31 março, 2011

Claro que toda a gente sabe isto. Só ponho aquí para eu próprio não me esquecer: O subsidio de desemprego foi criado há 36 anos, em 31/Março/1975

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Deve ser lembrada a data pois as conquistas estão em risco. Sem força para fazer desaparecer a lei, o governo "socialista" corta naquilo que pode, e é muito...

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30 março, 2011

O meu pássaro azul gosta do meu beiral. E eu gosto de o ver da minha janela...

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."

Foi com esta citação de Fernando Pessoa que aceitei a primeira oferta da Fê Blue Bird. Um selo que tinha inscrito um pedido: "Só te peço 5 minutos". Fui-lhos dando com frequência e frequentemente correspondido. Conheci-a num seu comentário (ou terá sido ao contrário?) onde não esteve de modas e me desafiou para responsabilidades governativas, impressionada pelo meu curriculum e pelos contributos por mim dados para a morte lenta da economia. A partir desse dia, em finais de Abril do ano passado, o "Meu pássaro azul" nunca mais se afastou do meu beiral e eu gosto de o ver da minha janela... (hoje edita lá um poeta meu) -----------------Obrigado Meu Pássaro Azul, do sul...

29 março, 2011

Lula, Dilma, Krugman,Honório, Eu e o Rogérito: Todos dizendo o mesmo, em tom aflito: "Que raio de obsessão pelo défice e pela sua redução!"

A presidenta e o seu "Ex" estão em Portugal. Que alegria.
Como se pode ver na fotografia, Dilma segreda a Lula que dê uma lição ao país irmão (que já foi seu pai). E foi isso que aconteceu: Lula discursou, baseando-se num post meu...
Como resposta, o nosso coiso, disse coisas impressionantes, que se seguissemos o seu exemplo nada ficaria como dantes. Cada vez o percebo menos ...
Krugman, Honório, Eu e o Rogérito somos todos da mesma opinião: Dizer não à recessão!

As palavras de Lula vieram a ser transformadas em conselho pelo Prémio Nobel da Economia. O texto integral não passou em Portugal, mas o Honório Novo já o usava, sem mesmo o conhecer. Também o que diz Honório não passa na imprensa (apenas num ou outro parlatório). Eu vou denunciando estas omissões e distorções, mas sem grande impacto, pois por aí apenas diz que a austeridade é uma inevitabilidade, que não há alternativas crediveis. O Rogérito, esse, irá escrever uma das suas próximas redacções, com base nas seguinte afirmações:
A estratégia correcta é criar empregos agora e reduzir défices depois.” “Os advogados da austeridade que prevêem que os cortes da despesa trarão dividendos rápidos na forma de uma confiança crescente e que terão pouco, se algum, efeito adverso no crescimento e no emprego”. “…os aumentos dos impostos e os cortes na despesa pública deprimirão ainda mais as economias, agravando o desemprego (… ) cortar a despesa numa economia muito deprimida é muito auto-derrotista, até em termos puramente orçamentais (…) qualquer poupança conseguida é parcialmente anulada com a redução das receitas, à medida que a economia diminui”. “se os investidores decidirem que somos uma república das bananas, cujos políticos não podem ou não querem encarar os problemas de longo prazo então será atingida e situação da Grécia. Deixarão de comprar a nossa dívida”.

Extratos do artigo de Paul Krugman, publicado no The New York Times, e que apereceu truncado na imprensa de Domingo passado

Uma canção, para (tentativa) de reconciliação...

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Numa tentativa (desesperada) de reconciliação, ofereço à Manuela esta canção... Um pouco da letra, que afinal não é da Aretha:

Houve um tempo todos ouviamos dizer Que atrás de um grande homem Sempre existia uma grande mulher Bem, nestes tempos de mudança Você sabe que isso deixou de ser verdade Tanto é assim, que estamos saindo da cozinha Há uma coisa que esquecemos de dizer e você precisa de saber: Irmanadas estão fazendo por elas mesmas Se erguendo sobre seus próprios pés Fazendo soar seus próprios sinos Irmanadas estão fazendo por elas mesmas

