31 outubro, 2014

30 outubro, 2014

Diário de um eleito (14)


Diz-me Minha Alma "focaliza-te" e responde-lhe Meu Contrário estar focalizado. E é verdade, Meu Contrário tem estado. Por via disso, e porque amanhã há sessão do Conselho Municipal de Saúde, nos últimos dias não temos, ele e Eu, feito outra coisa senão estudar textos e contextos relativos ao que mais nos toca: a alimentação nas escolas e sua relação com a saúde (estudando as tantas formas de que se reveste a fome). Não é, contudo, assunto único, os outros são os cuidados primários e o funcionamento dos agrupamentos dos centros de saúde... Amanhã, espero ter uma boa notícia sobre os 20 000 utentes sem médico de família, pois foi pré-anunciado que iriam ser integrados mais 7 médicos... sobre as más noticias, procuro antecipá-las para não ser apanhado desprevenido... Como? Para já, lendo os jornais. E que jornais tenho lido? Todos, recentes e antigos: deixo alguns exemplos:
«Em declarações à Lusa, Ana Jorge afirmou que o governo nunca tinha aberto esta opção, mas anunciou que agora está a ser trabalhada uma proposta que abre a “possibilidade de ter unidades organizadas por cooperativas de médicos, associações, entidades privadas”.»
Agência Lusa - "Saúde: Governo (Sócrates) abre instalação de unidades de saúde familiares a privados e cooperativas de médicos" - Maio de 2011;
«O ministro Paulo Macedo sugeriu no dia 7 de Outubro a criação de compromissos duradouros entre Governo e Partido Socialista, conferindo de algum modo à saúde a possibilidade de constituir o mote para um eventual consenso mais alargado de governação. (...) No essencial e por agora, a minha opinião é de que o Partido Socialista deve tentar perceber se este é o sentimento genuíno de todo o Governo (PSD e CDS) ou se não passa de uma tentativa de aproximação oportunista face ao calendário eleitoral de 2015. (...) Como fiz no PS, também no país estou disponível para lutar por compromissos duradouros e estabelecer pontes. À esquerda ou com a verdadeira social-democracia.»
Álvaro Beleza, Público, hoje

Entretanto acho que as coisas vão avançando no sentido do que Ana Jorge já dizia:
«“CONDIÇÕES DE ABERTURA DAS USF MODELO C AO SECTOR SOCIAL E COOPERATIVO A TÍTULO EXPERIMENTAL” - RECOMENDAÇÕES E PROPOSTAS” (a tipologia de Unidade de Saúde Familiar do modelo C abrange as USF do sector social, cooperativo e privado)
Grupo de Trabalho nomeado em Março de 2013

28 outubro, 2014

Parabéns, miúda!


Poemazito, para lhe ser dito
Não é um gráfico
trágico
Nem tão pouco
o comportamento, louco
de mais uma perda
enquanto tudo se queda
ou mesmo cai
Nem é a medida do ânimo que se esvai
Nada disso
Nenhum indicador negativo
lhe consegue apagar o sorriso
Ela confia
e acredita,
que "o sonho comanda a vida"
e tudo o que tiver de mudar, muda
A gente ajuda

Parabéns, miúda!

27 outubro, 2014

Daquela Pátria Grande da América do Sul...



Em dia de seu aniversário, Evo Morales festeja outra festa: “A Bolívia cumprimenta o triunfo da companheira Dilma. Cumprimentamos a continuidade do modelo de mudança no Brasil e na região”. Dilma recebeu outras saudações "Parabéns, Dilma, por sua coragem frente a tanta maldade. O povo do Brasil não falhou com a história. Mil abraços de irmandade", escreveu Maduro no Twitter. Mujica, entretanto, terá ficado descansado pois o porto de águas profundas, uma das maiores obras de infraestrutura que o governo do Uruguai tem planeada, dependia das eleições do Brasil. José Mujica dizia: "Tenho a palavra da presidente do Brasil (...) , se não eu não teria entrado nessa dança". E enquanto a imprensa Cubana assinalava o facto como uma nova etapa, da vizinha Argentina, Cristina escrevia algo mais extenso: 
“Querida companheira e amiga Dilma (...) Este novo triunfo representa mais um passo na direção da consolidação de nossa Pátria Grande da América do Sul, na qual tanto empenho dedicamos desde nossas funções de governo e da militância de toda uma vida. No começo deste segundo mandato, quero te transmitir o apoio incondicional desta presidente e da Nação Argentina para continuar avançando juntos num futuro melhor para nossos povos”.

26 outubro, 2014

Geração sentada, conversando na esplanada - 73 (quando alguma situação é complexa e difusa, oiço as palavras das minhas referências, para que a realidade não me fuja...)

