendimento das tácticas empregues por Carlos Queiroz:

  • Marta (13 anos) - Vô, aquilo era tudo à defesa e o resto ao ataque, não era?
  • Miguel (11 anos, irmão da Marta) - Cala-te, não percebeste nada. Aquilo era tudo cá atrás e o resto lá na frente...
  • Duarte (6 anos, o tal lourito) - Contra aqueles matulões, só com um pontapé nos.... nos.... nos.... nas........nas canelas!
  • Diogo (1o meses, o tal "ranhosito") - Tá, tá, tá, bummmm?
  • Eu - Não! Não tá mesmo nada bummmm!

14 junho, 2010

As vuvuzelas, Cavaco Silva e os meus equívocos

O GNR saiu da guarita (à direita) e veio ter comigo. Foi ele que me desfez o primeiro equivoco...
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As vuvuzelas - Olho e oiço aqueles instrumentos como uma dádiva de Deus. No que se refere à importação dessa boa prática para os estádios portugueses, é genial a ideia. Repare-se que se deixam de ouvir as claques, seus apupos e cânticos, do estilo "e quem não salta, e quem não salta é lampião", ou então "SLB, SLB, SLB, filhos da p..., S L B" ou ainda "Ó sôr árbitro, vá pró C... ". Isto, como qualquer coisa na vida, tem um contra: reduz-nos a capacidade auditiva o que, de todo em todo, não é um inconveniente. Mas será melhor a surdez total...
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Cavaco Silva - Pois é, antes a surdez total. Até para evitar ouvir os discursos deste candidato ao segundo mandato. Porque, se apenas se reduz a audição, corremos o risco de o ouvir dizer "Vá para fora, cá dentro", julgando, como eu julguei, que ele punha os jardins do Palácio de Belém à disposição da minha numerosa e simpática família. Comprei uma grande tenda, até na convicção de que ele poderia aceitar passar lá a fazer as suas conferência de imprensa, comunicados e discursos, com transparência superior ao acrílico da minha boa aquisição de campista... Chegava-mos nós às portas de Belém, com estes aprestos, logo fui desenganado pela guarda "O Senhor Presidente, não consente!". E esclareceu : "O que ele quis dizer é que gaste as suas economias dentro do País! Olhe, vá pró Algarve". Sem o ruído das vuvuzelas ouvi perfeitamente a versão da GNR (aliás, aparentemente mais clara do que a do Cavaco).

Outro equivoco - Segui as orientações do simpático guarda do palácio. Procurei, encontrei e reservei um T3 perto de Tavira. A confirmação da reserva... Bom para confirmar a reserva tive de pagar 30% ... por transferência bancária... para uma conta ... na Suíça!!! “Chiça penico”!, é demais! Eu que queria injectar dinheiro na nossa economia! O GNR bem podia ter avisado de que eu teria é de fazer férias semi-dentro (ou será semi-fora?)
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PS - Juro que tudo isto aconteceu, excepto a parte relativa àquilo que ainda está por acontecer

13 junho, 2010

Álvaro Cunhal e Eugénio de Andrade - Personalidades da Cultura Portuguesa

Porque complementa o que escrevi nos meus posts anteriores, resolvi integrar neste meu espaço, o testemunho da "Nossa Candeia".
A sua suave mas clara luz, ilumina aspectos que, deliberadamente, omiti sobre Álvaro Cunhal e Eugénio de Andrade - Personalidades da Cultura Portuguesa.

Eugénio de Andrade: três pensamentos, para fazer passar e um poema para pensar...

5 anos após a sua partida, deixa-me muito para passar, outro tanto para pensar ... também a ele devo esta minha estranha mania de escrever e nessa escrita ver, ainda que pálida e cinzenta, alguma poesia

Uma pequena, muito pequena, amostra dos recados que me deixa:


"A juventude não precisa de piedade, mas de verdade. Há muito jovem que me pede ajuda onde não há ajuda possível, pois ninguém pode viver por eles a sua própria vida, remontar às fontes do ser. Porque a poesia é a perpétua procura dessas águas"

"Ser jovem não é fácil. Alguns procuram-me para que lhes dê certezas, e eu não tenho nenhumas, nem sequer para uso pessoal. Por isso não deixo de lhes dizer que a única coisa em que estou interessado é em perturbá-los. A poesia é subversão, e esta passa pelo corpo, naturalmente"

