31 julho, 2013

Baptista Bastos, o crente...

"...O Concílio Vaticano II abriu uma luz no hermetismo canónico e o papa João XXIII reergueu os valores de uma Igreja soterrada com a sua própria essência. É uma época fascinante a vários títulos, sobretudo pela discussão aberta que propõe e estimula.
A festa durou pouco. João Paulo II e Bento VI "normalizaram" o que poderia ser considerado apostasia. São dois reaccionários, um dos quais perigosíssimo, por extremamente culto (Ratzinger), que pretendem, e conseguem, comprimir o tempo, de um modo quase patogénico, promovendo a capacidade de cegueira do grupo, que se define como a rejeição do conhecimento e a repulsa pela dissidência. Seja: a servidão em elevado grau.
Este Papa, o seu discurso e a sua conduta parecem desejar outro modo de ser Igreja, recuperando a expressão "revolucionário" para o trânsito das ideias comuns, como necessidade e como urgência. E di-lo e fá--lo com a simplicidade de quem ainda acredita na força de um humanismo redentor. Devo dizer aos meus Dilectos que este Francisco redespertou-me ressonâncias antigas, como as da reflexão colectiva e da releitura daqueles, como Bertrand Russell (Por Que não Sou Cristão), cujo ateísmo ou agnosticismo não dificultou a pesquisa do sagrado para o reencontro com a própria condição..."
Baptista Bastos, hoje no DN

28 julho, 2013

"Tudo OK; por enquanto, claro!"

"Segundo um livro da especialidade, uma das explicações da origem deste OK está na Guerra da Secessão nos Estados Unidos. Quando voltavam contentes de um combate, sem nenhuma morte do seu lado, os soldados escreviam: O (zero) Killed (mortos); ou seja: «OK». Isso terá passado do mundo militar para o mundo civil.
OK, no mundo civil, como declaração mínima de optimismo.
- Como estás?
- OK, tudo bem, zero mortos... E tu?
- Não estou morto. Portanto: OK também."

Gonçalo M. Tavares, hoje no Noticias Magazine

O essencial...



"... Vou dizer-te o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos. - O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se re­cordar..."
St Exupéry, O Principezinho
Foto de autor desconhecido, que me foi enviada por Cid Simões (via e-mail) 

24 julho, 2013

Honório Novo, um eleito que não traiu o povo!

A Gabriela, minha camarada, ligou-me a meio da tarde. Vinha dar-me conta de uma chamada de uma idosa, frequentadora de um "Centro de Dia" ligado à paróquia, a interrogá-la das razões que terão levado Honório Novo a abandonar a Assembleia da República e a ser substituído. Nem sei o que lhe terá respondido, apenas me queria dar conta do facto dos idosos se terem interrogado e afirmado a sua pena, por o "terem perdido". Registámos ambos o sentimento de perda assim manifestado... A Gabriela ficou de agendar uma visita para cabal explicação. Explicação e  algo que seja dito e que ponha em sossego aquela gente que se inquieta. Honório não é uma deserção e não está dispensado de continuar ao nosso lado... Prova-o o último discurso, o de hoje, na Assembleia da República..


Mas percebe-se a pena causada. Honório Novo não foi apenas um bom tribuno, ele foi e ainda é um bom conversador, alguém que se faz aceitar na interlocução, no diálogo, que esgrime argumentos difíceis de rebater, que não fala por falar... Não é por acaso que raramente aparece, que não é comentador encartado. A sua participação num programa de televisão acontece de vez em quando e o último foi há mais de seis meses... e os que terão a oportunidade de o ter visto nunca mais esquecerão isto:

 

 Outro registo. O que reflecte trabalho. Aquele trabalho que ninguém vê e que raramente é mostrado em canal aberto, à hora de grande audição. Esta interpelação a Faria de Oliveira fica para a história do parlamento nacional. 

 

Imagino que poucos se deterão a ver ou rever vídeos demorados... mas meu blogue não serve unicamente para meus amigos me darem atenção. É um local onde registo a memória, a minha. Para que eu não esqueça... e não esquecerei, que Honório Novo foi um eleito do povo... e que cumpriu. 