(ler conversa anterior)


“Teve muitos erros e acertos, mas uma coisa é fato: o governo Dilma é claramente uma continuidade do governo Lula, o que não é ruim. Continua com boas políticas sociais e de base, no entanto, por conta do perfil de política do PT, que vem mudando nas últimas décadas, Dilma se preocupou demasiadamente com o modo de fazer política através das muitas alianças, e isso pode ter atrasado medidas importantes à população”
Eduardo Galeano, aqui




Estava Eu em diálogo com Minha Alma comentando que para o nosso equilíbrio é bom perseverar algumas rotinas, referindo aquele lazer de por ali estar, quando a Gaby nos interrompeu os pensamentos para interrogar, em voz bem alta, a Ana. "Silvio Rodriguez, diz-te alguma coisa?", e sem esperar resposta "...o gajo também apoia Dilma!". Seguiu-se um diálogo entre elas, depois alargado à Teresa. Chegadas à conclusão que nenhuma conhecia, sugeri que a net as podia ajudar... Lá encontraram, e ouviram. "É lindo!Nunca o tinha ouvido", disse olhando-me e quase me inquirindo para depois fazer uma pergunta directa: "A Dilma ganha? Por mim até os acho iguais! Aquilo é uma confusão... O que é que acha?"
Minha Alma aconselho-me calma e Meu Contrário a que a desenganasse. Optei por seguir o que Minha Alma aconselhava: "Sabe?, quando alguma situação é complexa e difusa, oiço as palavras das minhas referências, para que a realidade não me fuja..." Não se conteve "Parece ser boa solução! E essas referências, quais são?"
"Tudo gente conhecida e batida: Chico Buarque, Beth Carvalho, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Alcione, Leonardo Boff, Eduardo Galeano... esse Silvio..." 
E ficou pensativa, enquanto Teresa voltava a colocar a voz bem timbrada de Silvio Rodriguez.

25 outubro, 2014

Relembrando a arte de bem voar, precavendo grandes quedas e em guarda contra as aves de rapina...


Minha Alma dizia-me ao ouvido: "vê só como te olha, ele quer falar contigo", ao que lhe respondia "hoje não, não é o dia". E não foi. Porque a casa estava cheia. Porque as crianças o disputavam. Porque ele se concentrava noutras coisas. Porque era o dia dos seus anos... Mas um dia terá de ser, Minha Alma diz-me que terá muito para me dizer. E porque recordo um poema "antigo", aqui lho deixo, correndo o risco de me considerar repetitivo:

Instruções, para a arte de bem voar
Quando as asas atingem ampla envergadura
Quando o corpo atinge a apropriada altura 
Quando a mente começa à beira de se ansiar
Há que seguir o guia da arte de bem voar
A primeira regra é fácil de dizer, difícil de fazer
É treinar o olhar, para saber (sempre) onde poisar
É estar aberto à observação e ao aprender 
É educar a atenção, a inteligência e o pensar
A segunda regra, requer treino e ausência de medos
É perceber que pequenas quedas fazem parte da viagem
É não se deixar enredar em fáceis e distraídos enredos
E é  iniciar o treino, com persistência e coragem 
A terceira regra é já de laborioso exercício  de treino 
É escolher um ramo que não seja ameno poleiro
É escolher o que fique a distância curta para não falhar
E que as asas sirvam quase apenas para pousar
As regras seguintes, quase iguais, aumentadas de dificuldade 
Ramos cada vez mais distantes, cada vez mais em subida
No sentido em que se encaminha a vida...
E à medida que as asas ganham idade 
Quando se chega ao alto é que tudo começa
E a última regra de bem voar, é voar em bando
Distinguir a selva da floresta
E saber parar, de vez em quando 
Podes (re)começar!
Para ti Miguel, deste teu velho pássaro

22 outubro, 2014

21 outubro, 2014

Orlando Leitão (1931-2014) - in Memoriam

Foto editada na revista Sinapse
Há amigos que partem, sem nunca nos deixar. É uma questão de memória, daquela que queremos perpetuar, que não deixa que se apague nada. O Orlando era, além de amigo, um camarada. O Orlando era, além de amigo e camarada, um vizinho. Mesmo não o vendo, sentia-o perto. Sinto-o agora, mesmo sabendo que partiu. (ah, essa sensação inexplicável de que mesmo sabendo que partem, eles nos ficam para sempre na memória dos exemplos dados e das palavras sábias com que nos falavam da vida e da esperança).
De manhã, ao abraçar o Paulo (um dos filhos) dizia-me ele: "Morreu, pode-se dizer feliz: no meio da família, festejando o seu aniversário". Acho que tinha razão o Paulo, ele partiu feliz.