27 março, 2011

Homilias dominicais (citando Saramago) - 33

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Quando há 33 semanas atrás iniciei estas homilias, aceitando ser apóstolo de palavras que considero necessárias - ainda por cima, nobelizadas - estava longe de perceber que, difundindo-as, fazia crescer em mim o prazer de as semear. Aqui e em qualquer lugar. Tenho vindo a fazer, na condição de apóstolo, percursos na blogosfera em imaginária passarola e deixando, onde achei que devia de deixar, coisas escritas, embora nem sempre bonitas, pois na missão de mensageiro ouve-se de tudo e nem a tudo se deve passar ao lado. Numa das vezes, deixei num comentário sobre um poema belo, mas um tanto egoísta - pois há poetas que julgam que nesta coisas de almas o que conta é a sua - deixei o que então chamei "réplica". Aflita, a autora envio-me um mail dizendo-me, pesarosa, que lhe inquinara o poema que considerava muito importante, o poema da sua vida. Percebi-lhe a dor, pois alterara a perspectiva ao rumo de um filho seu (poemas são sempre filhos nossos). Respondi-lhe, apaziguador, que sentira o seu poema como um forte abalo e que não há réplicas sem que antes tenham existido tremores maiores. Que só há pequenos tremores (de alma) se for elevado o grau do tremor inicial. Fazia assim analogia com a ciência da sismologia aplicada ao texto poético e à própria poesia. Recebi por resposta um texto desembaraçado, fazendo-me acreditar passar a ser desejado. A partir daí, não há local que visite onde não deixe o troco: a um pensamento, devolvo outro; a uma piada, respondo com uma ironia; a um poema, respondo com uma rima; a um conto, acrescento um ponto. Acho que Saramago consideraria isto próprio de sujeitos normais, num mundo onde a normalidade vai rareando...

HOMILIA DOMINICAL

"Sei de um poeta normal a quem muitas vezes sucedeu não ser capaz de principiar o poema sem primeiro passar os olhos por versos de outros parceiros na arte, tendo, evidentemente, o cuidado de escolhê-los bons, para não correr perigo de contaminações mórbidas, isto é o que eu julgo. Comparando depois o que ele escrevera com o que tinham composto os colegas, via-se que não ficara o menor sinal de imitação, nenhum vestígio residual do estro alheio, nenhuma certificada metáfora que, transportada para o novo viveiro, ali ficasse a gritar plágio e ladroíce. Este de quem falo, poeta, se não me engana a amizade que lhe tinha, queria só aquecer a inspiração fria ao braseirinho ou alto lume que na página lida ardia inextinguível, ateado por mais criadoras mãos, da espécie prometaica. Se todos aprendemos com todos, não se atirem pedras à inocência".´

José Saramago, in "Páginas Politicas/Sujeitos Normais" - pág. 156

26 março, 2011

O grande casino europeu, explica o que aconteceu (e continua a acontecer)

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El gran casino europeo from ATTAC.TV on Vimeo.


Video editado no blogue "Sustentabilidade é Acção"

500.000 manifestantes nas ruas de Londres, é obra. O casino que se cuide(ver aqui)

Redacções do Rogérito (4)

Tema de hoje: Flor de Jasmim

Eu gosto muito de flores de as ver nos montes e nas veredas ao lado ou misturadas com as azedas que dessas eu gosto até de mastigar e as outras não as apanho pois se as flores nascem num sítio são para lá ficar a embelezar a natureza em vêz de serem postas numa jarra em cima de qualquer mesa só não tenho a certeza de que deva ser assim pois hoje recebi um raminho de flores de jasmim dado pela dona Adélia que é muito querida e que é até muito parecida no dizer e na vida com a minha vizinha a dona Esmeralda pois as duas se queixam dos tempos e são parecidos os seus lamentos e ais e outras coisas mais e até nos maridos que se fartam de trabalhar e de dizer que a vida assim não pode ser e que é preciso mudar mas depois não tenho a certeza de aquilo serem só desabafos porque isto das pessoas falarem e depois fazerem vai uma distancia às vezes grande e eu acho que não estou a dúvidar só estou a comentar que essas pessoas boas que se queixam da vida são muitas imensas e tantas mas depois votam nos mesmos e até naqueles que dizem não terem outra saída do que lhes tramarem a vida deixando-a mais azeda que as azedas das minhas queridas e lindas veredas.