Poesia (uma por dia) - 48


Esse Desemprego

Meus senhores, é mesmo um problema
Esse desemprego!
Com satisfação acolhemos
Toda oportunidade
De discutir a questão.
Quando queiram os senhores! A todo momento!
Pois o desemprego é para o povo
Um enfraquecimento.
Para nós é inexplicável
Tanto desemprego.
Algo realmente lamentável
Que só traz desassossego.
Mas não se deve na verdade
Dizer que é inexplicável
Pois pode ser fatal
Dificilmente nos pode trazer
A confiança das massas
Para nós imprescindível.
É preciso que nos deixem valer
Pois seria mais que temível
Permitir ao caos vencer
Num tempo tão pouco esclarecido!
Algo assim não se pode conceber
Com esse desemprego!
Ou qual a sua opinião?
Só nos pode convir
Esta opinião: o problema
Assim como veio, deve sumir.
Mas a questão é: nosso desemprego
Não será solucionado
Enquanto os senhores não
Ficarem desempregados!

Bertold Brecht

21 julho, 2013

Cavaco falou e então reparo que há muito que anda tudo invertido, sem sentido. Só mais um empurrão...

Depois do símbolo nacional ser hasteado ao contrário nada mais bateu certo:
- Gaspar demite o governo, a maneira de governar e o sentido da governação,
- Portas, bate com a porta e logo a seguir faz cambalhota.
- Seguro abre diálogo prioritário à direita, para depois o fechar
- Cavaco anuncia, hoje e em primeira mão, que o Parlamento aprovará um voto de confiança no Governo, aquele mesmo a quem ele próprio, Gaspar, Portas e Seguro negara....
Só mais um empurrão e estes gajos (todos) vão ao chão!

Fui Bugiar, pensando no meu destino de faroleiro...


Da minha janela vejo o que quero, mas não alcanço o que vejo. Nunca tinha ido ao Bugio, nem sequer pensado em ir. Hoje fui, ciente de que não basta ver da janela o que vejo dela. Alcançar é diferente de ver. Hoje alcancei o que tanto tinha visto...  O rio no seu encontro com o mar estava a jeito, e nem uma gaivota desesperada, temendo que lhe roubasse a cria, me impediu de ir ao ponto mais alto. De lá, pensa-se em tudo o que um homem pode pensar. E dei comigo a olhar, a olhar a margem esquerda... da vida.


Não fui só, fui um dos convidados. Fui convidado na condição de candidato a... faroleiro. Não sei o que me vai acontecer... se sim, se não... há caminhos que não dependem só dos nossos passos...

Faroleiro? Sim, porque não? Os que leram o que tenho escrito sobre a importância de tal missão não se admirarão por esta paixão, aliás reforçada por alguém, que citarei:
"Discute-se a necessidade de haver faróis e se o elemento humano é ou não dispensável… Na minha opinião, os faróis vão continuar a ser importantes na função que cumprem. Quanto aos faroleiros penso exactamente o mesmo; já não é o homem dos sete ofícios, agora é um “técnico especializado” mas que não deixa degradar o espaço e transmite segurança a quem navega. Ambos, farol e faroleiro, continuam a ser indispensáveis à navegação."
Extracto de uma entrevista de Joaquim Boiça, um amigo que me levou a Bugiar

19 julho, 2013

D. Manuel Clemente e o meu compromisso

D. Clemente sorridente, em alegre cavaqueira, no sentido literal do termo...

D. Manuel Clemente, hoje no DN, deu entrevista extensa a dizer o que pensa. Não posso comentar o que não pensa, nem se o que respondeu é sincero ou se arrasta pontas de ironia. Registo olhando a fotografia: "A visão que o mundo tem de si próprio é determinada por meia dúzia de indivíduos que estão nas grandes centrais de comunicação" 

Lá pelo meio, avança, "A juventude olha para os políticos com desconfiança"... e fico a pensar que boa oportunidade perdeu para falar do meu compromisso de candidato e de politico e que Fernando Campos há poucos dias aludiu: 
"...me comprometo, em caso de ser eleito, a manter o cargo à disposição da coligação que represento; a não enriquecer com a política (o remanescente do que auferir no exercício desse cargo que exceder os meus actuais rendimentos será canalizado para um fundo em benefício de freguesias ou concelhos com eleitos da CDU) e a defender exclusivamente os pressupostos do seu manifesto eleitoral..."
Eu e alguns milhares assinaram igual compromisso. D. Clemente não falou nisso. É que a juventude (quase sempre generosa) gostaria de tal prosa e ele prefere falar em desconfiança, sem nada dizer para a desfazer.  

Interregno, acústico...


Minha Alma trouxe isto, apanhando Meu Contrário distraído...

