31 outubro, 2010

Homilias dominicais (citando Saramago) - 13



Ambas as imagens representam a "passarola voadora".
A primeira, aquela que passei a usar, a outra, a verdadeira que Saramago conta à sua maneira...

No passado domingo, a citação de Saramago referida ao seu livro "A Jangada de Pedra" reportava-se a uma entrevista da qual transcrevo uma das partes, onde ele dizia: "Neste livro tentei demonstrar duas coisas; primeiro: a Península Ibérica tem pouco a ver com a Europa no plano cultural(...)Segundo: há na América um número muito grande de povos cujas línguas são a espanhola e a portuguesa.(...) Trata-se apenas de sonhar – acho que esta palavra serve muito bem – com uma aproximação entre estes dois blocos, e com o modo de o demonstrar. Ponho a Península Ibérica a vogar para o seu lugar próprio, que seria no Atlântico, entre a América do Sul e a África Central. Imagine, portanto que eu sonharia com uma bacia cultural atlântica."
Entre os comentadores apareceu quem me comentou assim: "Bonito o sonho dele.(...) Ou antes devemos nós da América do Sul formarmos uma ponte real entre nós mesmos ou que venham as caravelas a fazer-nos compreender isto. Nunca foi tão urgente - para todos." Achei que tinha que conhecer melhor quem assim me comentava e fui conhecer a Barbara. Dei com esta profunda reflexão sobre a sua Ancestralidade. Percebi a ligação entre esse texto, as palavras de Saramago e a urgência de encetar-mos novos caminhos. Sonho que radica numa consciência muito aprendida. Foi isso que fui lá dizer-lhe. É esse o tema da minha

HOMILIA DE HOJE

Barbara,
Não vim de caravela, nau ou barcarola mas nessa estranha passarola que Saramago de pronto me emprestou, com todas as garantias de aqui poder chegar.
Aqui estou. Trago a emoção de um reencontro com quem reencontrou suas raízes e delas fala. Quando decidi vir pensei em coisas simples de dizer. Não mudei de ideia durante a viagem. Venho lhe dizer que, quando li seu post, a emoção se repetiu pela enésima vez desde a primeira. A primeira, essa foi há cerca de 40 anos em Angola na cidade de Nova Lisboa (agora Huambo), que lhe vou contar:
Era já noite e ninguém nas ruas. Caminhava batendo os passos para sentir-me em companhia de mim próprio. Ia de não sei onde para lado nenhum, fardado com a farda do exército português, com a boina de cavalaria a ocupar-me as mãos. Passeava apenas, adiando o sono. Atravessei um denso jardim e, ao longe, oiço o dedilhar de uma guitarra em acordes indecisos. Fui andando nesse sentido à medida que a melodia se ia construindo e o som ganhava nitidez. Mesmo antes de a voz aparecer, reconheci a de Chico Buarque. Depois a voz deu-me a canção que quase sempre trazia no coração. Aproximei-me sem qualquer cuidado em reservar sinais da minha presença e fiquei surpreso à paragem brusca do cantar. Reagi retomando o verso “caiu na contra mão atrapalhando o tráfego” e sorri para o grupo. O que cantava, mulato claro estendeu-me a mão sorridente e julgo que aliviado. Os outros dois, um negro outro branco, acolheram-me assim também dessa maneira. Desafiei-os com a Elis e Jair Rodrigues: “O morro não tem vez e o que ele fez já foi de mais…” . O resto foram mais canções e prolongada cavaqueira sobre a cultura brasileira, a negritude, a miscigenação, a guerra colonial, a alma deles e a minha alma lusa de coração celta e sangue mouro. Foi essa noite que hoje lembro e que tem como pretexto a força das nossas raízes a relançarem o sonho de que uma “jangada de pedra” nos junte, numa "bacia cultural atlântica".
Peço desculpa por minha passarola lhe ter invadido, assim, o seu espaço… "

29 outubro, 2010

Como partir um labirinto?

Em finais de Julho escrevia eu (aqui): "Quando se define, como Pedro Passos Coelho fez, uma estratégia labirintica muitos se apressam a dizer que ela não leva a lado nenhum. Cuidado, PPC tem todo o percurso na mão, conhece os atalhos sem saída e, como foi ele que a desenhou, sabe que a única saída é a que conduz a uma consolidação dos interesses da classe que defende, dos ricos e dos poderosos (...) Não precisa ter um discurso eleitoralista, pois não é suposto haver outras eleições que não sejam as "presidenciais". Mas há sondagens e PPC resolve submeter o seu projecto ao "escrutínio" das sondagens.
O PS subestimou essa estratégia de radicalização, mas entrou nela... Era inevitável, pois ao PS ficou pouca margem para inflectir nas politicas seguidas e sem condições para reagir às pressões internacionais.
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Com aparentes diferendos sobre o orçamento, extremam-se posições que nada tem a ver com opções de fundo. Continuando sem perceber, o PS procura desesperadamente a saída do labirinto. É tarde. As sondagens penalizam-no em todas as frentes e em particular nas presidenciais onde nem PS nem BE seguram o seu eleitorado, com Cavaco Silva a obter resultados de 71,3 e 63% nas sondagens que teriam como resultado imediato o recuo do Governo que reabre as negociações para o orçamento e acaba por se entender com o PSD. Tudo leva a crer que a situação só será revertida se o PS e Manuel Alegre mostrarem disposição para partir o labirinto, o que não é previsível...