"Caridade é uma palavra de flancos frios e águas estanques. Conduz sem grandes desvios ao mundo pantanoso e pervertido da repressão, onde a consciência que se diz virtuosa mais não faz que servi-lo, desinteressada como está em que a potencialidade humana se afirme em todo o seu esplendor"

Eugénio de Andrade, em "Rosto precário"

adeus, Eugénio de Andrade

12 junho, 2010

Faz 5 anos, faleceu Alvaro Cunhal

As várias obras de ficção e de estudo dos problemas nacionais (com destaque para "A questão agrária em Portugal"), os trabalhos de tradução (O Rei Lear, de William Shakespeare) e de ilustração ("Esteiros" de Soeiro Pereira Gomes) e os desenhos e pinturas de Álvaro Cunhal, são alguns exemplos que projectam dele uma dimensão humana, que tende a apagar-se, na espuma dos dias, na luta política, na intolerância e no branqueamento do passado.






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Contudo, muitos não o esquecerão. Esses o farão perdurar na memória do tempo procurando, nessa dimensão humana, um caminho...



Ficam, do seu funeral, os testemunhos insuspeitos de seguidores e adversários políticos

Quando o puto estava a entrar nos eixos, veio o Cavaco e estragou tudo!

Numa das suas excelentes crónicas (coisa rara) o meu amigo Carlos Barbosa de Oliveira publicou no seu blogue algo que me fez saltar a tampa, dizia ele: "Nem todo o fanático é gregário. Há também o fanático solitário, que prefere ver o jogo em casa, na companhia do filho mais novo...", cuja imagem mostrava.
Como sabem, sou impulsivo. Como ficar indiferente perante gesto tão obsceno? Reagi, raptei o lourito! Recebi por isso injúrias tremendas, eu que apenas queria recuperar a criança para gestos mais nobres. Animado dos meus mais esperançosos resultados, juntei-o aos meus netos que, como já sabem, são educados e possuem saberes que os habilitam à complicada tarefa de ensinar coisas. Incumbi o "meu" Duarte, que também é lourito, da missão de reabilitar o debochado miúdo.
O resultado foi espantoso: de um dia para o outro, parecia outro. Esperto e observador, aprendeu rápido. Ficou menos irascível e mais meigo. Não ligou nenhuma aos dois jogos do Mundial (ainda se preparou para insultar a França, mas o "meu" Duarte teve intervenção oportuna que o retraiu).
Feliz pelo sucesso, preparava-me para dar o seu a seu dono, devolvendo-o ao pai. Estava eu a ensaiar o meu discurso moralizante ao pai desnaturado... Estava o Cavaco Silva a fazer um discurso ao País. Dei um pouco de atenção, nesta parte: " sem a adesão à CEE há 25 anos, os tempos actuais seriam de dificuldades bem maiores para o país, e sem tanta capacidade para lhes responder."
Quando ia a trocar olhares com com o meu raptado, quase certo de que seria de ironia... Deus meu! Não é que a criança levanta aquele dedito, estendo-o á televisão onde impávido e sereno, Cavaco ia dizendo, com uma frequência que fazia lembrar alguém: "Yes, we kan!" bla,bla,bla, "Yes, we kan!"....
Fiquei com duas tremendas interrogações. primeira: que faço agora ao miúdo, o Cavaco estilhaçou a educação. Segunda: a versão do outro, acho eu, era um vigoroso "Yes, we Can!", mas Cavaco trocou por "Kan" e repetiu, vezes sem conta "Kan, Kan", alterando a progressivamente a pronuncia... Que raio quereria ele dizer?

Matutei, matutei, mas fiquei sem perceber. Foi então que dei por mim de dedo esticadíssimo, direitinho a Cavaco, imitando o meu raptado! Moral desta treta: "As crianças tem uma razão, que a própria razão desconhece"

11 junho, 2010

Conversa de chacha?