Quando me preparava para escrever este texto, procurei na net, algo que acrescentasse ao que sabia dele. Encontrei. Encontrei e comovi-me. Na revista da Associação Portuguesa de Neurologia (SINAPSE), a homenagem que lhe foi prestada, no congresso de 2003. Dos muitos testemunhos, aí referidos, escolho um (quase) ao acaso:
«Ao Orlando Leitão

Começo por citar Alberto Caeiro
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê,
Nem ver quando se pensar.
Não será esta a base de toda a semiologia que o Orlando
tão sàbiamente sempre defendeu? Seguramente foi esta a
pedra basilar do seu sucesso.
Como homem há a realçar a sua integridade, o desejo de
aventura e das viagens.
Termino com um excerto de um poema de Li Bai, poeta
chinês do séc. VIII
...Vou convidar os dragões
a beber um vinho delicado e raro
na grande taça da Ursa Maior.
Não busco riquezas nem honrarias
viajo pelo mundo,
quero apenas força em minha vida
Um abraço
Maria Cândida Maia » (*)
(*) Neurologista, um dos cerca de 50 especialistas 
que deram o seu testemunho, homenageando em 2003, o Dr. Orlando.

20 outubro, 2014

O silêncio é de ouro, julgam... outros afirmam ser a alma do negócio... para mim faz um barulho tão ensurdecedor, que já nem posso!


Ontem, no "seu" programa semanal, Sócrates asseverou que Costa já teria dito, se não tudo, teria já dito o essencial. Na imagem, parece aconselhar Costa a não abrir o jogo... Depois das sondagens, é preciso não acrescentar ruído... Ah! mas ele é já tanto!

Vejamos quanto:
«Se nada de essencial é para discutir porque não é oportuno, afasto-me já em bicos de pés para não perturbar o sono das hostes” (...) "É mesmo caso para perguntar que novas 'teorias' António Costa irá inventar, para se furtar ao debate da questão do Tratado Orçamental, da questão da renegociação e/ou reestruturação da dívida, da questão das privatizações e da questão da promiscuidade entre o PS e os negócios? Será a 'teoria do gato asseado', que tapa com areia as suas necessidades? Ou a 'teoria da vassoura', que empurra para baixo do tapete tudo o que é desagradável?»
Alfredo Barroso, fundador do PS, aqui

«...enquanto o PS se não “explicar” inequivocamente em relação às questões fundamentais - tratado orçamental, dívida, défice, sectores sociais do Estado, regulação do trabalho, privatizações em curso -   não há nenhuma razão para acreditar que a política portuguesa vá mudar em consequência de uma simples mudança do resultado das eleições.»
JM Correia Pinto, no blogue "POLITEIA"

«...depois de anos a ouvirmos todos os especialistas, de todos os quadrantes, portugueses e não só, depois de lermos n estudos, com vários matizes, sobre a dívida e formas de a abordar, o PS, que sabe tão bem como toda a gente que estamos perante opções eminentemente políticas, refugia-se num texto vago que parece querer adiar tudo, uma vez mais, para o dia do nunca.» 
Mas nem sempre é possível esconder uma discussão que terá de acontecer:



19 outubro, 2014

Geração sentada, conversando na esplanada - 72 (há déficits mais graves, os da memória e da coerência...)

 (conversa anterior)
«Por este entendimento e em nome da coerência, a CDU não pode permanecer nesta sala para escutar os vossos discursos. Depois de ouvirmos as intervenções dos líderes das outras bancadas, nossos colegas da Assembleia, abandonaremos esta sala. É com um desgosto profundo que a abandonará nessa altura. Mas com uma palavra de esperança: a Moção aprovada irá ser cumprida, assim as forças políticas que a votaram acordem para uma posição coerente ou que as populações as façam acordar.»
Rogério Pereira, na passada quinta-feira

Não havia uma única mesa vazia, e de cadeiras só na minha. Ele chegou e sentou-se, e o cão para debaixo dela. Como se estivéssemos ali há muito, disse, como se continuássemos uma conversa não interrompida:
- Soube do seu discurso
- Não foi discurso. Foi uma intervenção. Os discursos pairam sobre os assuntos, numa intervenção as palavras são facas, interpelam a memória e a sua filha directa, a coerência ...
- Disseram-me que ficou surpreendido por ter sido aplaudido!
- Não fiquei surpreendido logo, foi depois. A sala parecia estar comigo, mas depois ficou até ao fim... e foram festejar...
- Admirado? Hoje, todos querem estar de bem com Deus e com o Diabo...
- Eu sei, eu sei! Não é por acaso que os tempos que vão correndo provocam tanto desalento. 
- Desalento? Mas...
- Desculpe, mas hoje não estou em condições de prolongar esta conversa... as memórias do meu poeta, não me saem da cabeça...
E por respeito ao meu pedido o engenheiro quedou-se em silêncio.


17 outubro, 2014

Orçamento? Eis o que tenho a dizer, de momento!


Não diz o espelho o que vai lá dentro do orçamento. Mas eu sei!