24 março, 2011

Roubei este post, que também já tinha sido roubado. Anda assim, de lado para lado...Mas merece o alarde, o rapaz tem charme...

Esta afirmação e a sua contradição...
Não, por acaso não foi na mesma ocasião (mas quase)

Ladrões de Bicicletas: Não precisa de ser eleito para faltar às promessas...: "'Os impostos indirectos tratam todos pela mesma medida, tanto pobres como ricos, razão porque são, nesse aspecto, mais injustos. É essa, ..."

A Dª Esmeralda e a vizinha do 4º andar, a conversar (2)

As vizinhas do prédio do Rogérito comentam o futuro,
uma delas pensa que este vai ser menos duro...

Vizinha do 4º andar – Ora não esteja a brincar. Acha-me com energia para me pôr a cavar?
Dª Esmeralda – Então qual a mudança? Em que é que tem esperança? Aquela senhora feia, lá na assembleia, disse não ter qualquer ideia e as pessoas são o que importa… Pensa que vamos sair da cepa torta? Nós que sofremos tudo e que estamos a ver os ordenados só pelo canudo? O meu homem, coitado, anda tão desesperado...
Vizinha do 4º andar – Vamos mudar, vamos! Vai ver… e o Passos Coelho tem tão bom parecer. Tão elegante, educado e bem-apessoado. Aquela lá da Alemanha que se ponha em cuidado. E também lá nas europas, esses lorpas… Não sabe a Dª Esmeralda, que o homem quer é desenvolvimento, neste momento?… Fique sabendo. Ele quer que se fale verdade, pôr o país a produzir… pois só assim se pode da crise sair. Vai ver que vai impor sacrifícios a quem tem forte a abastança… e, com o Sócrates, só andou a encher a pança!
Dª Esmeralda – Tem essa esperança? O homem é assim tão teso, tão altruísta?
Rogérito (gritando do 3º andar) – É! É! Passou a ser Comunista!
Som da televisão (saindo do rés-do-chão) - "A agência Moody's alertou hoje que uma "importante razão" para Portugal manter ..."
Era sofrivel viver em democracia. Mas isso acabou, e ainda agora havia ...

23 março, 2011

Depois de ter feito o serviço, as moscas foram-se revesando, perpetuando o nojo...

O coiso-senador pede, angustiado, que o coiso ponha ordem no mosquedo,
mas este declarou-se ultrapassado pelo cenário.
Vejamos quais moscas irão continuar a ter acesso à manutenção da mesma situação...
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--------------------------------------------------------------------(Imagem, maldade minha a um trabalho de um amigo)

22 março, 2011

O puzzle de Abel Manta, premonição que não me espanta

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PREC - Processo Revolucionário Em Curso - Algo que aconteceu e onde, ingénuamente, muitos acreditaram que tudo ia correr bem
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PEC - Plano de Estabilidade e Crescimento - Algo que vai acontecendo, de lamento em lamento
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- Parte do corpo dos humanos que insistem em dar aí o conhecido tiro, nos períodos eleitorais. A estes tudo corre mal
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P - Inicial da palavra Pulha e da sigla PiG. Ambas designam aqueles outros "humanos" que vão suspirando de alívio desde o PREC e aos quais tudo corre pelo melhor

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Em 1974, Abel Manta desenhou o puzzle.
Eu vou lendo as siglas, sofrendo-lhe os efeitos

Dia Mundial da Água (e da mágoa)

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"O mundo é suficientemente grande para satisfazer a necessidade de todos,
mas suficientemente pequeno para satisfazer a avareza de alguns"
---------------------------------------------Gandhi


------------------------------ Video do YouTube, visto apenas 557 vezes

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À avareza, organizada em sistema, chama-se capitalismo

