31 julho, 2015

Mesa Redonda (6) - Tema: "... o que não muda..."


Eu (abrindo a sessão) - Hoje o tema é a "mudança". Vamos falar como mudar...
Meu Contrário (contrariado) - Preferia falar sobre o que não muda
Minha Alma (admirada) - E não é a mesma coisa?
Meu Contrário (sentencioso, entre o sério e o gozo) - Não, não é! Se percebermos bem o que não muda, estamos mais habilitados a perceber o que é necessário mudar...
Minha Alma (interessada) - Não percebo!, podes exemplificar?
Meu Contrário (persuasivo) - Se seguiste o alarido em torno do que se passou naquele partido... percebes que agora nada gira em torno do que há a fazer mas sim à volta de quem é melhor para o fazer?...
Minha Alma (completando a ideia) - ... e todos esquecem discutir o que deve ser feito...
Meu Contrário (afirmativo) - Isso mesmo. Tal como tem vindo sempre a acontecer... os militantes são confrontados com pessoas... porque são as pessoas que operam as mudanças, mas não discutem o que é necessário mudar...
Eu (que até aqui tinha ficado calado) - A melhor maneira de não mudar coisa nenhuma é ir mudando... pessoas. O resto vai ficando igual... mudará só o estilo e a intensidade desse fazer ...
Minha Alma (desanimada) - ...não poderemos esperar resultados diferentes... Então, só podemos esperar pessoas diferentes para fazerem coisas... iguais!
Eu e Meu Contrário (em coro) - Nem mais!
reeditado, com pequenos ajustamentos
 - original em 30 jan, 2013

30 julho, 2015

Aposto que não figuram nas listas de candidatos... estão fartos!

Sei que estas imagens, de repetidas, estão gastas. Mas não está gasto o percurso percorrido. Antes, ele continua aberto para quem se apronta, aprontando-se como o vídeo (irónicamente) nos mostra: 

29 julho, 2015

«Porque o PCP não quer ser poder?», perguntou-me ele


Não me passa pela cabeça falar da intimidade de um almoço, mais a mais tratando-se de um jovem quadro de um partido do governo, desalentado por o projecto em que se empenhara (e empenha) ter emperrado. Emperra, estrangulado pela burocracia e por mais um montão de dificuldades. 
O convite partiu dele, como resposta minha ao seu expressivo lamento: "o investimento é tratado com oportunismo, e os oportunistas são tratados como investidores"... A conversa, diversa e dispersa, aflorou um pouco de tudo. Os filhos dele, e as filhas minhas. Os avós. A educação e os valores. Os referenciais das crianças e como sabemos se as educámos mal ou bem. Depois, e porque as palavras são como as cerejas, falámos das motivações profissionais e as opções que temos de fazer na vida e o custo que isso tem. De vez em quando fazia um ó de espanto, mas acreditando no que me ouvia. Entretanto eu acreditava no que ele me dizia. 
Quanto ao que falámos de política, Jerónimo hoje fez um excelente resumo, em 19 minutos, do que eu lhe disse. Depois de me declarar, sem que lhe tivesse perguntado, qual ia ser o seu voto, lançou-me a pergunta sacramental:
Porque o PCP não quer ser poder?
Será, quando o povo quiser! 
(despedi-mo-nos sem que lhe dissesse que votar em branco nem será um grito de alma e combinamos novo almoço lá para Outubro)

28 julho, 2015

Janela de oportunidade, com grade...


A janela, e a grade que puseram nela
Entre o espaço dali
E o de lá
Havia um pequena fresta
E a luz da manhã
Vinha todos os dias beijar-lhe o rosto
E os sons da manhã
Vinham todos os dias acordar-lhe o sono
E os odores da manhã
Vinham todos os dias dar-lhe conforto 
Hoje, a fresta é uma gradeada janela
E nada lhe entra ou sai por ela

Como é que se sai disto?
Rogério Pereira, 11.Set.2012 (reeditado)

26 julho, 2015

Deixemos Detroit, falemos de... Cuba

Deixemos Detroit e o significado da sua decadência pois na data que hoje se celebra Detroit era a sede do "Sonho Americano" e de Detroit pouco mais resta... Falemos então de Cuba, mas sem repetir palavras já escritas sobre o significado da data. O que eu quero dizer sobre Cuba é sobre a rebeldia do povo cubano, sobre uma outra revolução, sobre o poder de uma comunidade contra a adversidade... hoje, neste 26 de Julho. 