Fotos: Em cima, imagem interior do labirinto montado por PPC; em paixo, alguns socialistas, completamente às escuras, procuram uma saída.

Manipula-se para descredibilizar

A imprensa determina o que você pensa... A verdade é outra coisa:

"Constatamos hoje, após seis meses de "debates" sobre as reformas, que muitos cidadãos ainda pensam que os franceses têm a aposentadoria aos 60 anos e que a reforma Sarkozy quer fazê-la passar aos 62 anos.
Ora, desde há muito milhões de franceses têm direito a uma aposentadoria a taxas plenas (os descontos sempre foram muito dissuasivos) só a partir de 62, 63, 64 ou 65 anos..."

(continue lendo aqui)

27 outubro, 2010

As diferenças não estão no essencial... Ambos defendem igual


Seguem-se capitulos dramáticos:
Conselho de Estado; discussão no Parlamento, sob o signo da divisão...
até à inevitavel aprovação!

Não é isto que está em discussão. Pois nisto eles estão de acordo... e obedientes a Bruxelas!

Tudo corre de feição e conforme o guião...

Era para fazer chacota, abandalhar,
entrar a matar...
Mas se as regras do jogo forem para o sério e sóbrio
Alinho.
Vou nessa, mas só a partir de amanhã.
Hoje, deixem-me desopilar
com esses três da vida airada:
o cocó
o ranheta
mais o facada

26 outubro, 2010

Na "terra do nada"...

Na "terra do nada" apenas são visíveis os costumados sinais
empurranto os caminhantes para a repetição de percursos.
O caminho que parece ser único e em frente,
desce em declive brusco, de repente...

25 outubro, 2010

O Miguel fez hoje 12 anos

Olhar frontal
Expressão honesta
Sorriso que lhe inunda a face
do queixo até à testa
Ajuda, estuda, brinca
Faz tudo isso com alegria
E, tal como eu,
pôe naquilo que diz um toque de ironia
É traquina? Um pouco...
Um pouco também zombeteiro,
mas ele é, sobretudo,
um puto muito porreiro!

Parabéns Miguel (Nunca te estragues...)

(A "nossa candeia" deixa um documento adequado ao momento)

24 outubro, 2010

Homilias dominicais (citando Saramago) - 12

Quando oiço o mar, ou dele falar, amolecesse-me as iras e o seu lugar é tomado por anseios de utopia, regressos a passados de namban-jins ou a jangadas de pedra. O mesmo acontece quando escrevo. Frequentemente, em qualquer parágrafo iniciado em palavra alterosa ou em vaga de tempestade, acontece uma palavra final de rala espuma ou um doce e calmo espraiar da onda que antes era assustadora. Não é o caso de hoje. Oiço falar do mar e fico surdo. Li palavras e fico cego. Não é verdade o que ouvi. Não pode ser verdade o que acabo de ler...


Saramago, ao fundo, parece querer dizer:
"Depois de afundarem o país, preparam-se para afundar o oceano"...

Cavaco Silva discursa por palavras que não são suas. Sua montagem é mais sofisticada que a minha, que o colocou sob olhar atento de quem lhe inspirou um discurso. Ao dizer "apostar numa nova centralidade para Portugal." está a dizer o quê? ... Nada que mereça ser ouvido. Nada que mereça ser lido, pois não tem nada no seu passado que lhe dê qualquer crédito. Mas temos que admitir que o Semanário Expresso prestou um excelente trabalho à sua candidatura. O povo cada vez mais compreende que a solução não passa por esta Europa. Este o tema da minha
HOMILIA DE HOJE
"Mãe Amorosa, a Europa afligiu-se com a sorte das suas terras extremas, a ocidente. Por toda a cordilheira pirenaica estalavam os granitos, multiplicavam-se as fendas, outras estradas apareceram cortadas, outros rios, regatos e torrentes mergulhavam a fundo, para o invisível (...) Não podia a força humana nada a favor duma cordilheira que se abria como uma romã, sem dor aparente, e apenas, quem somos nós para o saber, porque amadurecera e chegara o seu tempo."

José Saramago, in "A Jangada de Pedra" 

"Neste livro tentei demonstrar duas coisas; primeiro: a Península Ibérica tem pouco a ver com a Europa no plano cultural. Dir-me-ão que a língua vem do latim, que o Direito vem do Direito Romano, que as instituições são europeias. Mas o certo é que, com este material comum, fez-se nesta península uma cultura fortemente caracterizada e distinta. Segundo: há na América um número muito grande de povos cujas línguas são a espanhola e a portuguesa. Por outro lado, nascem em África novos países que são as nossas antigas colónias. Então imagino, ou antes, vejo, uma enorme área ibero-americana e ibero-africana, que terá certamente um papel a desempenhar no futuro. Esta não é uma afirmação rácica, que a própria diversidade das raças desmente. Não se trata de nenhum quinto nem sexto nem sétimo império. Trata-se apenas de sonhar – acho que esta palavra serve muito bem – com uma aproximação entre estes dois blocos, e com o modo de o demonstrar. Ponho a Península Ibérica a vogar para o seu lugar próprio, que seria no Atlântico, entre a América do Sul e a África Central. Imagine, portanto que eu sonharia com uma bacia cultural atlântica."
Entrevista concedida por Saramago a Inês Pedrosa, in Jornal de Letras 10-16/11/1986

23 outubro, 2010

Ainda há arame farpado, por muito lado...