17 julho, 2013

Fernando Campos, para que se saiba

Abre o blogue dele citando Eça, e dele já fiz uma admirada exposição, num dia em que converti este meu espaço em galeria. Apareceu, num raro comentário a dizer, com a ironia que "todos" gostamos: "é sempre bom que falem de nós... Ainda que seja bem".
Volto a falar dele, mais de dois anos depois. Não pelo que desenhou, mas pelo que fez e pelo que disse do gesto feito. São estes actos que fazem com que Meu Contrário, cansado, depois de adormecer no regaço de Minha Alma acorde e se reconforte. Cito apenas um pedaço do lido que me deu conforto. Mas vale a pena ler toda a declaração. E é assim, para pequena amostra:
"...embora me manifeste frequentemente também sobre política, nunca participei nela activamente. Nunca - jamais - militei em qualquer organização nem desempenhei qualquer cargo público, eleito ou por nomeação - porque nunca me convidaram e porque não sou de me oferecer (o bom-senso e uma consciência aguda das minhas limitações têm-me impedido constantemente de o fazer). Isto não é sequer um traço de carácter, apenas um reflexo de temperamento: não sou de grupos - nunca fui escuteiro, nem da mocidade portuguesa, tampouco jotinha numa associação de estudantes e nem sequer fui à tropa; não sou sócio da Naval, nem do Ginásio, de nenhuma das filarmónicas, nem sequer dos Bombeiros e não dou para o Banco Alimentar (enfim, dou mas não me orgulho disso. Só o faço quando me sinto demasiado deprimido e impotente para fazer algo mais efectivo pela justiça).
Sou, sempre fui, um caso isolado. Um caso à parte, um outsider. Aquilo a que se chama um independente.
Não sou todavia um pária anti-social: já fundei uma empresa, uma revista de humor, uma cooperativa cultural, um jornal de informação, até uma associação de artistas. Tenho cinquenta anos.
(...)
Assim, o meu nome (e provavelmente a minha triste figura) constará na lista de candidatos da coligação aos orgãos de poder local nas próximas eleições municipais. Devo dizer que me agrada a moral dos comunistas – é de uma substância, surpreendentemente ou talvez não, composta em partes iguais pelas mesmas quatro virtudes cardeais dos antigos cristãos - ou seja, não é elástica nem é de plástico; exactamente como eu gosto. Talvez por isso, assinei voluntariamente um termo de responsabilidade (que eles exigem apenas aos seus militantes, não aos independentes) no qual me comprometo, em caso de ser eleito, a manter o cargo à disposição da coligação que represento; a não enriquecer com a política (o remanescente do que auferir no exercício desse cargo que exceder os meus actuais rendimentos será canalizado para um fundo em benefício de freguesias ou concelhos com eleitos da CDU) e a defender exclusivamente os pressupostos do seu manifesto eleitoral.(...)
Leiam tudo, dá ânimo!

15 julho, 2013

A lição de baloiço e o pessimismo do poeta


No parque, um tumba-lalão serve de lição. É um ir e voltar, um encolher e esticar, entre sorrisos. Ao fundo, a nave da desactivada Fundição de Oeiras mostra que há idas sem regressos, encolheres que ficam para sempre encolhidos, perdidos... O edifício da Fundição é o símbolo local, o mais próximo, de um país de difícil futuro. A geração dos meus netos diverte-se naturalmente alheia (ainda) a isso... e me interrogo se se manterá pela vida fora alheada. Penso no meu ADN e se, perene, os fará olhar para o que os irá cercar com a sensibilidade necessária. Ocorre-me, então, os versos do poeta (...sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança). Ocorre-me que António Gedeão não teria a certeza disso ao dedicar suas memórias aos netos dos seus netos(*). Pessimista, o poeta.

Volto a olhar o video... medito e ainda não decido... se escrever as minhas memórias a quem as hei-de dedicar...

(*) Já citei este facto em texto antigo

14 julho, 2013

Correio da manha, a manha que entranha

Há um poema conhecido que explica isto. Começa assim: "Primeiro levaram os comunistas..."

A “Salvação Nacional” está entregue a Alberto Martins, Jorge Moreira da Silva e Pedro Mota Soares.

«Há muitos anos a política em Portugal apresenta este singular estado:
Doze ou quinze homens sempre os mesmos, alternadamente, possuem o poder, perdem o poder, reconquistam o poder, trocam o poder… O poder não sai duns certos grupos, como uma péla que quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas às outras, pelo ar, numa explosão de risadas.
Quando quatro ou cinco daqueles homens estão no poder, esses homens são, segundo a opinião e os dizeres de todos os outros que lá não estão, – os corruptos, os esbanjadores da fazenda, a ruína do país, e outras injúrias pequenas, mais particularmente dirigidas aos seus carácteres e às suas famílias.
Os outros, os que não estão no poder são, segundo a sua própria opinião e os seus jornais – os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pública, os amigos do povo, os interesses do país e a pátria.