 Há tanto tempo que tenho isto debaixo de olho

Não se enganem com essa paisagem amarela... não é Marte, é mesmo da Terra

Há surpresas que, não sendo surpreendentes, não deixam de nos surpreender. 
Lembrarem-se de nós é bom saber. Foi agorinha mesmo...

25 julho, 2015

(Talvez) um dia histórico - II

(outro, 5 dias depois do hastear da bandeira de Cuba)


Não, não é um edifício de Havana. O aspecto engana. É Detroit. A cidade do sonho americano, capital da indústria automóvel antes desta ir emigrando para países para onde se foi deslocalizando e (um pouco) antes de os carros japoneses e alemães virem a serem os preferidos pelas famílias mais abastadas ou (mesmo) pelas remediadas. Detroit, de berço da Ford passou a berço de marginalizados, de sem-abrigo e de empobrecidos. De cerca de 2 milhões de habitantes, passou a pouco mais de 700 mil. Não, não sofreram qualquer cerco  nem bloqueio, pelo que sei e creio. 


Havana terá poucos mais habitantes que tinha Detroit. Sujeita ao cerco da imprensa e ao bloqueio da economia, sobreviveu com a sucata de Detroit como transporte.Que ironia! Passou privações? Fome? Como não passar? (e sobre o seu desenvolvimento, aqui virei num outro momento). Fica para já uma viajem guiada, e uma notícia, linda:

24 julho, 2015

A propósito da entrevista do primeiro ministro

Suponha que a mentira era uma máscara. Se pequena, nem se daria por ela. Se insistente, repetida ela seria gradualmente mais horrenda a ponto de causar horror ao próprio mentiroso. Contudo, a realidade é bem diferente. Nem consta que o rosto se lhe tenha alterado, com o discurso despejado, nem se confirma que os seus aposentos estejam despojados de espelhos...
Desgraçadamente, ele convive bem com a cara que tem! 

23 julho, 2015

Se eu pintasse.. saberia que nem só de verde se pinta a esperança



Maria Pereira Lopes, 4 anos em Setembro de 2014, assim



Diogo Viana, 4 anos em Fevereiro de 2014, aqui


Ah, se eu fosse criança


O Mundo está um atropelo? Está!
A cor também!
A trama, o tom, a sombra
o traço que falta ou que sobra
E a luz que estorva
a suavidade do traço

Procuro o figurativo
e não consigo
a imagem do que vejo
do que fazem, do que eu faço
e desenhá-lo num só pedaço

Quero um quadro
mas não sei como pintá-lo

Ah, se eu fosse criança
talvez soubesse que não só de verde
se pinta a esperança
Rogério Pereira

22 julho, 2015

Se eu pintasse... escolhia, como tema, a utopia



"Todo artista busca seu Taiti, mas apenas Gauguin o encontrou e ninguém mais poderá encontrá-lo enquanto tudo aqui não for transformado, de modo que cada um possa criar em qualquer parte seu próprio Taiti imaginário."
Georg Lukács (ler aqui)
Num manifesto lido por aí, Barnett Newman fala de arte sem que tal escrito alguma contestação me mereça. A questão não é essa. Acho até o manifesto acertado, pena que o artista tenha desistido de pintar o paraíso.

------INICIAÇÃO À PINTURA-----
“Pinte-se o céu da cor que te aprouver,
Faça-se luz no traço em movimento,
Cozinhe-se outro mundo, a fogo lento,
E engendre, o coração, quanto puder! 
Reinvente, cada homem e mulher,
A génese adequada a cada intento
Roubando a tempestade ao próprio vento
E a centelha de cor que se acender! 
Depois… é uma dança, um medir forças
Dos braços que se movem como corças
Sobre a nudez da tela ou papelão… 
E não se pára enquanto o fim não chega!”
Relembro enquanto a força se me nega
E a cor se me desfaz num turbilhão…
Maria João Brito de Sousa (daqui, reeditado)

21 julho, 2015

(Talvez) um dia histórico



BREAKING: Cuban flag is raised on reopened embassy in D.C.
Posted by NBC 6 South Florida on Segunda-feira, 20 de Julho de 2015

Coisas que eu não conhecia, mas nunca é tarde para conhecer...