(pelas imagens ficam a saber: os impostos engordaram e a economia não vai crescer)

16 outubro, 2014

Memória de Adriano

Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar

Lava-a de crimes espantos
de roubos, fomes, terrores,
lava a cidade de quantos
do ódio fingem amores

Leva nas águas as grades
de aço e silêncio forjadas
deixa soltar-se a verdade
das bocas amordaçadas

Lava bancos e empresas
dos comedores de dinheiro
que dos salários de tristeza
arrecadam lucro inteiro

Lava palácios vivendas
casebres bairros da lata
leva negócios e rendas
que a uns farta e a outros mata

Tejo que levas as águas
correndo de par em par
lava a cidade de mágoas
leva as mágoas para o mar

Lava avenidas de vícios
vielas de amores venais
lava albergues e hospícios
cadeias e hospitais

Afoga empenhos favores
vãs glórias, ocas palmas
leva o poder dos senhores
que compram corpos e almas

Das camas de amor comprado
desata abraços de lodo
rostos corpos destroçados
lava-os com sal e iodo

Tejo que levas nas águas

Poema de Manuel da Fonseca
Voz de Adriano

15 outubro, 2014

E porque é que Dilma ganhará em todo o nordeste? Ou mesmo no Brasil todo?



Dilma, no chamado 1º turno, ganhou no Nordeste quase todo. Agora não se sabe se ganha. Nesta hora de incerteza, eu guardo este vídeo, é de 2001, antes de Lula. Depois de ter percebido como a realidade se alterou eu fico à espera, com a certeza de que a História não marcha para trás...


Podem-se dispensar de ver este "documento". Admito que o coloquei aqui com pouca esperança de que seja visto... mas fiz questão de o guardar.

14 outubro, 2014

Do Nordeste Brasileiro, há várias imagens que me povoam a memória... Das últimas, "Roque Santeiro", não vou esquecer


 A novela foi, para muitos um puro divertimento, para outros a percepção de uma realidade distante

Só alguém com uma cultura e sensibilidade enormes, só alguém que fosse profundo conhecedor da realidade do Nordeste, só alguém assim poderia escrever um texto como o da novela "Roque Santeiro". Dias Gomes era seu nome. A novela culminou, diria, o meu enfeitiçado apego a uma terra que nem conheço, a não ser pelos livros. Primeiro, foi Josué de Castro ("Sete palmos de Terra e Um Caixão", a "Geografia da Fome", "O Ciclo do Caranguejo"). Depois seguiram-se outros: Graciliano Ramos (Vidas Secas, o filme e o livro); João Cabral de Mello Neto (Morte e Vida Severina) e Jorge Amado (tantos)... e ainda tenho na memória a descoberta de Portinari.

O Nordeste brasileiro, e nele, o Maranhão, não sendo o que já foi, não terá mudado muito... mas uma coisa é certa: agora vai mudar. Se a realidade é complexa? é! Se Governador eleito terá feito pacto com o diabo?, não desminto! Mas se o Nordeste mexe? mexe!, disso eu tenho a certeza...

Pintura de Candido Portinari, da net

13 outubro, 2014

Baladas de Outono, que trago, no fundo da memória conturbada

Outono, isto?
Não, isto é invernia
como há tanto não se sentia
A Primavera, essa
será quando nós quisermos
revertendo baladas
que muitos trazem
no fundo das memórias conturbadas
com cores de alvoradas,
fortes, claras


Eleições no Brasil - Filmezinho (I)


TAKE 1 - A câmera percorre, lenta, a multidão agitando bandeiras vermelhas, segue-se um grande plano em que um homem forte, de cabelo bem grisalho e farto bigode fala ao telefone. Findo o curto diálogo volta a mostrar-se as bandeiras. Sobre elas, passa em letras garrafais o seguinte texto, em cortina, de baixo para cima:
ESTADO DO MARANHÃO 
Área 331 937,450 km2 (três vezes e meia maior que Portugal) 
640 quilómetros de litoral - Cerca de sete milhões de habitantes (20,64/km2) 
*** 
FLAVIO DINO do Partido Comunista do Brasil, foi eleito com 64,02% 
O primeiro governador comunista do Brasil 
Os mídia ignoram ou desvalorizam o facto, 
as bandeiras vermelhas com a foice e martelo 
afastam tabus conquistando o seu espaço. 
***  
Candidato dos Sarney, que governavam o Maranhão há 50 anos, 
ficou-se pelos 32 % 
(guião retirado daqui)

TAKE 2 - A câmera dá a imagem da esplanada, com o senhor engenheiro afagando o seu cão rafeiro e a dizer convicto: "Não sei o que aquilo vai dar, mas depois daquele "Marinho de Saias" o Partido Socialista Brasileiro vai ficar em cacos"
 