21 março, 2011

Metamorfose - IV (a primavera das mulheres puerís)

imgem retirada daqui
I
O corpo
dengoso ia desenvolvendo
um andar, um caminhar, lento,
voluptuoso,
ao encontro do que parecia ser seu destino
Tirou os olhos do chão
sem os colocar no ar
Virou para dentro de si
esse seu olhar
Parecia não ter visto outra coisa,
enquanto a densa teia a envolvia,
do que a asa que lhe nascia,
e também a outra, em síncrono movimento
Feliz, nesse encantamento,
falava com outras, suas iguais...
Falava da cor das asas,
da beleza dos locais
para onde iria voar
e das flores todas em que iria pousar,
do céu para onde nunca olhara antes...
Dissertava sobre seus amantes,
com a alma em cio
ouvindo das demais
conversas tão parecidas, quase iguais
em palavras gargalhadas
pois só estas, e não as graves,
passavam as paredes aveludadas
do casulo, sem entraves

II
Chegado o momento,
a parede se rompeu e saiu
Exercitou o bater de asas,
segura como nunca se viu
Voou na direcção do éden
sem lá chegar, mergulhando antes
em nunca experimentada escuridão.

III
Abri o livro disposto a ler
uma página qualquer
Entre a página aberta e a outra,
ali estava ela
a mais bela borboleta
parecendo ainda sorrir
num sorriso pueril

Rogério Pereira

20 março, 2011

Homilias dominicais (citando Saramago) - 32

Há uns tempos, quando o sonho sonhado estava próximo de um estar acordado, havia alertas à colonização das mentes. Nada feito, não resultou. Nem só o sonho hibernou como também a falta de respeito se institucionalizou. O instituto sagrado das redacções - não importa de que meio de comunicação - assume-se, na liberdade de expressão, com a maior falta de respeito. Parte de nós vive com a mente colonizada (e não diz nada): julgam não haver alternativa para esta vida…

HOMILIA DE HOJE

(Hoje, a homilia limita-se à legenda da fotografia)
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"Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro." José Saramago (algures, em 1975)

Manifestação: Os rostos, as falas e a dimensão

Mapa do google: A , local de concentração do sector privado;
B, local de concentração do sector público;
C, Praça onde se juntaram os manifestantes
para descer até C, ponto final da manifestação

Pois, tem de ser com mapa. Quem não conhecer Lisboa, ao ler a imprensa ou vêr as televisões, pode ficar a julgar que a Praça do Saldanha (A) é logo ali, que as Torres da Amoreiras (B) ficam logo no primeiro quarteirão junto ao Marquês de Pombal (C). Com esse julgamento nem lhe passa pela cabeça a quantidade de gente envolvida, pois fica só com a ideia da Av. da Liberdade, embora esta seja comprida. Foi um mar de gente, duas horas e meia a passar.

Rostos da multidão e seu sentir? Abra o video abaixo é só vêr e ouvir...



Expresso profundo reconhecimento ao trabalho
honesto da equipa de reportagem da SIC, por estas imagens, que não comento...

18 março, 2011

A descoberta do prazer de ler palavras vagabundas...

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Nem todas as palavras arrumadas em forma de texto são palavras sérias, poéticas ou vagabundas. Nem todas resultam de digressões de vida ou da imaginação e nos trazem saberes ou paixão. Mas as dos livros quase sempre merecem ser lidas e, assim, um dos actos mais bonitos da vida é fazer nascer o gosto pela leitura ou esse gosto simplesmente acontecer por observarmos, nos outros, o amor pelo saber. A mim aconteceu-me cedo, antes mesmo de apreender a ler e foi assim:

Ia-mos partir para a quintinha dos meus avós. Minha mãe fez daquela vez o que sempre fazia, comprar café e cigarros para levar. Na compra, contristado o empregado declarou não ter papel próprio para embrulhar, só jornal. E foi em papel de jornal feito o embrulho e cuidadosamente guardado num saco de ráfia, tipo esteira, como tantos havia nos anos cinquenta. Chegados, a dada altura foi a hora de distribuir os singelos presentes. Café para dois e tabaco para meu avô. O sorriso deste foi mais largo que o de costume e, logo que encontrou um momento, meu avô escolheu um canto, acendeu uma vela, e nesse preparo se deu ao regalo de ler aquele pedaço de jornal. Lia com mais prazer do que o de fumar os cigarros que acabara de receber. Lia com o mesmo ar de quem rezava, embora nunca o tivera visto a fazer tal. A partir dessa data meu avô nunca passou sem um jornal, pois minha mãe passou-os a levar, sempre. Na época, e até uns anos muito depois, os jornais tinham esse encantamento que hoje só raramente podemos encontrar. Ficou-me daquela imagem e da figura do meu avô, naquilo de que dele já contei, um prazer enorme de ler e agora, também, de escrever…