Mas, cousa notável!
Os cinco que estão no poder, fazem tudo o que podem – intrigam, trabalham, para continuar a ser os esbanjadores da fazenda e a ruína do país, durante o maior tempo possível! E os que não estão no poder movem-se, conspiram, cansam-se para deixar de ser – o mais depressa que puderem – os verdadeiros liberais e os interesses do país! 
Até que enfim caem os cinco do poder, e os outros – os verdadeiros liberais – entram triunfantemente na designação herdada de esbanjadores da fazenda e ruína do país, e os que caíram do poder, resignam-se cheios de fel e de amargura – a vir ser os verdadeiros liberais e os interesses do país.
Ora como todos os ministros são tirados deste grupo de doze ou quinze indivíduos, não há nenhum deles que não tenha sido por seu turno esbanjador da fazenda e ruína do país…
Não há nenhum que não tenha sido demitido ou obrigado a pedir demissão pelas acusações mais graves e pelas votações mais hostis… 
Não há nenhum que não tenha sido julgado incapaz de dirigir as coisas públicas, – pela imprensa, pela palavra dos oradores, pela acusação da opinião, pela afirmativa constitucional do poder moderador…

E todavia serão estes doze ou quinze indivíduos os que continuarão dirigindo o país neste caminho em que ele vai, feliz, coberto de luz, abundante, rico, forte, coroado de rosas, num choito triunfante!» 
Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, As Farpas, Junho de 1871
Texto retirado ao Bulimundo

12 julho, 2013

Pensando bem, do ponto de vista do "senhor mercado" o discurso de Cavaco está bem "esgalhado"...


Os humilhados, ofendidos e empobrecidos tendem a depreciar e a caricaturar quem os humilha, ofende e empobrece. Compreende-se. Mas a realidade carece de outras posturas... e até, diria, de grande atenção e mente aberta. É que Cavaco pode ter feito o golpe "genial" que faltava... E os intervenientes saberão o que fazer...  Balsemão, Portas e Seguro sabem a lição e são as peças-chave para dar boa resposta a Cavaco... Podem dizer que enveredei pelas teorias da conspiração. Não direi que não!

Poesia (uma por dia) - 47



Enquanto

Enquanto houver um homem caído de bruços no passeio
e um sargento que lhe volta o corpo com a ponta do pé
para ver como é;
enquanto o sangue gorgolejar das artérias abertas
e correr pelos interstícios das pedras,
pressuroso e vivo como vermelhas minhocas despertas;
enquanto as crianças de olhos lívidos e redondos como luas,
órfãs de pais e de mães,
andarem acossadas pelas ruas
como matilhas de cães;
enquanto as aves tiverem de interromper o seu canto
com o coraçãozinho débil a saltar-lhes do peito fremente,
num silêncio de espanto
rasgado pelo grito da sereia estridente;
enquanto o grande pássaro de fogo e alumínio
cobrir o mundo com a sombra escaldante das suas asas
amassando na mesma lama de extermínio
os ossos dos homens e as traves das suas casas;
enquanto tudo isso acontecer, e o mais que não se diz por ser verdade,
enquanto for preciso lutar até ao desespero da agonia,
o poeta escreverá com alcatrão nos muros da cidade
Abaixo o mistério da poesia.

António Gedeão (in Voar Fora da Asa)

10 julho, 2013

Cavaco e os sétimos escriturários...


Que Cavaco despreza a democracia, já sabia... 
Mas há algo inesperado: Cavaco troca governo de gestão de 3 meses, por governo a prazo a mais dum ano. 
Ena com catano!!! 
Estou derreado
de facto!, 
...mas os consultores de Cavaco "merecem" o soldo: até os lideres dos partidos do "arco da governação" se fecham em copas e mandaram à falação os 7ºs escriturários (e alguns bens nervosos).


09 julho, 2013

Poesia (uma por dia) - 46


Quando acordar...
Minha Alma olhava
Meu Contrário
de soslaio
sem o encarar de frente
Meu Contrário
tinha um ar ausente
talvez amargurado
talvez vencido
Minha Alma
não tinha coragem
de lhe dirigir palavra 
Eu esperava pelo desfecho da cena
impotente para animar um
confortar o outro
e sem saber
o que fazer

"Não sei se tenho mais forças"
Disse ele, como se o pensamento tivesse voz
Como se a alma falasse, ela lhe respondeu
"É apenas o corpo, descansa"

Ele caiu nos braços dela e adormeceu, como uma criança
Rogério Pereira 

06 julho, 2013

Eu estive lá, por instinto, pelo que sinto... por imploração do corpo e da razão.