Foi mais ou menos isto que escrevi numa réplica a um poema da Salate Catae.
De lá também trouxe aquela neblina, o arame farpado e
aquelas duas gotas de orvalho, lado a lado...

22 outubro, 2010

Se meus amigos brasileiros perderem 10 minutos a ler este post, votarão conscientes... (de quem eu votaria)

Prometi ajuda à minha loba, que desesperada uivava lamentos de decepção e também de hesitação sobre qual deveria ser a sua escolha para presidente de toda a alcateia (mais de 150 milhões de brasileiros). Prometi que iria ouvir Camões, Pessoa e Saramago a fim de dar parecer fundamentado. Liguei para eles a convocá-los para 2ª feira, dia em que me comprometi fazer o post com seus testemunhos. Levei néga. Saramago disse-me: "É pá o Chico Buarque , meu amigo, sabe mais disso que eu. Em que ele disser ir votar, votaria eu". Camões disse-me: "Sou suspeito. Se esse tal Leonardo Boff, que eu nem conheço, me cita eu tenho que o citar a ele" por fim Fernando Pessoa, que também não quis vir: "Rogério, não me comprometa... Recomendo que veja esse vídeo e tire as suas conclusões..."

Não percebo como Fernando Pessoa admite que possa eu tirar conclusões daqui... O perito nem sequer considerou a análise ao objecto que, de facto, acertou no senhor Serra...

... é que não foi um, nem dois, mas sim três os objectos que agrediram o Serra... A minha imagem é mais clara ainda do que a do "celular" do repórter do jornal Folha de S. Paulo. Foi o tijolo que causou o "galo"... eu vi, do meu telescópio intercontinental!
Se eu tivesse que votar , não teria dúvidas. A jornalista do nosso Diário de Notícias também não... Só que ela e eu não votaríamos na mesma pessoa. Boa?
NOTA: A nossa imprensa segue a brasileira, de ferência. A Globo faz um papelão em matéria de insenção e aqui ninguém sabe que a SBT é TV...

21 outubro, 2010

Inglaterra... (Disto, ninguém os Libra)

A classe média inglesa (common people) não será mais aquilo que é...
Nem fora do euro escapam. Que terão a ver com isto as estratégias do eixo franco-alemão?



A canção e as imagens são um documento histórico, irónico (diria mesmo avinagrado)

20 outubro, 2010

Passos Coelho acrescentou alguns outros caminhos...


Concentrei-me
Olhei e voltei a olhar meu puzzle
Todos os caminhos aconselhados,
os propostos e muito propagandeados,
os pretensamente alternativos,
os mais penosos e destrutivos,
foram por mim reconstruídos.
Desenhei-os com detalhe, um a um...
Juro-vos que nos levam a um sítio comum:
Este, no Largo das Calhandreiras
Asseguro-vos,
pois testei-os de múltiplas maneiras




19 outubro, 2010

TAP segue pressupostos do orçamento para 2011

Na sua tomada de posse como CEO da TAP Portugal, o ex-governador do Banco de Portugal afirmou que as boas-práticas orçamentais podem, sem qualquer problema, aplicar-se à gestão da frota. As economias previsiveis acabam por ser uma reprimenda ao entretanto destituído Fernando Pinto, que já regressou ao Brasil num 747 com os 4 motores operacionais...
"A economia vai desacelerar, faltando saber só a dimensão, ditada pela evolução das exportações, alerta o governador do Banco de Portugal. "A economia nacional é como um avião com quatro motores em que dois vão desacelerar", afirmou. Ou seja, "o consumo público e o consumo privado".
"A grande questão será o comportamento das exportações. Se for bom, o avião não perderá grande altitude", alerta. O quarto motor é o do investimento, também engasgado."

Estas as palavras do então Governador do Banco de Portugal, agora à frente da TAP

18 outubro, 2010

Mentiras muitas vezes repetidas são verdades cientificas irrefutáveis (ou as 10 falsas evidências que justificam medidas socialmente injustas...);

Não acredito que o texto do Tratado de Lisboa contenha palavrões.
Admito que a palavra incompleta seja "funcionem".
Como todos sabemos, das expressões usadas, a mais grosseira foi "porreiro pá"...