Vem tudo isto a propósito do blogue da Jussara, “Palavras Vagabundas” e do que aí faz. A descoberta deveu-se a uma circunstancia que já não lembro mas que me deixou aí pregado quando li um comentário dum seu amigo posto em destaque, no alto do seu layout:

"Quanto ao o que ler, continuo com o conselho da Jussara - 'leia tudo que puder'. Ela nunca me falou nisso. Mas sempre foi assim, caso encontrasse um pedaço de jornal, cheirando a peixe, na calçada, punha o pé em cima e lia. Sem preconceito. Aprendi com ela."

Aprenda também com Jussara ou, se quiserem, com o meu avô...

Amanhã estará maior a lua e também cheia, estará a rua

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Por aquilo que se disse
a semana passada
Por aquilo que diz o poema
de tudo valer a pena
Pelo sentir da voz cantada
Pela revolta ordeira, organizada
e comprometida
Pela justiça, pela vida,
também pela esperança,
porque disso esperar, minha alma
nunca me cansa
Porque a raiva contida e calada
não leva a nada
E porque amanhã está cheia a lua
que se encha também a rua

--
Gritarei as palavras de ordem que me derem

17 março, 2011

Eu, Namban-Jin, solidário com um povo extraordinário...

As principais rotas de acesso à região do terramoto estão sendo reconstruídas.
Em muitos pontos do país a infra-estrutura afectada
segue em obras aceleradas de reparação.”
Esta é parte da legenda, retirada, com as respectivas fotos, do blogue “Lost in Japan”. Remeto-vos para a leitura dos posts do meu amigo Alexandre Mauj Imamura Gonzalez para seguirem o seu ver e o seu sentir sobre a situação no Japão. Na minha coluna, em destaque, manterei o acesso ao Alexandre…

Ai deus os valha, a notícia tem uma "gralha"...

16 março, 2011

Cavaco Silva, mostrando o trapo salazarento de que se veste por dentro

Sabem, os que me lêem, que resolvi remexer na memória, para que não se apague. Dei-lhe a forma de livro on-line onde tenho vindo a publicar, num outro lugar, episódios com frequência irregular. Quando tomei tal decisão estava longe de pensar a importância profunda do meu acto e até a urgência em o fazer. A intenção não foi planeada para qualquer intervenção ou oportunidade. Decidi e pronto. Amigos que têm vindo a ler insistiram em que o deveria publicar e a isso me convenceram. Dei-lhe como título provisório “Caminhos do Meu Navegar” e, dentro das viagens que me foram impostas, dediquei, até pela cronologia da sua ocorrência, os primeiros textos ao destino Angola. Destino de guerra com o testemunho de que nem todas as almas partiram fardadas para esse desígnio idiota de adiar o futuro e sacrificar a juventude de cerca de um milhão de jovens numa guerra para tentar a sobrevivência do império colonial. Não adianta referir que era uma guerra injusta, cruel e condenada ao fracasso, porque todas as guerras o são, mesmo quando as vitórias militares podem fazer pensar, às almas fardadas que as sustentam, de que a derrota do inimigo acrescentou valor ao mundo. Pena o livro não estar acabado, pronto, editado e em condições de ser lido pelo “meu” presidente. Talvez a alma dele se desfardasse de vez ou, pelo menos, calasse o perfil salazarento de que se veste por dentro:

Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar” Afirmação do chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva



A tal missão... considerada exemplar, contada por alunos de uma escola
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O ECO DA VOZ SALAZARENTA CHEGOU A MOÇAMBIQUE, AO MAPUTO

15 março, 2011

Um passeio pelos subúrbios...