20 julho, 2015

O Grexit terá sido estudado em segredo, (o impacto e as consequências também?)

Imagem roubada à Olívia
As consequências de uma saída da Grécia foram um assunto estudado detalhadamente, em segredo, por uma equipa de 15 técnicos da Comissão Europeia ao longo de semanas, segundo o jornal grego Khathimerini. No relatório que fizeram são recenseadas cerca de 200 problemas que poderiam resultar de um Grexit, incluindo potenciais consequências sociais devastadoras.
No Público, hoje
Segundo Jerónimo de Sousa, só o governo grego não estava preparado.
Leu?
Do lado europeu o modelo está estudado. 

19 julho, 2015

Quando há palavras que valem mais que mil imagens

Às vezes acontece as palavras valerem mais que mil imagens. As imagens que aparecem, com frequência, de Jerónimo de Sousa são fugazes e quase sempre com o homem a ir dizer aquilo que, se começa, não acaba. Quase sempre lhe vão cirurgicamente focar o que argumento dito na mais que evidente preocupação de lhe desvalorizar o discurso e de o poder mais tarde manipular fazendo passar o que não foi dito. Raramente acontece o que aconteceu hoje: o que o Público fez, E coisa rara, com chamada de primeira página. Alguns extractos:  

A GRÉCIA 
...essa falácia da União europeia, da coesão e da solidariedade ficou totalmente estilhaçada.
... E o exemplo da Grécia revelou até onde as instituições europeias e o FMI podem ir nesse processo de vergar os povos, de exigência da abdicação da sua soberania e do seu devir colectivo. 
 ...Um referendo realizado no quadro da chantagem e da pressão internacional onde valeu tudo e ainda assim, o povo grego manifestou-se contra. Foi um acto corajoso.
... Não queremos monitorizar o posicionamento dos gregos, mas é uma lição de que num confronto desta envergadura, a questão de cada povo e cada Estado estar preparado para um embate desta natureza é fundamental. Creio que o povo grego estava preparado, o Governo grego não estava.
A SAÍDA DO EURO
... O mais fácil é dizer ‘sai do euro’. A questão é: como é que se sai? E creio que essa é a grande omissão e improvisação. 
... Quando falo da improvisação, era uma questão que estava colocada, mas o povo e o governo gregos não estavam em condições para uma saída súbita. 
... Quanto a futuros alinhamentos, pode haver uma contradição de um partido que acolheu um grande anseio popular mas que, pelas suas próprias características, pode não ter interpretado essa vontade de mudança do povo grego.
 ... Essa coisa da coesão e da solidariedade é como aquela da folha de couve, veio um burro e comeu. ... o problema é que a questão continua a estar colocada: esta transferência de soberania não é uma questão pequena. 
... A questão da reestruturação foi sempre um tabu. Os credores não querem mas, como devedores, também temos direitos e a questão da renegociação da dívida portuguesa vai-se pôr ou por iniciativa nossa ou dos credores. 
 ... Nós temos um problema: o Governo disse que temos os cofres cheios. Mas estão é cheios de dívidas: substituíram dívida velha por nova - e isso não nos dá tranquilidade nenhuma. 
 ... Em primeiro lugar: como pode ser aplicada uma moeda única com economias tão diferentes como aquelas que existem nos 19 países da zona euro? ... a entrada no euro fazia ressuscitar a velha tese do confronto entre a panela de barro e a panela de ferro. 