TAKE 3 -  A cena começa com um grande plano da dona Esmeralda, depois passa a um zoom-out, onde a câmera a fixa a falar com a vizinha do 4º andar. Segue-se um curto diálogo e, de seguida, dona Esmeralda lê parte do artigo do Avante, em voz alta:
«A nossa simpatia e solidariedade para com a candidatura apoiada pelo Partido dos Trabalhadores e por outras forças de esquerda em que se inclui o Partido Comunista do Brasil, não ignora as dificuldades, contradições e limites do processo de mudança em curso neste imenso país/continente. Nem esquece que a par das eleições presidenciais se realizaram eleições para governador dos diferentes estados, para deputados e senadores e que, apesar de alterações que importa avaliar, a relação de forças daí resultante permanece globalmente desfavorável às forças de esquerda. E bem sabemos que uma coisa é ter a presidência e posições importantes no aparelho de Estado, outra coisa bem diferente é ter o poder. É uma evidência que a vitória de Dilma não assegura por si só o prosseguimento e aprofundamento do processo de mudança iniciado em 2002 com a primeira eleição de Lula. Como as manifestações de Junho do ano passado confirmaram, só com o apoio e mobilização das camadas populares interessadas será possível quebrar a resistência do Capital e avançar com as transformações económicas, sociais e constitucionais que a sociedade brasileira reclama.(...)»
Ia a leitura assim ouvida quando é interrompida pelo grito do Rogérito: "Vizinha, a eleição de Morales na Bolívia, pode dar uma ajudinha à Dilma!"

CONTINUA

12 outubro, 2014

Meu caro Álvaro de Campos, repito-te palavras que já te foram ditas: nem "Todas as cartas de amor são ridículas"


O Cid é um camarada e amigo, (re)encontrado há pouco, graças a este espaço e ao que faço e graças também ao espaço dele, e ao que ele aí escreve. O Cid, desbrava as sombras e as trevas, sulca os terrenos dos omitidos e soterrados e dá-nos a conhecer poemas, cartas, escritos, livros e os rostos de quem os escreve, nesse oficio humilde de os desenterrar, os mostrar ou antecipar aparecimentos. Hoje, depois de um meu comentário num seu voar fora da asa, ligou-me: "tens de o ler, Rogério. É um livrinho pequenino, com setenta cartas..."
«Meu amor, 
O mundo tem os dias contados. E quem pode com o belo que o carregue. Não basta descrever o humano, há que inventá-lo! Não basta ver o que somos, mas o que podemos ser. Quem não sentiu uma mão na cara, para a guerra ou para o amor, não lhe conhece o poder. Quem regressou da morte ao mundo, contrariando duas vezes a natureza, sabe que não deve desperdiçar os dias que lhe são dados, não pode desperdiçar o tempo com aqueles que se afastam. Foi assim, meu amor, que vim aqui parar, sorrindo no alpendre da tua alegria, com um bandolim, um violão e uma garrafa de fazer canções. Andar pelo Universo não é de graça, andar paga-se com a vida. E a vida, meu amor, o tempo em que se vê as formas e as coisas, deve ter responsabilidade. A tristeza não inventa nada. A tristeza tem os pés demasiado apegados à terra, o corpo muito pesado pelo excesso de certezas. A tristeza não voa. Lançada do cimo de um edifício, a tristeza desfaz o seu crânio no asfalto. Como é diferente a alegria meu amor! Já viste, na praia, presa às mãos de uma criança e, mesmo assim, a subir no céu? Não precisas mais do que o vento, para subir. A alegria inventa tudo. Atirada ao mar, a alegria flutua, a alegria nada. A alegria avança em qualquer terreno. Nas densas florestas do teu país, podemos ver a alegria enrolar-se aos troncos das árvores e a pôr a língua de fora. Quem julgas quem inventou a roda, a alegria ou a tristeza? Quem julgas, tu, que inventou a palavra, a calada tristeza ou a efusiva alegria? Quem julgas que inventou o amor? Quem julgas, tu, que inventou Deus, se não a tristeza? Meu amor, a tristeza quer ser maior do que os homens, quer ter a certeza, quer ser ela a dar as ordens, a ditar as regras! A tristeza quer ser omnipresente e omnipotente. A tristeza quer que fiquemos sempre na mesma. Quem julgas que inventou a ciência, a alegria ou a tristeza? Quem julgas, tu, meu amor, que nos pode destruir, a alegria ou a tristeza? Quem julgas, meu amor?