Enquanto um senador deste buraco aponta para eleições antecipadas, outro fala em inevitabilidade dos mesmos de sempre "juntarem trapinhos" e o país corre o risco de paralisar(*), eu passeio por estes subúrbios, à procura de inspiração e de um sitio para plantar as couves e os tomates


(*)Apesar do risco estar
entretanto ultrapassado
mantenho o passeio e o anseio

14 março, 2011

Lengalenga de alerta ao pequeno burguês sem vicios

Tudo almas só por fora e sem espessura
--
LENGALENGA
-
Cerveja beber
----------------sem álcool conter
Fumar, fumar
------------------------sem nicotina nem prazer
a acompanhar um café
sem cafeina
-----------------------------com adoçante
sem sequer com açúcar se parecer
Depois de comprar um diário
sem noticias para se ler
Chorar, chorar discretamente
sem as faces salgar
-------------------------------talvez por amar
sem receber nem se entregar
--
Os outros, ilhas sem mar à volta
Libertos sem poderem andar à solta
Ardem sem calor de arder
-----------------------------------------ou de ser
Outros ainda, socialistas sem idealismo,
cérebros sem nexo,
----------------------------e cismo
noutros que se manifestam sem manifesto
Revoltas,,--------------------------
querem revoltas sem dar a volta,
como poemas sem qualquer sentido
Ah, esta cidadania sem povo comprometido
Tudo almas só por fora e sem espessura
Esperando o chegar da ditadura

13 março, 2011

Homilias dominicais (citando Saramago) - 31

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No Porto, ontem, as gerações à rasca afirmaram-se determinadas
a não viver ao deus-dará e rejeitam ilusionismos e a nevegação PEC a PEC...

HOMILIA DE HOJE

"Mas a realidade é esta: não temos um projecto de país. Vivemos ao deus-dará, conforme o lado de que o vento sopra. As pessoas já não pensam só no dia-a-dia, pensam no minuto a minuto. Estamos endividados até às orelhas e fazemos uma falsa vida de prosperidade.
Aparência, aparência, aparência - e nada por trás!
Onde estão as ideias?
Onde está uma ideia de futuro para Portugal?
Como vamos viver quando se acabarem os dinheiros da Europa?
Os governos todos navegam à vista da costa e parece que ninguém quer pensar nisto, ninguém ousa ir mais além
."

José Saramago, in "Entrevista revista Visão, 2003"
(copiado da Fê-blue Bird)

12 março, 2011

Quem não foi à manifestação, aceita a inevitabilidade cantada na canção...

Há cumprimentos que sugerem posts. Cruzei-me com o João
e ele, como se dissesse olá, perguntou-me sorridente:
"É pela luta de classes ou pela luta de gerações?"
"Uma coisa não é separável da outra", dei-lhe por resposta
--



Escolha a versão: ele filho (em Londres) ou ele já pai (no Dubai)

"Como eu poderia tentar explicar,
quando o faço ele ignora
É sempre a mesma coisa,
a mesma velha história.
No momento em que eu pude falar,
fui obrigado a ouvir.
Agora há um caminho,
e eu seique eu tenho que ir embora,
eu sei que tenho que ir
"

-----------------------------------------------------------------Extracto de “Father and Son”/Cat Stevens

11 março, 2011

Para a geração à rasca ler...

ULTIMATO

"(... )Todos! todos! todos! Lixo, cisco, choldra provinciana, safardanagem intelectual!
E todos os chefes de estado, incompetentes ao léu, barris de lixo virados para baixo à porta da Insuficiência da Época!
Tirem isso tudo da minha frente!
Arranjem feixes de palha e ponham-nos a fingir gente que seja outra!
Tudo daqui para fora! Tudo daqui para fora!
Ultimatum a eles todos, e a todos os outros que sejam como eles todos!
Senão querem sair, fiquem e lavem-se.
Falência geral de tudo por causa de todos!
Falência geral de todos por causa de tudo!
Falência dos povos e dos destinos — falência total! (...)"
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Texto do principio do século passado: "Mandado de despejo aos mandarins da Europa! Fora." para ler no blogue da Fê-Blue Bird
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Álvaro de Campos (pintura de Júlio Pomar)
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ÚLTIMA HORA
Acaba ser notíciado que à manifestação de amanhã se juntou mais um empalhado

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10 março, 2011

A Dª Esmeralda e a vizinha do 4º andar, a conversar (1)