 ... E verificamos consequências no plano económico e financeiro: destruição da produção nacional, das empresas estratégicas (metalomecânica, indústria naval, siderurgia nacional), da destruição das nossas pescas e marinha mercante. Somos um contribuinte líquido se tivermos em conta a questão dos dividendos e lucros que saem para a UE e que estão longe de serem compensados com os fundos comunitários que nos enviam. Entretanto desenvolveram-se os mecanismos de aperto (a questão da UEM, o Tratado Orçamental, a governação económica), que são espartilhos para o país se desenvolver de forma soberana no plano económico.
 ... Sabemos que uma saída do euro por si só não resolve as coisas. Nós consideramos, no quadro da política alternativa que propomos, a conjugação da necessidade da renegociação da dívida com a de termos dinheiro para o investimento para pôr Portugal a produzir e termos soluções duradouras para a Segurança Social, emprego e criação de riqueza.
 ... o grande argumento do Governo era ‘nós estamos à beira da bancarrota, precisamos de resolver o problema da dívida. E passados quatro anos, ela aumentou 50 mil milhões de euros.
 ... o problema é que o grosso dos cortes foi nos salários, nas pensões e reformas, ... ao mesmo tempo que se alivia o IRC aos grandes grupos económicos e financeiros. 
... A questão de fundo é que quem pagou foi quem trabalha. Os cortes brutais na saúde, educação, segurança social tiveram um efeito tremendo. Temos hoje quase mais meio milhão de postos de trabalho destruídos. Não somos nós que dizemos. Mais 800 mil portugueses em risco de pobreza nestes quatro anos. Com níveis de precariedade que atinge particularmente as camadas mais jovens. Como é que o país pode estar melhor se o seu povo está a viver pior? 
O PROGRAMA ELEITORAL
... É fundamental o aproveitamento dos recursos naturais, num plano do subsolo para explorar e transformar para exportar. Enchem a boca para falar na economia do mar depois de terem destruído a frota pesqueira, a marinha mercante a indústria naval – não é separável um investimento na capacidade de criar mais riqueza neste sectores. E um processo de reindustrialização virado para as PME, facilitando no crédito, nos custos dos meios de produção, um alívio da brutal carga fiscal. 
... A Constituição refere a coexistência do serviço público, privado e cooperativo. No quadro de uma economia mista, - e para sacudir essa caricatura de que o PCP quer nacionalizar tudo -, esse controlo público pode ser feito por nacionalização mas também por um controlo efectivo tendo em conta o investimento que o Estado fez nessa banca comercial. Para um crescimento e desenvolvimento soberanos é fundamental Portugal ter as alavancas económicas para a concretização desse objectivo. Vamos insistir. Quem é que entende uma privatização da EDP? Dava lucro, dá lucro. Dos CTT? Dava lucro. 
... há sectores que dificilmente dão lucros tendo em conta a dimensão social do serviço que prestam. Nós não estamos a exigir que tudo dê lucro, não exigimos que os hospitais dêem lucro. ... quando falamos de sectores estratégicos, ninguém entende como é que se privatizou uma ANA, que dava milhões de euros de lucro. Eu não queria transformar o oceanário numa referência contra as privatizações.
… Quando o Estado perder essas alavancas e precisar de encontrar receitas, como é que vai fazer? Corta nos salários ou aumenta os impostos. Propomos criar uma taxa extraordinária sobre as empresas que tenham mais de 500 mil euros de euros de lucros, o que se aplicaria apenas sobre 12% das empresas. Esta é a pedra angular: o reforço da sustentabilidade da SS passa inevitavelmente pela criação de mais emprego. Os descontos devem ser feitos em função do número de trabalhadores, a TSU deve manter-se como está. É um presente envenenado do PS baixar a TSU dos trabalhadores para depois tirar mais à frente quando o trabalhador se reformar. 
