06 outubro, 2014

Aos "desertores" da blogosfera



De uma penada, dois anunciam a partida. Dois "desertores" desta blogosfera que já não é o que era. Emigram para outros lados ou, simplesmente, abandonam. «Fazer um trabalho sério, consome muito tempo e eu não o tenho» foi o que me disse um amigo, que de tal trabalho sério o que eu registava era uma ironia caustica, quase avinagrada, que considerava (e considero) necessária. Esse já partiu há mais tempo. Sem me dar conta, foram muitos os "desertores" desta rotina diária, desta labuta (quase luta) de acompanhar a "espuma dos dias", ou escrever um panfleto, ou descrever um sorriso ou, colocar no ar, um poema de raiva  ou de amar. Grande parte, partem para as redes sociais talvez porque receber um "gosto" lhes dará a impressão de ser mais lido. Ando por lá e cada vez mais sinto um "gosto" como uma moeda de troca que se coloca mesmo que não se seja lido.
Recuso o texto curto... «...a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até ao grunhido.»
Admito que Saramago seja excessivo, mas não me sai da cabeça a palavra "grunhido"...

Talvez meus amigos voltem à escrita, a este espaço. Eu, aconteça o que acontecer, não o largo!

12 comentários:

  1. Fiquei tocada porque tantas vezes me sinto incapaz de continuar...
    Também ando cansada do like mas no face estou próxima de família que está longe, vejo crianças que vão nascendo e crescendo, vejo fotos de casamentos, vejo rostos da minha infância...
    E cá vou continuando a marcar presença...não sei por quanto tempo!
    Também vou sentir a falta da Tétisq!

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  2. Bom dia Amigo
    Já faz tempo que reparo nesta saída sem graça de muitos companheiros desta jornada. É mais fácil o Facebook ou o Google +. Escolhas pessoais que não contesto, mas de que não gosto.
    Por lá passo só para saber as novidades e por vezes é tão rápido que nem as chego a ler.
    Há ainda outro contra. Se eu quiser deixar um comentário vai aparecer como partilha no meu espaço e isso eu não gosto, não quero nem aceito.
    Alguns ainda apresentam a entrada antiga,mas já são poucos.
    Um blogue dá trabalho, mas é diferente porque nos exige criatividade, organização e comunicação.
    Nem sempre tenho textos guardados.Algumas vezes as criações são feitas a altas horas da madrugada quando o silêncio me faz companhia.
    Direi como disseste:
    - Continuarei por aqui até que a minha alma e eu conseguirmos sonhar com um mundo melhor e mais justo.
    Um abraço.

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  3. «Fazer um trabalho sério, consome muito tempo e eu não o tenho»

    Talvez por isso a seriedade e o respeito por quem nos lê seja tão rara.
    Confesso que o facebook pouco me diz e os blogues continuam a ter o dom de me cativarem, pela criatividade e pelo conhecimento que me têm proporcionado.

    Embora de uma outra forma, mais modesta, tento também resistir aos grunhidos, voando, cantando e sonhando :)

    beijinho

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  4. Há sempre tanta folha a cair nesta altura do ano... mas a Primavera há-de vir!

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  5. Deselegante, precipitado e "autoritário", o teu post, mas, como diz o Eufrázio, tudo se move, até o vento e as tuas palavras vão com o vento e para bem longe.

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  6. Caro Rogério Pereira

    Sempre apreciei o seu estilo "provocatório" especialmente quando o que escreve é da sua lavra, mesmo que recorra a alguns "auxílios".
    De facto senti o toque e bem dado. Faz tempo em que quase todos os dias escrevia um post. Não por qualquer obrigação. Um acontecimento do dia anterior, uma noticia no noticiário das 7h na antena 1, um qualquer acontecimento, uma musica que me apeteceu ouvir, ou até um poema que algo me fez lembrar, dava para fazer um post. Quantas vezes começava e deixava para acabar mais tarde.O tempo era muito escasso mas havia sempre algo para publicar.
    Mas mais do que isso, havia sempre tempo para visitar os blogs amigos e deixar um comentários, umas vezes curto outras vezes comprido.
    As visitas continuam, mas com muito poucos comentários. Será falta de tempo? Nada disso. Falta-me muita coisa, mas tempo não. Talvez um conjunto de acontecimentos na minha vida me tenham tirado a motivação contra o qual luto diariamente, mas...
    Abraço Forte para si e às amigas e amigos que por aqui passarem.

    Rodrigo

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  7. Concordo em absoluto com esta ideia do grunhido.... Mas há, de facto, muita gente a aderir incondicionalmente ao facebook porque é mais fácil de gerir e tem respostas imediatas. Alimentar um blog dá algum trabalho e pode até acabar por cansar. Além de que muitos visitantes nada dizem e uma pessoa acaba por esmorecer...

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  8. resistir sempre!

    acho que desertaram para o facebook embora eu não seja muito adepta daquela salada russa.

    :)

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  9. Li este texto, ontem. É preciso ter noção de que, só quem quer vir, é bem-vindo. Porque, também na blogosfera, o "deve" e "haver" se verifica, claramente, pelo que nunca saberemos se o que escrevemos é lido, se as palavras deixadas são sentidas. Para mim isso funciona como um entrave à partilha. Ao fim de algum tempo, torna-se difícil.

    No caso do Rogério, porque a "filosofia" do seu espaço tem um objetivo preciso, talvez seja mais
    fácil. A Poesia (deixe que lhe diga) exige mais. Emocionalmente é muito desgastante.

    Umas pausas, aqui e ali, fazem falta!

    Beijo

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  10. uns ficam, outros vão

    há blogues que valem a pena outros, não

    o silêncio não significa alheamento e mais valem poucas e sentidas palavras do que o contrário

    fique por cá, que tem sempre leitores

    um abraço

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  11. Claro está que o Rogério tem razão ao referir a "tendência para o monossílabo".
    Se os títulos do Correio da Manhã (p.ex. a casa do Ronaldo fica a 17 km do Ébola)interessam à esmagadora maioria da população portuguesa e os jovens se converteram à religião do "like", que fazer?
    É a lei do menor esforço que impera. E muito boa gente interroga-se: valerá a pena?

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  12. Calma, eu tenho andado por aí, como o Santana da misericórdia! Fechei a mercearia porque abriu o continente mas estou à espera de uns fundos de tempo para a recuperar!
    Um abraço a caminho de dias melhores

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