Segundo alguma imprensa, um discurso credível

Todos sabiam (e Cavaco também) que Carvalho da Silva iria reunir-se 2.ª-feira com os responsáveis da CIP e, em data a agendar, com os da CCP. No seu discurso de ontem insinua que, se de esses encontros saírem compromissos de todas as partes, tal se deverá a ele, candidato Cavaco Silva. Se as coisas correrem mal, ele fez o que lhe era possível. Lamentável o titulo do DN de hoje, que vai no sentido pretendido por Cavaco: “Parceiros sociais unidos após apelo de Cavaco”.
Não é assim, nada disso. O facto é que tem havido pressões de muitos lados, desde o Mourinho até ao Lula da Silva. Mas fui eu, a partir do meu diagnóstico sobre o estado da nação, que mais influenciei os parceiros sociais não só porque denunciei as tangas da Helena André como por ter evidenciado quais os compromissos necessários
Voltando ao discurso de ontem: Não terá sido um grande discurso, mas foi uma excelente abertura da campanha eleitoral de Cavaco Silva.
Digam lá: Foi ou não?

Porque é que eu o recordo, 5 anos após a sua morte?

Um perigoso gonçalvista, chamado Vasco Gonçalves, promulgou a lei que favorece os baldas e preguiçosos. São cerca de 700 000, esses que ainda beneficiam de subsidio de desemprego (não sei se por muito tempo). Também lhe é devido a instituição do salário mínimo nacional. Uns estarão a favor, outros contra e outros nem sequer o saberão. Por isso eu o recordo, 5 anos após a sua morte.

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10 junho, 2010

4 dias num só (o dia para esquecer e os outros...)

Não não ligo a quem discursa, com palavras ambíguas, depois de um desfile militar. Hoje dou a palavra aos poetas

Dia de Camões

"Esta é a ditosa pátria minha amada,
à qual se o Céu me dá que eu sem perigo
torne, com esta empresa já acabada,

Camões – Estrato de Os Lusíadas (canto III)

Dia de Portugal

Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.
Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
A pouca sorte de nascido nela.

Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta
quanto esse arroto de passadas glórias.
Amigos meus mais caros tenho nela,
saudosamente nela, mas amigos são
por serem meus amigos, e mais nada.

Torpe dejecto de romano império;
babugem de invasões; salsugem porca
de esgoto atlântico; irrisória face
de lama, de cobiça, e de vileza,
de mesquinhez, de fatua ignorância;
(…)
ó terra de ninguém, ninguém, ninguém:
eu te pertenço.
És cabra, és badalhoca,
és mais que cachorra pelo cio,
és peste e fome e guerra e dor de coração.
Eu te pertenço mas seres minha, não

Estrato do poema “Portugal” de Jorge de Sena

Dia das Comunidades Lusófonas

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

Estrato do Poema “O Tejo é mais Belo” de Alberto Caeiro (het. de Fernando Pessoa)

09 junho, 2010

Definiu-se. Definiram-me. Ela sorriu e ofereceu-me uma foto

Trocamos letras. Ela, sobre a forma de poema. Eu, com essa pretensão. Apropriei-me da sua rua, tornei-a minha, mandei-a ladrilhar, com pedrinhas de rubi, para o seu amor passar e, assim, dei-lhe "oquestrada". Apresentou-se dizendo quem era:

— Sou Portugal
— Sou borboleta
— Sou Maio
— Sou chuva de Maio
— Sou flor de Maio
— Sou primavera
— Sou azul
— Sou o azul dos olhos da minha mãe
— Sou a flor azul de Novalis
— Sou espírito de contradição
— Sou mulher do meu tempo
— Sou bola de fogo
— Sou viajante errante
— Sou liberdade
— Sou a Alemanha
— Sou Fausto
— Sou Mefisto
Lançou-me o desafio: Agora é a tua vez! Desafios, resolvo-os sempre. Não querendo expor a minha desastrada arte, lembrei-do que Zeca Afonso me definiu uma vez. Foi assim, cantando por conta sua:

Já fui mar já fui navio

Já fui chalupa escaler

Já fui moço, já sou homem

Só me falta ser mulher.

Não lhe disse, mas se vier a ser mulher, gostaria de ser azul como ela...
E depois? Depois ofereceu-me esta

08 junho, 2010

O dinheiro voa, voa, voa! Por vezes salta, salta, salta. Anda...

Este post tem várias partes, se não tiver tempo, leia a parte que lhe é dedicada. Contudo há dois conceitos que são comuns a todas elas. São de consulta obrigatória, eles são "Circulo Virtuoso da Economia" e "Circulo Vicioso da mesma, dita Economia".