A FRAGMENTAÇÃO À ESQUERDA E AS ALIANÇAS 
 ... Em termos de fragmentação, o problema é sempre o PS. É importante que os partidos façam o que prometem aos portugueses. A prática é o grande critério da verdade. Verifica-se que o PS, em minoria, na oposição ou com maioria absoluta, sempre fez uma opção: identificou-se com a política de direita, fazendo acordos e entendimentos naquilo que é estruturante. ... O nosso problema são estes posicionamentos do PS. 
 ... Questionamos as sondagens, não pelo resultado – aquilo são tendências -, mas pelas leituras. ... em relação à CDU dizem que estagnou. Bom, se fossem verdade estes 10 ou 11% dariam 25% de crescimento [em 2011 teve 7,91%]. 
... vemos muitos portugueses que olham para nós reconhecendo que estão perante gente séria, que assume os compromissos, que tem propostas. É maior a simpatia do que a opção do voto, não nos iludimos…
 ... sinto uma maior abertura na forma como sou recebido – não estou a dizer que toda a gente gosta. Não só nos ouvem como procuram esclarecer as nossas posições e incentivam - mesmo gente que não vota na CDU.
... o reconhecimento das pessoas de que de facto não são todos iguais, é um elemento que também conduz a este possível crescimento da CDU. 
... Mas vamos às questões estruturantes: a questão da dívida: qual é a resposta do PS? Nenhuma. A questão do amarramento ao Tratado Orçamental e à política económica? Diz que é para ser cumprido e acrescenta a palavra ‘inteligente’ mas isso não diz nada. Nas privatizações? Há uma pequena diferença com a direita: o PS defende a privatização aos poucochinhos, a direita é mais radical. Legislação laboral? A proposta do PS é simplificação dos despedimentos. 
... António Costa diz que é preciso um acordo e os conteúdos depois logo se vê. Ora, nós consideramos fundamental o diálogo, que deve existir, mas um governar para quê? E para quem?
 ... O problema está do lado do PS, pressupondo a sua afirmação de que é um partido de esquerda. 
TRABALHO PARLAMENTAR E REJUVENESCIMENTO 
... O PCP faz um balanço muito positivo da actividade parlamentar. É uma bancada com características muito interessantes, muito rejuvenescido, renovado, com jovens a afirmarem-se com uma grande capacidade, o que nos enche de satisfação. 
... Acho que devemos continuar a ser audaciosos. Isto não significa a dispensa deste caldeamento entre a experiência e a juventude. 
... É uma injustiça não reconhecer o papel do Miguel Tiago na comissão do BES. Foi um trabalho de grande valor de um jovem que teve que se preparar, estudar e conseguir ter um grau de intervenção que esteve ao nível do camarada Honório ou de qualquer outro economista que por ali tenha passado. 
A SUA SUBSTITUIÇÃO
... O que sinto por parte dos meus camaradas é incentivo e estímulo e, da minha parte, enquanto tiver esta capacidade de saúde e força anímica
... Mesmo às vezes os cansaços são cansaços bons e depois há o incentivo das pessoas. 
SAMPAIO DA NÓVOA
... Aquilo que nos tem animado sempre é o contributo que podemos dar para a eleição de um Presidente da República que cumpra e faça cumprir a constituição. Algo, aliás, que o actual PR não fez.
 ... Em relação às presidenciais temos este instrumento que é a deliberação do congresso de que o PCP irá intervir de modo próprio, que pode ser com ou sem candidatura. Nos dias seguintes às legislativas iremos definir a nossa posição em relação às presidenciais. Neste momento não temos posição em relação a ninguém.