O teu

Carta 24, in "Todas as Cartas de Amor"

11 outubro, 2014

Ena, com catano!, mais de 100 000 visitas em menos de um ano!

imagens de um universo diverso, colhidas na pesquisa "google": «Conversa Avinagrada»

Parece ter sido ontem que afirmava olhar para este meu espaço como se fosse um livro inacabado, um diário onde dia-a-dia me acrescentava e me expunha, e, no entanto já lá vai quase um ano... O tempo passa e nem sempre damos por isso. Mas desta janela, a que chamam "blogoesfera", damos pelo que vai acontecendo, vendo, lendo, escrevendo. A escrever é que se aprende pois se interioriza o como pulsa a vida. O compromisso da escrita, obriga a, mais que olhar, ver; mais do que ler, entender o que os outros, querem dizer. Quando deixo um comentário, arrisco no que deixo escrito. Quando faço um post, não espero que toda a gente goste mas que muita gente me leia. Se quero criar opinião, corro sempre o risco de afrontar um amigo ou de este me considerar "deselegante, precipitado e "autoritário", sem o querer ter sido. 
De amigos, alertam-me para os estar a perder. Talvez. A única certeza que tenho é que é a blogosfera que os vai perdendo. E isso me deixa entristecido. Não são as quase trezentas visitas diárias que me fazem esquecer a "deserção" da escrita. Quanto aos amigos, repito um texto há muito editado, que mantém a mesma actualidade que o sentimento de amizade:
"Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhamos. Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim... do companheirismo vivido. Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida. Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nas cartas que trocaremos. Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices... Até que os dias vão passar, meses...anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro. Vamo-nos perder no tempo.... Um dia os nossos filhos vão ver as nossas fotografias e perguntarão: "Quem são aquelas pessoas?" Diremos...que eram nossos amigos e...... isso vai doer tanto! "
Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!" A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...... Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo. E, entre lágrimas abraçar-nos-emos. Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes desde aquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida, isolada do passado. E perder-nos-emos no tempo..... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida te passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades.... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"

10 outubro, 2014

BES? Vamos ver o que ainda vai dar que falar e o que teremos que pagar. PT? As "golden share" foram pelo cano abaixo. Quem puxou o autoclismo?


Na Assembleia da República de hoje, entre muitos temas e trapalhadas, o BES andou em bolandas e vai continuar... por iniciativa do PCP e do BE, pelos corredores do Parlamento vão ter de desfilar governantes, supervisores, reguladores e todas as pessoas ligadas à família Espírito Santo.
 
Quanto à PT, empresa estratégica que esbraceja para não afundar, foi hoje lembrado que o poder da participação do estado ("golden share") não foi usada por Sócrates para defender, então, o interesse nacional*. Jerónimo, aí, terá dito a um Passos Coelho encolhido: "Não vale a pena persistir na responsabilidade do passado do PS. Um erro não se resolve agravando-o. O que fazem é lavar as mãos como Pilatos" 


* O que Passos lançou à cara de Ferro Rodrigues, passou-se em 2010. Mais tarde, as "Golden share" foram definitivamente pelo cano abaixo. Veja quem puxou pelo autoclismo

09 outubro, 2014

Blogar ou facebookiar, é questão ou não?


Pode-se com uma pedra pregar um prego, dispensando um martelo? Poder, pode, mas não é mesma coisa... e o risco, sendo grande para qualquer inábil no uso de qualquer utilitário, ele é maior se não usar a ferramenta adequada... e se o dedo atingido for o polegar, até pode acontecer colocar um "gosto" sem poder evitar um esgar...
Mas, caso se siga este raciocínio estamos a afastar-nos da questão principal e esta é a de haver ou não antagonismo entre a blogosfera e as redes sociais. Quanto a mim não há. Percebo que um complemente o outro, e faço, eu próprio uso dessa complementaridade. Mas há vocações de origem que não devem ser esquecidas: os blogues foram ferramentas criadas para permitir a um leigo, construir um portal. O facebook, responde a outras exigências do processo de comunicação e, neste, são as potencialidades da rede no que se refere à (enorme) capacidade de poder convocar (e não estou a falar, apenas, na criação de eventos) "amigos" para a leitura de uma mensagem, ou para um destaque, qualquer que ele seja. 
Mas há entendimentos diferentes, por exemplo: um blogue (enquanto portal) é mais adequado ao desenvolvimento de uma opinião, à sua sustentação, à análise, à demonstração do que está a ser opinado e/ou divulgado. Pensar em usar o facebook para tal? Até pode ser. Não comecei eu por afirmar que até com uma pedra se prega um prego?
Não vejo que blogues/sites de referência se pudessem  transferir para as redes sociais mantendo as características que deles deram a projecção que hoje reúnem. Apenas alguns exemplos, muito distintos quanto a temáticas: 
 Dão trabalho, mais do que escrever "entre uma e outra colher de sopa", mas também não podemos prescindir de quem assim o faz (e bem) rejeitando andar pelas redes sociais, pois cada poema que escreve é uma tese...

Tudo isto é discutível. Está pois aberta a discussão!

08 outubro, 2014

A blogosfera já não é o que era, mas importa que revigore a sua força....


  • É certamente "quixotesco" o que penso, mas vale a pena fazer o mínimo para contrariar a limpeza à ética que ainda resta, limpeza que está a acontecer desde há muito, na imprensa. A net é ainda (e por enquanto) um espaço onde se escreve com a liberdade necessária. A blogosfera já não é aquilo que era, mas importa que revigore a sua força interventiva, mesmo com "interregnos para coisas belas" (até porque precisamos delas).