!ª Parte, dedicada à minha mulher, desesperada por ainda não termos planeadas as férias
Cavaco Silva lançou o repto. Não, não foi só um. Foram dois, sendo um deles mais ou menos encapotado. Ao primeiro, “Vá para fora cá dentro”, respondi de imediato, embora não tenha a certeza de ter interpretado bem. Estou candidato a acampar nos jardins do Palácio de Belém, pois entendo que por “cá dentro” Cavaco se estaria a referir à sua acolhedora residência presidencial… Como entender de outra maneira? Com “as medidas do costume” onde estará o poder de aquisição para aceder a um T2 no mercado paralelo, dois quartos num hotel de 3 ou 4 estrelas…O segundo repto, mais ambíguo, resulta do facto de ele parecer estar a passar recados ao Governo e, assim, estar alinhado com o meu "Circulo Virtuoso da Economia". Escrevo isto ao entender que Cavaco, ao defender que o consumo interno junto dos operadores nacionais de turismo e restauração, iria estimular a economia e, também, evitar a saída daquele dinheiro que deveria ser canalizado para as PME. A ambiguidade resulta do facto de, no seu longo curriculum político, Cavaco Silva ter estado sempre, sempre ao lado do povo… endinheirado. O mesmo é dizer, que sempre se manifestou pelo "circulo Vicioso da dita Economia". De forma sustentada por todos os ex-ministros da economia…

2º Parte, dedicada ao meu amigo “Folha Seca, desesperado por ver o dinheiro voar para o PSI20
As PMEs poderiam ser o motor da economia. Poderiam ser a solução para o desemprego. Poder podiam, mas não são. Por várias razões e já vimos que, contradição das contradições, Cavaco Silva “gostaria” que fossem. No “Circulo Virtuoso”, não se atingiria o poder aquisitivo de milhões de portugueses que assim, poderiam manter a sua dieta intocável, comprar umas roupitas no pequeno retalho, andarem calçados como as pessoas,, comprar leite e pão com o IVA na conta certa e aceder a serviços públicos (agora em risco). Quem pagava o equilíbrio das contas? Outros que não os mesmos. Houve propostas para isso… O crédito privilegiaria as Micro e Pequenas
Empresas com menos de 10 trabalhadores (que segundo a Prodata, são cerca de 94% do total das empresas, incluindo as do PSI 20!). As Médias empresas, também em risco são cerca de 19 mil (segundo a Prodata, o que corresponde a cerca de 8,5% do total de empresas…) . Estão em risco porque estão descapitalizadas e mesmo as de exportação estão vendo as suas encomendas em risco, agora aumentado pelas medidas da Sr.ª Merkel com medidas semelhantes que levam os milhões de alemães a reduzir o consumo. Salvem-nas Lula da Silva, Hugo Chaves e o Rei de Marrocos, entre outros…

Sem consumo e sem crédito, ou com ele muito mais caro, as PME levarão um rombo do caraças. E como empregam 2/3 da população activa. Adeus ò vindima… Queriam “clusters” sectoriais? Bancos de Terras? Energia mais em conta? Combustíveis a preços acessíveis? Boa execução do QREN? Mas não vão ter. Não vão ter, nem os patrões falidos terão onde se agarrar, em situação de patrão desempregado

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3ª Parte, dedicada a apoiantes de Manuel Alegre, desesperados pelas divisões da esquerda

Apoiem o gajo, mas apertem com ele! Isto de vir dizer, como ele disse ao 18º minuto da sua entrevista, que a política económica de Lula da Silva é que é bom (lembro que Lula é o pai do “Circulo Virtuoso da Economia brasileira), tem que ser apoiado. A imprensa de referência omitiu qualquer comentário a essas afirmações. Se as mantiver, fará o pleno da esquerda e terá com ele, cerca de 200 mil pequenos e médios empresários e muitos muitos dos seus trabalhadores… Se ele recuar, nada de Fernando Nobre. Podem, em alternativa, apoiar o próprio Lula (se é verdade que Pepe, Deco e o Levezinho é que vão safar a selecção de todos nós, porque não há-de Lula salvar o Portugal desses mesmos?).