17 julho, 2015

Hoje chamaram-me gaulês

Textos sobre a saída do euro, 8 páginas vezes 4 posts. É obra! Tenho-os no sítio!
Voltei a fazer o que há tempos tinha feito  Faço-o com frequência para testar a minha própria coerência. Perfeito. E dou por me chamarem gaulês. E a adjectivação feita não é sem razão. Ei-la, perfeita, em caixa alta, na imprensa.

 

16 julho, 2015

A imprensa e como ela quer que eu pense como ela pensa

Não, nem todos estão estão a ser formatados...
Dezenas de jornais e revistas, milhares de títulos levam à ideia de escolha e ela existe. Podem-se comprar jornais diferentes, revistas desiguais, escolhidos por critérios vários. Além disso, há também os hábitos, quem fielmente leia sempre o mesmo, perdendo-se a razão disso ao longo do tempo. Entendo isso mas descubro, sem espanto, que há algo de transversal a qualquer redacção de qualquer jornal. É algo que formata a opinião ou que a mantém dentro de limites  estreitos (que se fazem passar por amplos). Há quem sobreviva ao pensamento único? Haver há, mas custa muito! Se quiser lutar contra isso, comece por entender que a tal imprensa diversa é dominada por um número reduzido de cabeças. Meia dúzia, ou pouco mais: 

15 julho, 2015

O Presidente e a metáfora

"Quando os problemas são muito difíceis, eu recordo-me no meu tempo, que era fechar os primeiros-ministros e chefes de Governo numa sala e não deixá-los sair e às vezes não dando sequer sandes para eles comerem, até conseguirem chegar a um acordo" disse este, mas podia ter sido outro qualquer presidente europeu. 


Na metáfora de Magritte, os povos são pássaros, engaiolados, calmos, sem ira. Obrigados à conciliação das asas cortadas, perante a ameaça de mingua, perante a negação de comida... A ameaça da fome é a base das decisões consensuais.  Disse ele, num dia dedicado à Fileira da Pesca, onde a realidade é coerente com a ideia: há menos 15 000 barcos na faina...

Então, não falemos (só) da Grécia...

 

«Os donos do capital incentivarão a classe trabalhadora a adquirir, cada vez mais, bens caros, casas e tecnologia, impulsionando-a cada vez mais ao caro endividamento, até que sua dívida se torne insuportável» -Marx, citado por mim

«A dívida pública tornou-se uma das mais enérgicas alavancas da acumulação original. Como com o toque da varinha mágica, reveste o dinheiro improdutivo de poder procriador e transforma-o assim em capital, sem que, para tal, tivesse precisão de se expor às canseiras e riscos inseparáveis da sua aplicação industrial e mesmo usurária. Na realidade, os credores do Estado não dão nada, pois a soma emprestada é transformada em títulos de dívida públicos facilmente negociáveis que, nas mãos deles, continuam a funcionar totalmente como se fossem dinheiro sonante. Mas também (...) a dívida do Estado impulsionou as sociedades por acções, o comércio com títulos negociáveis de toda a espécie, a agiotagem, numa palavra: o jogo da bolsa e a moderna bancocracia.» - Marx, citado pelo "Castendo"

13 julho, 2015

Um pedido surpresa, que não neguei (não nego um pedido a ninguém)

 

Um dia, da semana passada, foi-me pedida autorização para usar um poema meu. A razão dada relacionava-se com um aniversário. E fui avisado de que o meu poema- -prenda iria ter como título "Palato". Disse que sim. E depois percebi como me descobriu, e fui provar daquele vinho
Ficámos amigos, claro.
PALATO
as lágrimas sabem a sal
nem sempre sabem mal
os beijos a rebuçados
uns de mel outros frutados
e o amor
seja lá isso o que for
mantém o mesmo sabor

a ternura tem um travo
agridoce
suave  suave  suave
até que passe
ou volte a acontecer

o prazer
o sabor que tiver que ser

a discussão
quando acre é posta de parte

se tem sido perfeito o entendimento?
quase sempre
dependendo do momento e do estado
em que se encontra o palato
Rogério Pereira

A Grécia e o plano B... da Alemanha


O secretário geral do meu partido tem dito e repetido que Portugal tem de preparar o processo de saída do euro. Num texto pouco comentado, citei Jerónimo onde este dizia que a saída de Portugal da moeda única nunca poderia ser um "acto súbito".  Mas o meu partido também tem dito e repetido que teremos que estar preparados para uma saída forçada. 
Na Grécia, o Syrisa não só não se preparou para isso, como não ultrapassou a «contradição entre o não querer mais austeridade e pretender permanecer no euro». 
O governo grego não preparou um "plano B". 
Fê-lo a Alemanha, e, a confirmar-se a denúncia de Varoufakis, a situação é mais grave e totalmente fora do que o comentadeiros encartados vinham a comentar. 
 

11 julho, 2015

Quando a má sorte mudar...