As vizinhas, do prédio do Rogérito, comentam a vida em tom aflito

Vizinha do 4º andar – Olá Dª Esmeralda, venha aqui um bocadinho, pus a galinha a cozer e ainda vai demorar. O senhor João agora vende. Esta está fora do prazo, mas não adianta reclamar…
Dª Esmeralda – Olá vizinha, por acaso também tenho galinha. Comprada no senhor João, nessa mesma condição. Fica um bocadinho mais barato… É tudo um dinheirão…
Vizinha do 4º andar
– Então o que me diz ao discurso do coiso? Olhe que até me dói a cabeça de tanto pensar…
Dª Esmeralda – Pensar? Julga então que era a si que se referia com aquela de “termos de sair da letargia”?
Vizinha do 4º andar – Então era a quem? E o sobressalto cívico, não era a nós também?
Dª Esmeralda – Aquilo é guerra entre os boys de cada lado ou então para não ficar calado. Está a ver então, o coiso apelar a nova revolução?
Vizinha do 4º andar – Que pena… Eu queria sair da letargia… entrar em sobressalto… cívico!
Rogérito (gritando do 3º andar) - Vizinhas, estão a deixar esturrar as galinhas!

08 março, 2011

Hoje, andarei por aí, no corso da blogosfera, vestido de arco-íris


Acreditando
que o hábito faz o monge
quis ir bem mais longe...
mascarar-me de Deus
e, milagrosamente
alterar os meus sentidos,
por estar farto de ouvir, ver, sentir
cheirar
o mesmo sabor, paladar
deste vinagre
acre e agre,
que exala da missão de avinagrar

Resoluto e puro, meti-me no corso
Ninguém deu por mim
Assim:
A ouvir o azul daquele céu de todos
A ver o grito do verde esperança
A tactear aquele outro vermelho
com sabor a mudança
e aromas de cor anil Abril
gerando um cravo e uma violeta

Dei que errei no traje e fiz careta
Eu, que queria ser Deus, vesti-me de arco-íris

Quarta feira voltarei à condição de humano,
com os sentidos que Deus me deu, por engano...
A mesma máscara do ano passado, mas revista

07 março, 2011

Hoje vai ser assim... como todos os dias



Eu e ela conscientes, tal como estamos todos os dias, sem que ninguém se aperceba...
 
--Hoje vai ser assim
Foliando
Aparentando estar mascarados
Mas não
Apenas assumidos e não desenganados
--
Estamos como somos, não o sendo
Embora tal parecendo
Não, não foi opção
Fomos sim empurrados
Para tal condição
--
Palhaços, pois
E que pensam vocês que sois?



06 março, 2011

Homilias dominicais (citando Saramago) - 30

PCP - 90 anos e onde se milita e luta por um futuro diferente

HOMILIA DE HOJE

Você sabe, eu nunca escondi minhas convicções. Sou comunista e por isso sou tratado como inimigo da democracia. Pelo contrário, eu quero é salvar a democracia e para isso é preciso criticar esse simulacro de democracia em que vivemos. As democracias ocidentais são fachadas políticas do poder econômico. Fachadas com cores, bandeiras, discursos intermináveis sobre a democracia.” “foi o poder econômico que enfiou nas consciências que o mercado deve agir de mãos livres e, assim fazendo, levou à conclusão de que o pleno emprego é um obstáculo”.

(José Saramago, entrevista a didier jacob, le nouvel observateur, novembro de 2006)

05 março, 2011

Podia ser dia 8... mas penso nelas todos os dias

Antecipo, à semelhança do que vi o Carlos de Albuquerque fazer (vão lá ver), o post relativo à data, a qual não posso fazer coincidir com o Carnaval. Assim, deixo-vos o que me faz pensar...


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Mandou, pois o Senhor Deus um profundo sono a Adão; e, enquanto ele estava dormindo, tirou uma das suas costelas, e pôs carne no lugar dela. 22 – E da costela, que tinha tirado de Adão, formou o Senhor Deus uma Mulher; e a levou a Adão. 23 - E Adão disse: Eis aqui agora o osso de meus ossos e a carne da minha carne; ela se chamará Virago, porque do varão foi tomada. 24 – Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa só carne. 25 - Ora um e outro, isto é, Adão e sua mulher, estavam nus; e não se envergonhavam (porque ainda eram inocentes)."
GÊNESIS 2: 21-25.
(este post reescreve o que editei em 2010)

04 março, 2011

Líbia: Coisas que a imprensa não diz...