  • Em Maio de 2011, Pedro Tadeu, então director-adjunto do DN, escrevia «Os que me rodeiam avisam: "Não o faças. É um suicídio profissional." Mas não me sinto tranquilo: como pode um jornalista ser honesto com os seus leitores se escrever artigos de opinião política sem revelar as suas opções ideológicas?» e deu a conhecer, nesse seu escrito, as opções que tinha. De Baptista Bastos, de uma outra geração, já há muito que eram conhecidas as suas ideias subversivas, escritas com belas palavras: As palavras, meus dilectos, nunca são uma memória a fundo perdido (assim as descreveu hoje). Foram ambos varridos, num curto espaço de tempo. A saída de Tadeu, fez-se sem alarido conhecido. Baptista Bastos explicou, ele próprio, a sua saída
    Que podemos nós fazer?  Sei lá, talvez escrever...
    _______________________
    PS: Em aditamento ao escrito, Pedro Tadeu foi "apenas" varrido da direcção do  jornal, continuando a sua colaboração (na coluna de "opinião". O mesmo não se passa com José Manuel Pureza. Este foi  mesmo objecto da dita limpeza.

    07 outubro, 2014

    "apenas uma parte residual dos votantes de Marina passarão para o lado de Dilma" ?

    A sinceridade espelhada na face pode vir a decidir a segunda volta, que depende mais da posição do PSB do que da orientação de voto de Marina Silva (que no funeral acenava e sorria). Há imagens que valem mais que mil palavras...

    Treinados pelas metodologias de abordagem da imprensa Lusa (que não é muito diferente da brasileira) alguns comentadores, daqueles que são encartados (e também da blogosfera), dão, como prognóstico, a incerteza no desfecho. Entretanto, suprema ironia, vão semeando no argumentário que "apenas uma parte residual dos votantes de Marina passarão para o lado de Dilma", ou seja, a vitória da direita são "favas contadas". São destros em "caras" e em "aritmética". Ora a Marina, que é moça ladina, mas que saiu do partido da Dilma para fazer-lhe frente apoiada pelo Partido Socialista Brasileiro (depois da morte de Eduardo Campos), está hesitante se arranca já (ou só depois) com o seu próprio partido. Independentemente desta incerteza, uma coisa de duas coisas parece certa: ou o Partido Socialista se sente barriga de aluguer, e não segue mais o que diz esta mulher, ou esse partido ficará feito em cacos e a sua base eleitoral ficará esfrangalhada. Em qualquer das hipóteses, o apoio a Dilma parece depender mais do Partido Socialista do que da desacreditada Marina. E ela sabe-o, os nossos comentadores é que não (ou fingem não saber)...

    06 outubro, 2014

    Aos "desertores" da blogosfera



    De uma penada, dois anunciam a partida. Dois "desertores" desta blogosfera que já não é o que era. Emigram para outros lados ou, simplesmente, abandonam. «Fazer um trabalho sério, consome muito tempo e eu não o tenho» foi o que me disse um amigo, que de tal trabalho sério o que eu registava era uma ironia caustica, quase avinagrada, que considerava (e considero) necessária. Esse já partiu há mais tempo. Sem me dar conta, foram muitos os "desertores" desta rotina diária, desta labuta (quase luta) de acompanhar a "espuma dos dias", ou escrever um panfleto, ou descrever um sorriso ou, colocar no ar, um poema de raiva  ou de amar. Grande parte, partem para as redes sociais talvez porque receber um "gosto" lhes dará a impressão de ser mais lido. Ando por lá e cada vez mais sinto um "gosto" como uma moeda de troca que se coloca mesmo que não se seja lido.
    Recuso o texto curto... «...a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até ao grunhido.»
    Admito que Saramago seja excessivo, mas não me sai da cabeça a palavra "grunhido"...

    Talvez meus amigos voltem à escrita, a este espaço. Eu, aconteça o que acontecer, não o largo!

    05 outubro, 2014

    5 de Outubro: um olhar republicano sobre o outro lado do oceano

    «Bombardeado todo santo dia pela grande mídia com notícias negativas do governo (...), o leitor acaba assimilando as informações distorcidas e tendenciosas como se verdadeiras fossem.» (ler aqui)

    Por cá, a imprensa portuguesa segue a brasileira. A imprensa escrita usa os despachos das agências que abastecem as redações dos jornais brasileiros. Os comentadores encartados, nas colunas de opinião, citam a Veja, a Folha e o Estadão... os telejornais passam imagens da Rede Globo e imitam o que se lá se faz e dizem ouvir o povo. O DN de hoje trás uma primeira página expressiva e dez mil caracteres explicando o inexplicável, à luz da sua própria argumentação: Dilma vai ganhar, não importa se na primeira se na segunda volta.  Mas não é só a imprensa portuguesa que faz fogo à peça. Passo a citar um desmiolado que deixa o seguinte recado: "Cinco razões para não escolher Dilma - lista a Forbes. Hoje é um dia triste para o Brasil, entra em recessão técnica e a verdade é que o Governo falhou e deixa uma herança pesada - lamentava anteontem a The Economist. Sondagens mostram Marina Silva a derrotar Dilma - celebrava Wall Street Journal.(...) Marina (...) tem conquistado perfis de página inteira no Financial Times e insistentes reportagens nas televisões globais."