Em texto anterior de introdução a esta série de posts sobre o "Manifesto dos Economistas Aterrorizados", referia o propósito de descodificar alguma linguagem mais técnica e simplificar a leitura do documento. Não se trata de tornar a sua leitura dispensável. Trata-se sim promover a sua leitura integral (aqui) partindo-se de um entendimento dos seus pontos principais. O documento, que foi pura e simplesmente ignorado pelos "economistas de serviço" e por toda a imprensa portuguesa, destaca o desastroso percurso das politicas europeias, na qual se integram os PEC nacionais e, naturalmente, o Orçamento para 2011:


"Para “tranquilizar os mercados” foi improvisado um Fundo de Estabilização do euro e lançados, por toda a Europa, planos drásticos – e em regra cegos – de redução das despesas públicas. As primeiras vítimas são os funcionários públicos, como sucede em França, onde a subida dos descontos para as suas pensões corresponderá a uma redução escondida dos seus salários, encontrando-se o seu número a diminuir um pouco por toda a parte, pondo em causa os serviços públicos. Da Holanda a Portugal, passando pela França com a actual reforma das pensões, as prestações sociais estão em vias de ser severamente amputadas. Nos próximos anos, o desemprego e a precariedade do emprego vão seguramente aumentar. Estas medidas são irresponsáveis de um ponto de vista político e social, mas também num plano estritamente económico." (transcrito do documento)
E como é possível tanta irresponsabilidade? É fácil. Basta lembrar as técnicas da comunicação ensaiadas e postas em prática por Goebbels e, assim, 10 mentiras muitas vezes repetidas tornaram-se em verdades cientificas e irrefutáveis. Eis as 10 mentiras que deixaram os economistas franceses aterrorizados:
  1. OS MERCADOS FINANCEIROS SÃO EFICIENTES
  2. OS MERCADOS FINANCEIROS FAVORECEM O CRESCIMENTO ECONÓMICO
  3. OS MERCADOS SÃO BONS JUÍZES DO GRAU DE SOLVÊNCIA DOS ESTADOS
  4. A SUBIDA ESPECTACULAR DAS DÍVIDAS PÚBLICAS É O RESULTADO DE UM EXCESSO DE DESPESAS
  5. É PRECISO REDUZIR AS DESPESAS PARA DIMINUIR A DÍVIDA PÚBLICA
  6. A DÍVIDA PÚBLICA TRANSFERE O CUSTO DOS NOSSOS EXCESSOS PARA OS NOSSOS NETOS
  7. É PRECISO ASSEGURAR A ESTABILIDADE DOS MERCADOS FINANCEIROS PARA PODER FINANCIAR A DÍVIDA PÚBLICA
  8. A UNIÃO EUROPEIA DEFENDE O MODELO SOCIAL EUROPEU
  9. O EURO É UM ESCUDO DE PROTECÇÃO CONTRA A CRISE
  10. A CRISE GREGA PERMITIU FINALMENTE AVANÇAR PARA UM GOVERNO ECONÓMICO E UMA VERDADEIRA SOLIDARIEDADE EUROPEIA
Se não quiserem ler o documento, ficam assim a saber que estas são as falsas evidências denunciadas por um grupo de economistas que até poderiam ser Portugueses. Portugueses horrorizados com os pressupostos do orçamento que vai, amanhã, ser viabilizado pelo PSD...

17 outubro, 2010

Homilias dominicais (citando Saramago) - 11

Antes desta homilia, ouvi um herético. Da sua heresia fica uma noticia que eu não sabia. Fica também a palavra de alguém (saiba aqui de quem) :

"Que Europa social é esta? Em Ano Europeu de Luta Contra a Pobreza, onde estão as garantias de rendimentos mínimos que enfrentem a pobreza? Onde pára a integração dos objectivos sociais e da sustentabilidade social nas políticas macroeconómicas? Onde está a defesa e promoção dos serviços públicos?"


Foto do brasileiro Sebastião Salgado, um dos fotógrafos mais famosos do mundo e amigo de José Saramago.

HOMILIA DE HOJE
Outras leituras para a crise - A mentalidade antiga formou-se numa grande superfície que se chamava catedral; agora forma-se noutra grande superfície que se chama centro comercial. O centro comercial não é apenas a nova igreja, a nova catedral, é também a nova universidade. O centro comercial ocupa um espaço importante na formação da mentalidade humana. Acabou-se a praça, o jardim ou a rua como espaço público e de intercâmbio. O centro comercial é o único espaço seguro e o que cria a nova mentalidade. Uma nova mentalidade temerosa de ser excluída, temerosa da expulsão do paraíso do consumo e por extensão da catedral das compras.
E agora, que temos? A crise.
Será que vamos voltar à praça ou à universidade? À filosofia?
-------------------------------------------in Outros Cadernos "Outra leitura para a crise" – Abril 7, 2009
Circunstâncias muito complexas - Falham os que mandam e falham os que se deixam mandar… São circunstâncias muito complexas as que marcam ou decidem o destino dos homens… Apenas sei que o mundo necessita de ser mais humano e essa é uma revolução pendente, uma revolução que, para além disso, deveria ser pacífica e sem traumas porque seria ditada pelo sentido comum.
--------------------------------------------In ABC (El Suplemento Semanal), Madrid, 28 de Maio de 1995
Uma palavra é quanto basta - Quantas vezes, para mudar a vida, precisamos da vida inteira, pensamos tanto, tomamos balanço e hesitamos, depois voltamos ao princípio, tornamos a pensar e a pensar, deslocamo-nos nas calhas do tempo com um movimento circular, como os espojinhos que atravessam o campo levantando poeira, folhas secas, insignificâncias, que para mais não lhes chegam as forças, bem melhor seria vivermos em terra de tufões. Outras vezes uma palavra é quanto basta.
----------------------------------------------------------------In A Jangada de Pedra, Ed. Caminho, 1986,

16 outubro, 2010

Hoje, Dia Mundial da Alimentação

------I
Não poeta,
Pão da alma, desse tenho
e dele não desdenho...
Preciso do outro,
que resulta de quem trabalha…
Nesse teu poema,
não há nada que me valha
Acredita,
que tempos houve em que tentei comer e comi
uma saborosa palavra.
Mas a fome, essa… voltava
Não poeta, hoje não preciso de ti

--------II
Tenho mar de dar peixe
Terras de semear
Força de fazer
Vontade de acontecer
Porquê, então
poemas sem pão
nem insurreição?