Diz toda a gente que o sol não deve ser encarado de frente. Não é por dar crédito ao que diz toda a gente que eu, também, não olho o sol assim, de frente. É por mero instinto. 
Não é por ouvir a toda a gente recomendar que beba muita água em dia quente. O corpo pede e a gente bebe. Pena que não seja  o instinto ou a imploração do corpo (ou da razão) que leve todos a outros gestos devidos... Eu estive lá, por instinto, pelo que sinto...

Hoje o dia foi o dia mais quente de não sei de há quantos anos para cá. 
Julgo que foi, também, o dia mais sórdido dos que me lembro. Se o calor se combate com armas conhecidas, gelo, bebidas... para o combate à sordidez dos dias, revelo que faz bem ouvir palavras sábias, que só os meus mortos as sabem. E fui ouvi-las...

Talvez um dia as saibam toda a gente, mesmo num dia, assim, muito quente... 

05 julho, 2013

Uma cura de uvas, a reflectir nos medos e em coisas que permanecem segredos...

É que nem jornais, nem televisão, nem rádio! Nada! Estou a fazer uma cura, sem purga. Passei o dia a uvas... e a meditar... A meditar nos medos:
- No medo interno, de quem sofre na pele os desvarios, o hora-avança-hora-recua, o faz-que-chuta, o perde-ganha do poder, o se não pagas quinas...
 - No medo externo, dos alarmados, dos que estavam encantados com o caminho percorrido e que com a eventual queda do governo podem ir perdendo chorudos lucros e terreno...
Já vos disse que estava a meditar... não em grandes estiradas ideológicas, mas nesta coisa tão simples que um amigo preparou para mim.
Assim:

 

03 julho, 2013

"Neste momento, o PCP dirige-se uma vez mais aos democratas, aos patriotas aos sectores e forças políticas e sociais genuinamente empenhados na ruptura com a política de direita para que inscrevam como objectivo trabalhar para a concretização de uma verdadeira alternativa para o país."

"Os trabalhadores, o povo, os jovens, os reformados, os pequenos e médios e empresários e agricultores, podem contar com o PCP. Podem contar como sempre contaram com a força mais coerente e indispensável à construção de uma política alternativa, patriótica e de esquerda que assegure a devolução dos direitos e rendimentos, que afirme uma política soberana e independente, que garanta o desenvolvimento económico e o progresso social. Nós temos confiança que com a luta dos trabalhadores e do povo seremos capazes de abrir um caminho novo de esperança para um Portugal com futuro!" 
Jerónimo de Sousa, hoje 

02 julho, 2013

Passos, Portas, Seguro, os comentadores de serviço, os canais de televisão, todos alinham pelo mesmo diapasão... Falta vir Cavaco falar-nos do inesperado!

"No dia 22 de Outubro de 2012, há pouco mais de oito meses, dirigi-lhe uma carta em que assinalava a urgência da minha substituição no cargo de Ministro do Estado e das Finanças. Agora, em meados do ano seguinte, essa substituição tornou-se inadiável..." Gaspar, na tal carta de renúncia
Inesperado o carago! Cada um foi delineando o que dizer, para o dia em que viesse a acontecer! E a encenação continua, e continuará mesmo depois do governo ir para a rua. Os comentadores, que se bem se lembram há oito meses atrás eram bem menos, farão o papel que lhes foi traçado. Continua o teatro, mesmo sem as pancadas de Molière.

Só que há uma realidade que terá mudado: ninguém liga às marionetas. Acabou-se o teatro. E é na rua que a luta continua!

01 julho, 2013

E já agora, porque não aproveita Passos Coelho o texto de Gaspar? Ajusta-se por inteiro o mesmo argumentário, para se por a andar


Comecei o dia a ler um parvo encartado com a incumbência de deixar recado. Dizia o moço: "Carlos Silva e Arménio Carlos percebem sem dificuldade que as greves são uma perda de tempo, nada alterando numa situação em que não há escolhas. Mas têm de apresentar serviço e fingir que existe outra política que evitaria os sacrifícios..." 
Acabo o dia a perceber que por mais que se insista na desvalorização dos actos de luta e resistência, vale a pena manter a erguida a cabeça, e não dobrar a espinha... 
E já agora, porque não aproveita Passos Coelho o texto de Gaspar? Ajusta-se por inteiro o mesmo argumentário, para se por a andar