4ª parte, dedicada aos “Gato Fedorento, desesperados por terem deixado de ouvir falar em “Nano, Mini, Micro, Pequenas e Médias Empresas”

Desde as últimas eleições, que a imprensa deixou de falar disto:


07 junho, 2010

Educação gastronómica: "Nada de papinhas! Ao Papa, comam-lhe o carro..."

Ao ler o DN de hoje, fiquei cilindrado com a pedagogia. Dizem assim: "Neste dia, em Évora, o líder era o chefe António Nobre, que concorda que a presença de crianças na cozinha é "uma forma de as incentivar" a seguir uma alimentação saudável. "Não quer dizer que não comam hambúrgueres ou esparguetes à bolonhesa que há por aí com muita fartura. Mas devem descobrir os outros sabores e, para isso, o papel dos pais é fundamental", diz. Um dos truques, desvenda, consiste em adaptar as receitas a cada faixa etária. Por isso, Nobre colocou os mais novos a construir um "Carro do papá" (receita de Henrique Mouro com ananás, kiwi, iogurte e cereais)."
Na foto do DN, os putos mostram o carro feito. Será que se estão a criar obesos mentais?

Verdadeiramente preocupado, não sei se o que fica na cabeça dos miúdos, se a memória da ementa com ananás, kiwi, iogurte e cereais se a visita do Papa... Acho que qualquer dos meus netos daria melhor a lição. Vejam só:

Marta e Miguel, filhotes da minha-filha-mais-velha, tem elevadas aptidões para ir a Évora dar uma aula a valer sobre as artes de bem confeccionar comida saudável. A foto documenta a Marta a avinagrar o DN, questionando o irmão seu conselheiro. A resposta que o Miguel deu é impublicável num blogue só para adultos...

O Duarte, que não é meu neto (mas eu sou avô dele, graças à minha-filha-do-meio), não reconhece na sua papa o carro produzido em Évora. Mas garanto que daria uma aula magistral sobre gastronomia, plena de criatividade e sentido religioso. Explicaria que aquilo não é um bolo, mas sim a montanha onde o profeta Maomé se deslocou (também poderia dar umas aulas nas áreas de EVT, já que conhece bem o uso adequado de todo o tipo de ferramentas...)


Este (querido) ranhoso é o Diogo, filho da minha-filha-mais-nova... Poderia ir a Évora explicar como se comem comandos da Zon. Seria uma aula de gastronomia e de prevenção da harmonia doméstica. Respondeu-me assim à pergunta que lhe fiz: "Avô, sem Zon, a mãe fala mais com o pai e o pai fala mais com ela, não há televisão para ninguèm..."

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--NOTA: sei que não se devem editar fotos de família e crianças, mas os putos de Évora, seus professores e os cozinheiros, devem ficar a saber que não se deve recorrer a qualquer estratagema para evitar a obesidade...

06 junho, 2010

"Dramatizadores" e "desdramatizadores", classificação de um certo tipo de imprensa, segundo Mário de Carvalho

Pássaro
Lurdes Pássaro
A ministra Lurdes Pássaro
Ela mesma. A própria. Pode ficar no estado desse pássaro?

Segundo informações, de alguém que conhece correntes e marés, a mancha de crude ameaça chegar à Europa. Foi dito por um "Homem ao Mar"!
Em mensagem "desdramatizadora", a ministra do Ambiente, citando as politicas da água e das energias renováveis, afirma no Expresso que "Portugal está no bom caminho". Portugal estará (eu até concordo), a mancha de crude é que não...
Só que a ministra, ao que parece, apenas lê semanários. Por isso não sabe o risco que corre se forem confirmadas as piores previsões.
Claro que Lurdes Pássaro não deu a maior importância ao artigo de um "dramatizador", publicado na pagina 40 e que tem por título: "Derrame pode agravar furacões". O expresso "esqueceu-se" mais uma vez de tratar do essencial, entrou numa de "aquecimento local" e seus efeitos sobre o clima, como resultado da incúria da BP (pena esta pérola da nossa "informação" não estar disponível online, veríamos como uma ameaça improvável, esconde uma outra bem possível...)

Voltando ao citado post do meu amigo MFerrer (link acima), repito a sua pergunta: "Quem vai pagar os estragos incalculáveis em todo o Atlântico Norte?". E coloco uma minha, que dirijo à ministra: "Quem vai pagar os estragos incalculáveis, se o crude chegar daqui a uns meses a águas nacionais?"