(Post inspirado pela Nossa Candeia, e pela Manuela)


Fechem a porta, não vá a fome entrar sem bater...
Abram a janela, pode a mudança aparecer...

15 outubro, 2010

Antes que me bebam as lágrimas...



E quando nem de mim restar meu reflexo?
Qual será minha última bebida?
Eu sei...
Uma lágrima vertida!
Não d´Ele
Mas deste outro ele
que me olha assim, em vida...


Sugerido por isto



Antes que me bebam as lágrimas, lutemos contra isto...

14 outubro, 2010

Partidas e chegadas... O que faz você feliz?


As flores fazem acontecer muitas coisas... Por exemplo: uma rubra acácia faz acontecer conversas daqui e dali e daí a um desafio vai um passo... Fico surpreendido pelo esse desafio, expresso assim:

Partidas e chegadas...
O que faz você feliz?
--
Tenho que responder com imaginação, vejamos então:
--
__
--
A PARTIDA...
Contei a meu neto Diogo a viagem de 33 mineiros, tendo o cuidado de lhe explicar tim-tim-por-tim-tim o que era essa gente e onde ficava o Chile. Depois contei que todos saíram de casa para uma viagem, quase sempre dolorosa mas necessária e, porque a rotina a tudo habitua, terão saído contentes para a rua que os encaminhava à mina de San José. (Diogo acho que percebeu, pois seu pequenito nariz torceu). Continuei a contar a viagem para a mina que, sendo curta a descrição, me obrigou a pormenorizar as cenas de trabalho. Estavam todos eles nessa faina, quando de repente, acontece o acidente (até parecia que era ao Diogo que acontecia, tal era a expressão que ele fazia). Alerta geral. Estão bem? Estão mal? Às notícias de sobrevivência, a incerteza do salvamento... (Diogo de apreensivo passou a expressão de algum espanto a uma outra, de inquietação)...
--
A CHEGADA... (e as tais razões de felicidade)
Expliquei então a enorme mobilização. Esforços daqui e dacolá. Juntaram-se tecnologias e rezas, cantares e engenharias, para dar a toda a gente um regresso e as maiores alegrias (de espanto era a expressão quando entendeu o que foi tal mobilização). Depois deu-se o regresso e a desejada chegada, por todos festejada. O que me fez feliz? Tudo... e a cara do meu petiz... (claro que há outras coisa para além da viagem. Mas estas, não se contam a crianças...). Acabada a história, ouvimos juntinhos o Hino dos Mineiros, dos nossos, tão esquecidos (clicando no vídeo aí ao lado)...

(Faço minhas as regras do Carlos Albuquerque: Dizem as regras para copiar o selo e colocar o link do blogue desafiador. Já feito. Por fim passar o desafio a cinco blogues. Quebro a regra. Acho o desafio interessante. Assim, lanço-o a todos os que por aqui passarem. Vá, peguem nele e dêem largas à imaginação. Ah, outra regra, se aceitarem o desafio devem vir comunicar-mo. Valeu?)

13 outubro, 2010

Assine esta petição (está mesmo aqui à mão...) pela legalidade e transparência no acesso ao emprego na função pública

Quantos cargos da Administração Pública são ocupados por pessoas nomeadas por confiança política? Quantos o serão por simples "doação" de lugares ou “compadrio”, por “cunhas” ou troca de favores? Sabe quanto isto pode custar ao país? Sabe avaliar a desmotivação de pessoal competente por ser afastado desses postos de trabalho? Sabe quanto custa uma administração pública infestada de boys?Sabe quanto custa em ineficiência, por exemplo, a mudança de todos (ou quase todos) os Directores Gerais sempre que muda um governo? Nem ao menos calcula?

Fui alertado para a existência desta petição (que pode ser lida e assinada aqui) pela “marota” que, tal como eu, acredita que assinar uma petição é, no mínimo, dizer não. E… quem cala, ou consente ou também conta com essa gente...

Dentro das próximas horas tudo regressará ao normal tratamento que a imprensa dá a casos similares: Os 33 mineiros chilenos estarão resgatados

12 outubro, 2010

Islândia 1 - Portugal 3

Balanço do jogo? Qual quê, com aquela desfaçatez própria de netos irrequietos, divagaram por outras modalidades. O jogo foi bom, mas a desconcentração foi total pois cada um dos meus netos vê, no seu mundo próprio, coisas para além do que eu acabara de ver. Leiam lá o que me responderam quando lhes perguntei: Então?