    Mas então, como é que Dilma se afirma? O que eu acho, é que se afirma pelo que é dito no vídeo abaixo...


    03 outubro, 2014

    Saramago, e o que se diz ser um meio-livro ("Alabardas", está lido)

    Isso, já lido. Li-o no sábado passado, de um fôlego, de um jacto e sem ter parado. Estranho isso, pois há muito que não consigo ler um livro de rajada. Aquele recato que tinha, aquele sossego de espírito e reserva de concentração para devorar palavras, pensá-las e repensá-las... tinha perdido isso. Por cada livro que pegava, pensava: é agora!, e não era. Depois de uma dezena de páginas, já estava a pensar nas tarefas, na intervenção que tinha de preparar. Mais meia dúzia de folhas, e já não se me tirava da ideia as escolas fechadas, os professores por colocar e os enfermeiros a duplicarem horários e as pilhas de processos fora do sítio porque o Citius empanturrou. Mais uma dezena de parágrafos e um voltar atrás para poder continuar e lá me vinham à ideia um mar de assuntos, temas e alguns fantasmas que não me largam. A guerra e as crianças despedaçadas faziam-me desertar da leitura. Como ler tranquilamente com o sangue de crianças a ocupar-me a mente? Como ter concentração e ripanço para poder dedicar a um livro a atenção e o respeito merecido? Até pegar em "Alabardas" não passava de meio-livro. Este li-o inteiro, talvez porque seja apenas meio. E só depois de ler as 66 páginas é que a inquietação e o desassossego me invadiram. E foi um desfiar de memórias, ao tempo em que os escritores não se escondiam atrás da sua obra e saíam à rua...
    "Nunca separei o escritor da pessoa que o escritor é. A responsabilidade de um é a responsabilidade de outro." (escreveu Saramago a propósito de alguém que não quero trazer ao caso). E ei-los, de corpo inteiro, na obra como na marcha, com a coerência de ter de bater a coincidência entre a obra e a vida:
    Marcha pela Paz,1983. Da esquerda para a direita: José Saramago, Piteira Santos, Maria Rosa Colaço, Lopes Graça, Manuel da Fonseca, José Cardoso Pires e Urbano Tavares Rodrigues.(foto Rui Pacheco)
    Falar do livro? Sim (como a nossa imprensa não falou)!
    Merece ser lido? É um libelo!
    E devia ser distribuído, como um panfleto em defesa da paz!

    02 outubro, 2014

    A cultura de guerra desenvolve-se sem que "ninguém" se dê conta... Ó Paul onde deixaste o nosso "All You Need Is Love" ?

    «Depois de 107 horas, um jogador atingiu o nível 30 de Destiny (...)  é referenciado como o primeiro a conseguir tal feito. Gastou no total 107 horas e 15 minutos, "morreu" 251 vezes e "matou" 2008 inimigos. (...) O jogo demorou quase uma década a ser concretizado pelo estúdio Bungie e foi antecipado como o maior investimento de sempre nos videojogos pela distribuidora Activision.(...)
    Como "First Person Shooter", o jogador visualiza os oponentes com uma arma na mão...
    (...) Claro que o objectivo não é olhar para a paisagem mas disparar muitos e acertados tiros para evoluir nas missões, obter troféus e armas e munições e desbloquear competências.»
    O "Público" testou e aconselhou. A banda sonora, espantem-se, é de Paul McCartney  

    01 outubro, 2014

    Diário de um eleito - 13


    Os anjos quebrados deixam os eleitos consternados.
    "Não há dinheiro" responde o Presidente da Junta à minha pergunta, quando era por mim questionado sobre a magreza da Revisão Orçamental que não contemplava a transferência de verbas que a Lei consagra.
    "De revisão orçamental em revisão orçamental, até à penúria final", lia eu na declaração de voto com que a CDU rejeitou o documento de magras e estranhas parcelas, testemunhos frios do lento empobrecimento.
    Os anjos quebrados não são, infelizmente, a expressão de uma metáfora. É uma das muitas imagens que pessoa atenta, vinda da assistência, fez distribuir aos eleitos, dando conta do estado de abandono em que se encontra a QUINTA REAL DE CAXIAS (que tivera em 2009 profunda reabilitação dos jardins e da estatuária). "Não há dinheiro, para o que havia de haver" disse para o meu camarada, à saída da Assembleia para de seguida lamentarmos os destroços da bela obra de Machado de Castro.