Nota: O título deste post não tem muito a ver com o texto. Tem mais a ver com o conteúdo dos artigos e de quem os produz segundo classificações que podem ser esclarecidas num meu outro post (que pode relembrar aqui).

05 junho, 2010

Dia Mundial do Ambiente? O Greenpeace é credível?


Hoje, Dia Mundial do Ambiente, era de esperar que o Expresso me pudesse dar elementos concretos para poder ajudar no compromisso que assumi perante uma bloguista minha amiga lá no seu " te peço 5 minutos", há poucos dias atrás.
Um post seu gerou diálogo interessante tendo, a páginas tantas, um dos seus comentadores questionando o que poderia ser uma prática tendenciosa do movimento Greenpeace. Esse comentador, identificado por FMF , dizia então: "Polémicas à parte, mete-me confusão que a Greenpeace escolha sempre o Pingo Doce como alvo destas acções...As outras grandes superfícies pertencem todas à congregação das Imaculadas?".
A partir deste comentário, vários outros apareceram na mesma onda de suspeição. Foi aí que eu entrei com promessas do tipo "Só me arranja trabalhos. Pronto, tenho que investigar se o Greepeace é um movimento são e credível" .
Calão como sou, não fiz nada. Esperei por este dia com a quase certeza de que o maior semanário português, o tal que desenvolve o verdadeiro jornalismo de investigação, pusesse tudo a claro...
Ledo engano. Não fosse o artigo de opinião da ministra Lurdes Pássaro, nem se saberia por aquele conceituado jornal, estar-se no Dia Mundial do Ambiente. Como o prometido é devido, tive que fazer, em louca correria, o que poderia ter feito calmamente com uma mera transcrição de textos. Mas não fico arrependido pelo esforço. Posso apresentar testemunhas e factos de que:

O Greenpeace não tem credibilidade e o Expresso, que anda distraído com outras guerras, está-se borrifando para estas coisas do ambiente....

Transcrevo, daqueles testemunhos, a seguinte passagem: "A notícia é a sentença definitiva de morte do Greenpeace, cujo líder, Gerd Leipold, que, em Agosto de 2009, admitiu em entrevista durante o programa “Hardtalk” – também na BBC – manipular e divulgar dados falsos sobre o aquecimento global, sob a desculpa de, sendo o Greenpeace uma instituição que faz pressão, “tem de colocar emoção” nas informações que divulgam…
Vale lembrar que desde 2006 o Greenpeace já havia sido desmascarado – pelos próprios voluntários - sobre sua “campanha de defesa das baleias”, que além efectivamente não salvar tais baleias, já arrecado mais de cem milhões de dólares.
Já não era sem tempo de mais uma farsa cair por terra. E várias outras ainda cairão
."

Será que a campanha "Pingo Doce Esgota Oceanos (de Janeiro a Janeiro)" é uma outra farsa? Se é, então terá de cair...

Confirma-se! À "Grande Entrevista" de Manuel Alegre, o Expresso disse nada. A "estrela" é o Mário a rasgar-lhe o cartaz...(ver cartoon)

Advogados reagem ao meu selo, usando o Expresso

É assim a primeira página do suplemento de economia do Expresso.
A legenda diz: "ROCKSOLIDÁRIO Dez sociedades de advogados vão dar um concerto de rock
para apoiar um projecto de solidariedade social"...
Rapidamente alguém me passou o alinhamento musical do espectáculo. Percebe-se que as intenções dos jovens advogados são outras. O projecto que apoiam é o da manutenção do estado da nossa justiça, de solidariedade para com o Governo e Assembleia que lhes garante Cada um deles tem poucos processos. Mas, a continuar assim, asseguram o seu emprego, principescamente remunerado por 10 anos que é a duração média entre a sua contratação e o despacho final dos juízes de primeira instancia (depois ainda tem as alcavalas dos recursos...). Assim não só garantem um emprego chorudo como se divertem, à grande!
Porque é que o Expresso coloca isto numa primeira página de economia? Falta de temas? Fuga a explicitações do que é lá isso de "Círculos Virtuosos de Desenvolvimento Económico? Vingança por ter editado um selo e, assim, correr-se o risco de acabar a mama dos rapazes?
Não sei, perguntem ao Daniel Bessa. Ele está ali mesmo ao lado deles e é o economista de serviço.