  • Marta (14 anos) - Vô, as brasileiras todas, jogam volei assim? São sempre campeãs?
  • Miguel (11 anos, irmão da Marta) - Claro que não! Elas como não têm praias com supertubos, só jogam aquilo e, assim, tem que ser boas!
  • Duarte (6 anos) - Vô, eu não ligo ao volei nem ao surf. Quero ser treinador daqueles meninos que arrecadaram 19 medalhas. Aqueles? Sabes?...
  • Diogo (14 meses) - Tóóóó...ma! Tóóó....ma! Pummmba!
  • Maria (16 dias) - Aaaaaah! Aaaaaaah!
  • Eu - Pois é Maria eu sei que há mais coisas para além da bola. Há a maminha! É isso?...

11 outubro, 2010

Um elefante deve comer-se aos bocados - introdução

Tratado de Lisboa - imagem da cerimónia da sua assinatura:
"assino consciente de que será o povo a pagar esta ???"
(palavra ilegível)... --

Estamos fartíssimos de saber que o poder deixa de o ser se não tem uma imprensa favorável. É deplorável? Pois é, mas é assim e assim será enquanto aceitarmos que assim seja. Assim será porque andamos poemando ou com outros mangando. Assim será porque para o lado andamos a assobiar ou nos divertimos a viajar. Assim continuará a ser porque a vida deverá ser dois dias em cheio e já passou um e meio. Ou ainda, como dizem os "deolinda", assim será porque me doí a cabeça...
Crise? Europa? Montes de economistas, paletes, himalaias, contentores deles ocupam páginas com suas visões e, por isso, aparecem com igual intensidade em todas as televisões. Se há um pequeno desvio sobre as suas sábias teses, soltam-se em redobrado alarido num uníssono discurso por todos igual parido... Que fazer?
Por mim, vou dar eco a outros economistas. Vou postar uma série de textos de um grupo deles. Eles, tal como, eu estão aterrorizados. Fizeram um manifesto grande, enorme, maior até que um elefante. Como aprendi que um elefante não se engole inteiro, vou dá-lo de comer aos bocados. Este é o elefante.(*) Os bocados que parti, são estes:
  • Mentiras muitas vezes repetidas são verdades cientificas irrefutáveis (ou as 10 falsas evidências que justificam medidas socialmente injustas...);
  • As verdades repetidas são consideradas "cassete" (ou 22 medidas que poderiam levar Portugal a discutir outro orçamento)
  • O rabo é o mais duro de tragar (ou, porque é que ninguém discute estas coisas)

(*) Refiro-me, naturalmente, ao "Manifesto dos Economistas Aterrorizados" que a Associação Francesa de Economia Política lançou e que pode ser lido na integra entrando no link

10 outubro, 2010

Homilias dominicais (citando Saramago) - 10

Tenho vindo nestas homilias dominicais a dar destaque ao cidadão José Saramago deixando para segundo plano a obra. Contudo, acho que, contrariamente ao que se pensa e ao que por aí se diz, não pode ser separável uma coisa da outra pois a obra só existe por o homem lhe deu vida. Quando vejo a obra é a alma do homem que lá está. Por outro lado, penso que quando Saramago se olhava a si mesmo, se veria na sua duplicidade e com um sorriso que só ele soube descrever (ver aqui)...
Hoje, e porque formalmente é possível, opto por falar da obra. Transcrevo parte de "O Conto da Ilha Desconhecida". Começa por descrever um acto de petição... -
... e a propósito de petição, lembro a minha decisão de passar à acção assinando duas petições. Estão aí ao lado e já contam com adesões tais que, se fosse o rei do conto de Saramago a ter de as receber, te-las-ia que atender:
- a primeira, 32290 pessoas já subscreveram
- a segunda, com 938 assinaturas espera um reforço empenhado...

HOMILIA DE HOJE

"Um homem foi bater à porta do rei e disse-lhe, Dá-me um barco. A casa do rei tinha muitas mais portas, mas aquela era a das petições. Como o rei passava todo o tempo sentado à porta dos obséquios (entenda-se, os obséquios que lhe faziam a ele), de cada vez que ouvia alguém a chamar à porta das petições fingia-se desentendido, e só quando o ressoar contínuo da aldraba de bronze se tornava, mais do que notório, escandaloso, tirando o sossego à vizinhança (as pessoas começavam a murmurar, Que rei temos nós, que não atende), é que dava ordem ao primeiro-secretário para ir saber o que queria o impetrante, que não havia maneira de se calar. Então, o primeiro-secretário chamava o segundo-secretário, este chamava o terceiro, que mandava o primeiro-ajudante, que por sua vez mandava o segundo, e assim por aí fora até chegar à mulher da limpeza, a qual, não tendo ninguém em quem mandar, entreabria a porta das petições e perguntava pela frincha, Que é que tu queres. O suplicante dizia ao que vinha, isto é, pedia o que tinha a pedir, depois instalava-se a um canto da porta, à espera de que o requerimento fizesse, de um em um, o caminho ao contrário, até chegar ao rei. Ocupado como sempre estava com os obséquios, o rei demorava a resposta, e já não era pequeno sinal de atenção ao bem-estar e felicidade do seu povo quando resolvia pedir um parecer fundamentado por escrito ao primeiro-secretário, o qual, escusado se ria dizer, passava a encomenda ao segundo-secretário, este ao terceiro, sucessivamente, até chegar outra vez à mulher da limpeza, que despachava sim ou não conforme estivesse de maré."