As "rogériografias" destas lideranças apresentam preocupantes semelhanças

"A partir da II Guerra do Golfo, Kadhafi deu uma guinada de 180 graus. Submeteu-se a exigências do FMI, privatizou dezenas de empresas e abriu o país às grandes petrolíferas internacionais. A corrupção e o nepotismo criaram raízes na Líbia.

Washington passou a ver em Kadhafi um dirigente dialogante. Foi recebido na Europa com honras especiais; assinou contratos fabulosos com os governos de Sarkozy, Berlusconi e Brown. Mas quando o aumento de preços nas grandes cidades líbias provocou uma vaga de descontentamento, o imperialismo aproveitou a oportunidade. Concluiu que chegara o momento..."
Ler na integra aqui

03 março, 2011

Inicio do fim da globalização? Porque não? (2)

Quem me segue e lê sabe que o tema é para mim uma urgência que implica uma atenção permanente a notícias que não ocupam as páginas da nossa imprensa, até naquela que se reclama de referência.
Hoje, na minha missão de desassossegar deixo-vos com este texto, divulgado pela acção da WikiLeaks:
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Pico do Petroleo: Arábia Saudita mentiu sobre as suas Reservas, conf...: "Quem está dentro do assunto sempre desconfiou que a Arábia Saudita e outros países da OPEC podiam estar a mentir sobre a quantidade de rese..."
(para continuar a ler entre no link)
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Preparem-se para semear a horta, em frente da vossa porta e... comprar uma "pedaleira".

02 março, 2011

Rompendo com princípios


Hoje aceitei romper com o principio de não ser selectivo quanto a apontar livros queridos. Digo, no meu perfil, que os meus preferidos foram todos aqueles que a partir da página 5 me fizeram passar a ler em voz alta. Foram muitos. A minha querida amiga Dja, do blogue "dja tocando para a frente", fez-me este pedido irrecusável, mas que não cumpro na totalidade, pois não é possível fazer aos amigos o que hoje admiti fazer com os livros: fazer escolhas. Quanto aos livros, sendo quase impossível escolher, optei por referir as razões do porquê de cada resposta dada. É assim:



  1. Releio parcialmente muitos livros sem me cansar, mas opto pelo "Principezinho", o primeiro livro que ofereci à minha primeira filha (já treino, para o ler aos meus netos);


  2. "Esteiros", foi o meu primeiro livro e bem poderia ser o meu último, tudo o que li depois parecem ser extensões ou detalhes desse meu primeiro livro a sério (li-o com 17 anos e não voltei a lê-lo, talvez para não quebrar o encanto);


  3. O livro que eu indico para que outros o possam ler é... o meu "Caminhos dos Meu Navegar";


  4. Como já disse, isto não posso fazer. Não posso escolher 10 de entre 156...;


  5. "dja", vão lá. Ela vai mesmo tocando em frente...

Regionalizar, sim claro. Mais tarde, com menos riscos... Até lá, Baptista Bastos diz que vai para a gaveta do costume...

Quadro de Salvador Dali, retirado do net quando eu tive um pesadelo, que agora se repete

REGIONALIZAÇÃO, NA GAVETA

"A perplexidade advém da mera circunstância de as sucessivas direcções do PS terem suspendido tanta coisa, que mais esta suspensão não deveria suscitar alvoroço. Mário Soares suspendeu o próprio PS ao colocar o "socialismo na gaveta", a fim de o resguardar de tentações libidinosas. O PS, cuja origem "socialista" sempre deu que pensar, estava fragmentado à nascença, quando um destemido grupo de advogados e afins, o "fundou", numa recôndita cidade alemã. Era preciso, segundo o siso de alguns estadistas europeus, criar uma organização política, estruturada e com apoios financeiros, que se opusesse à hegemonia do PCP."
Baptista Bastos, hoje no DN

01 março, 2011

A minha filha do meio faz anos hoje...

Neste dia, no ano passado, deixei-lhe um post sério e comovente. Ela ficou contente...
Este ano... só vos digo que nunca, em pequenina, nos fez coisas assim:
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-------------------------------------------------(video enviado pelo tio Quim)