Continuar a ler aqui
"O Conto da Ilha Desconhecida", Companhia das Letras - São Paulo, 1998

08 outubro, 2010

Portugal 3 - Dinamarca 1

Reuni os meus netos para balanço do jogo. Faz parte do meu processo educativo e de valorização do trabalho colectivo. Desastre absoluto quanto a esses objectivos. Eu Mouro, melhor que o Mourinho, não consegui evitar a euforia da vitória, nem o endeusamento dos valores individuais e, imagine-se, alguma pirraça a Carlos Queiroz... (julgo que a imprensa amanhã irá nesta mesma onda). O diálogo com a pequenada, foi assim:
  • Marta (14 anos) - , o melhor para mim foi o Coentrão. Ele, além de bonito, fez um jogão!
  • Miguel (11 anos, irmão da Marta) - Para mim, não! Foi o Nani e o Ronaldo, cada qual do seu lado!
  • Duarte (6 anos) - , o outro senhor era mau treinador? Este é melhor, ?
  • Diogo (14 meses) - Cu....cu... ent´ão? cuent´ão?
  • Maria (16 dias) - Uuuuaaahhh! Uaaah!
  • Eu - Pois é Maria agora há. Há esperança na qualificação. Não chores, vai lá à tua refeição...

07 outubro, 2010

PETIÇÃO (Para a devida moralização)

Descobri que assinar uma petição é um acto de cidadania. Descobri que a Constituição Portuguesa me concede essa forma de fazer valer essa forma de intervenção cívica e, porque acredito que a Democracia poderá ainda funcionar, assinei esta e peço-vos para que o façam também...

Estamos longe da situação que o vídeo ilustra, mas ainda não perdi a esperança de ver os cargos públicos e políticos dignificados. Ainda um dia serão um exemplo de dedicação à res publica.

Veja o texto e assine aqui.

(também acede ao documento clicando na imagem, montada a partir de elementos tirados de "o sitio dos desenhos")



06 outubro, 2010

PETIÇÃO PELO PLURALISMO DE OPINIÃO - Um acto de cidadania

O meu blogue faz interregnos para coisas belas. Mas ele não é o interregno. Não se esquece da missão que lhe dá génese. Postar poesia, canções, sorrisos, gritos de alma e divagações é um desvio, não é o caminho que escolhi e me faz estar aqui.
O meu acto de cidadania é contrariar a distorção e a omissão de factos que mexendo com a minha vida mexe com a vida do cidadão comum. Não estou só. Hoje demonstro isso dando destaque a uma iniciativa do blogue "Ladrão de Bicicletas" e faço apelo à assinatura do documento que transcrevo parcialmente, mas cuja leitura integral recomendo.


PETIÇÃO PELO PLURALISMO DE OPINIÃO

"As medidas de austeridade recentemente anunciadas pelo governo vieram mostrar, uma vez mais, a persistência de um fenómeno que corrói as bases de um sistema democrático. Nas horas e dias que se seguiram à conferência de imprensa de José Sócrates e de Teixeira dos Santos, os órgãos de comunicação social, nomeadamente as televisões, empenharam-se mais em tornar as referidas medidas inevitáveis do que em promover efectivos espaços de debate em torno das grandes opções político-económicas. (...)
-
Por ignorância, preguiça, hábito, desconsideração deliberada ou manifesto servilismo, os canais televisivos têm sistematicamente tratado a análise da crise económica como se o intenso debate quanto aos fundamentos doutrinários e às opções políticas que estão em jogo pura e simplesmente não existisse. (...)
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Somos cidadãos e cidadãs preocupados com este silenciamento e monolitismo. E por isso exigimos aos órgãos de comunicação social – em particular às televisões, e sobretudo àquela a quem compete prestar “serviço público” – que respeitem o pluralismo no debate político-económico de modo a que se possa construir uma opinião pública mais activa e informada. Menos do que isso é ficar aquém da democracia e do esclarecimento.(...)
-
Ver texto integral e assinar aqui.

ÚLTIMA HORA - No link ao post editado no "Ladrão de Bicicletas", referido acima, apanhei num comentário Mário Soares a dizer coisas que reproduzo aqui

Mario Soares - Pros e Contras - os media @ Yahoo! Video
Por estas declarações Mário Soares passou a figurar como testemunha arrolada por mim.

Ele testemunhará a existência do PiG em Portugal

As palavras saem-me do corpo (a alma só atrapalha)

-
A minha palavra
é um braço
com que te enlaço
e um punho erguido
necessário, sentido
A minha palavra
é um gesto lento
é um lamento
um grito ouvido
de um homem ferido
A minha palavra
nem sempe é bela
é um comer saído da gamela
é um sorvo, um beber
é um dar do meu saber
A minha palavra
prentendendo-a justa, é louca
é uma boca
com lábios de beijar
e dentes de morder, de trincar

05 outubro, 2010

5 de Outubro

Há valores que permanecem, mas que estão a ser representados por quem mais os nega...
Há aspirações que estão por cumprir e há um sistema instalado que se mantém porque teatraliza as referências que o povo ainda mantém. Desenganem-se se pensam que a sonolência dos povos é eterna...
Acordai, seguido de Acordar
Musica de Fernando Lopes Graça/ Letra José Gomes Ferreira

04 outubro, 2010

100 ANOS DE REPÚBLICAS

Como se devem lembrar da minha janela vejo um mar arável. Fui lá, colher frutos. Estão aqui sob a forma de um punhado de palavras, estas:

"No seu "reinado" o ditador Salazar chegou a tentar o regresso à monarquia, pelo que os festejos dos 100 anos de repúblicas acontecem no país de modos distintos - conforme o povo e os "barões assinalados".
Do grandioso baile da república na Fonte Luminosa a uma tourada não sei onde, tudo é possível nesta terra dos Lusíadas - até cerimónias e eventos dignos do 5 de Outubro.
Por mim me confesso - alérgico a santos, reis, heróis, chefes e patrões.
Como não podemos mudar de povo - continuo a sonhar no dia em que se " levante do chão" .

Acrescento a esse seu sonho o meu, envolto em cânticos e memórias de quando parecia que tal iria acontecer, num chão nosso



Levantados do Chão. Chão Nosso

03 outubro, 2010

Homilias dominicais (citando Saramago) - 9



Mestre Bento, minha gente está sem sorte
tinha esperança de viver em democracia
Que fazer, Mestre Bento, dê-me o norte
“Antes de se acabar ainda havia”
-
Réplica a uma canção editada aqui

Na minha homilia de hoje proponho-vos uma reflexão sobre o estado da nossa Democracia, citando José Saramago e ouvindo-me a mim próprio sobre o assunto--


HOMILIA DE HOJE
«É preciso questionar a democracia para podermos reinventá-la e não permitir que seja pervertida pelo poder económico e financeiro que não é nem eleito pelo voto popular nem controlado pelos cidadãos» - José Saramago – Le Monde Diplomatique ,Edição Brasileira- 01 de Agosto de 2004
«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.» - José Saramago - Cadernos de Lanzarote - Diário III - pag. 148 

Corte-se tudo, corte-se o salário e por via dele corte-se tudo o que compõe a refeição: a sopa, o vinho e o pão. Corte-se na educação, no recreio, no ensino e na canção. Corte-se na saúde, corte-se na pensão. Corte-se na vida apressando a morte. Cortem-se as asas, os horizontes e os caminhos sobretudo aqueles que possam conduzir à felicidade dos povos. E se ainda assim a ditadura do mercado permanecer insatisfeita, esfaqueie-se a democracia. Será um corte indolor pois que ela há muito que entrou em coma… e, já agora, corte-se essa canalhada desnecessária à eutanásia pois, como sabemos, não está legalizada. - Rogério Pereira – Neste blogue, hoje no meu 308º post

Nós seguimos o que lá se passa porque isso tem a ver connosco...




Com alguns hipóteses certas: se houver 2.ª volta, o PV, Partido Verde, pelo qual Marina Silva é candidata, irá apoiar Serra. Pode parecer estranho quando Marina saiu pela esquerda do PT... Acontece que no Brasil as mais esquisitas coligações são possíveis - se o coração de Marina está à esquerda, o PV é aliado do PSDB, de José Serra, em vários estados. A aposta mais segura continua a ser a vitória de Dilma Rousseff”

Ferreira Fernandes, hoje no DN a não perder
NOTA: Quem não ler o artigo do DN está dispensado de comentar...

02 outubro, 2010

Procura-se um carro roubado


Helga, uma amiga, está desesperada. Roubaram-lhe o carro. Se o encontrar avise-a directamente (embora gostasse de ser eu a dar-lhe a notícia de que a blogosfera, que também serve para estas coisas, pode ser eficaz)

Opel Corsa Swing - 2 portas

Não, não sou um gajo cinzento e ... (2)

... por vezes a canção me serve de lamento .




Look what they done to my song ma
Look what they done to my song ma
It was the only thing that I could do half right
And it's turning out all wrong ma
Look what they done to my song
"Homem de bronze" - Foto de LenaCor


Versão Melanie

Versão Ray Charles/Barbara Streisand

01 outubro, 2010

Não, não sou um gajo cinzento e ... (1)

... em algumas canções também encontro alento
para "ir tocando em frente"

Video roubado, quando vesti a pele de lobo e me juntei a esta alcateia

Composição: Almir Sater e Renato Teixeira

Parece que ainda "ninguém" sabe o que aconteceu... (2)


A pedrada que o meu neto deu, não foi ele... Fui eu!(*)

O efeito de espelho, que funcionou tão bem desde 1975, acabou. A destruição do aparelho produtivo, até aqui tão bem guardada, passa a ficar exposta. Vai uma aposta?

(*) Frequentemente digo ser eu a fazer disparates mas não acreditem em tudo que aqui lerem. Por exemplo, neste caso: a quebra deve-se às próprias medidas do Governo, cujas consequências permitirão enfim perceber o que tem vindo a acontecer...