Cada objecto guardado tem a sua história. Se exposto, a história pode ser contada, porque os objectos guardados o são por mais que uma razão, mas há uma primeira: são íntimos. Se os mostrados estão arrumados tal significa que estamos sempre prontos para contar a sua história. Se os objectos são fotos, a história pode ser longa. Como nunca guardamos fotos não queridas, sabe bem falar das expostas... Depois há as estátuas, e aí as histórias que elas de si contam apelam a outra memória e um pouco à imaginação. E temos os barcos... Ele, como eu, gosta de barcos. Pediu um, aquele. Colocou-o no chão e foi-o empurrando simulando navegar.
- Que mais gostarias de ser? Marinheiro? Pescador?
- Pescador!
- Pescador? Se tal vieres a ser, três sortes terás de ter. Não num dia, mas na vida toda!
- Três?
- Sim, três: sorte para teres bom tempo e mar manso, sorte para encontrares o cardume e capturar o pescado e sorte para que a venda te renda. A sorte mais difícil de ter é esta, a da venda...
- Porquê?
- Porque é uma má sorte imposta ao pescador!
Ele olhou-me muito sério e não tenho a certeza de ter entendido.
- Posso levar o barco?
- Quando a má sorte mudar, podes levar!

10 julho, 2015

Sondagens? Só as minhas!

As sondagens de opinião e os estudos de mercado não diferem muito. Umas servem para promover uma opinião outras um produto. Ambas trabalham com as expectativas e com as tendências... Usam ferramentas e metodologias experimentadas, já há muito testadas e são publicadas acompanhadas de fichas técnicas, a fim lhes dar credibilidade cientifica. Infalível. Infalível? Deus nos livre, como é demonstrado em exemplo recente. Deste, fica-me a impressão: são um excelente meio de manipulação! Umas vezes resulta. Outras não!
Sondagens? Só as minhas!

09 julho, 2015

Ressaquemo-nos!



(Em prime time e em canal aberto). 

Saldo "final": O Freitas foi certeiro quando responsabiliza a Europa por tantas trapalhadas (Ucrânia, Refugiados e Euro); Vitor Bento entende que os gregos que votaram sim é que souberam ler bem o texto referendado (foi conselheiro de Estado... do Cavaco); A Bonifácio deve andar à procura de tacho (é o que eu acho) e o Octávio fez bingo, duas vezes: 
  1. A grande contradição do Syriza é querer acabar com a austeridade permanecendo no euro. 
  2. A citação de Churchill: feio é-se toda a vida, da bebedeira sai-se com uma ressaca. Dói, mas passa!
 Ressaquemo-nos!

08 julho, 2015

Este anúncio é serviço público!

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQ3IJPh1SaMLEMQkECnIBeBoTCjAIk-hfpwUqFhR2mLdt1SUcmHf6IEkhMupYpdVGEeISlJG36YAkSiMhk3lIiBEVOIR0kJj-llrhnpB9zoQA2129T55YumWP8BzolqJCh_bycqii41SU-/s550-a/As+palavras+e+os+atos.jpg 

Episódio 6  - dia 9 - 20,50h

Neste programa ir-se-á analisar a vitória do "Não" no referendo grego e as suas consequências. Como será o futuro da Europa? Quais as possíveis implicações para Portugal?
Em estúdio estarão: Diogo Freitas do Amaral, Maria de Fátima Bonifácio, Octávio Teixeira e Vítor Bento.

07 julho, 2015

Antígona, a memória e o registo de um adeus!

Mariana Rey Monteiro e Maria Barroso no primeiro acto de Antígona
Nada se afasta da minha memória. Tenho-a presente: foi em 1965, a sala cheia e o palco também. Este preenchido, menos pelo seu pequeno corpo e mais pela força da voz. Presença imensa a contrastar com a humildade que transportava no trato. Nunca a tinha visto e sabemos que é muito difícil desfazer a imagem causada por uma primeira impressão. É essa que fica, para o resto da nossa vida. 
Adeus, Antígona.
imagem encontrada aqui

06 julho, 2015

Grécia e sobre o que a nossa imprensa "pensa", pensando que pensamos como ela quer que nós pensemos....

 
NOTA 1 - Não costumo fulanizar, destacar personalidades. Dou mais atenção aos actos, às decisões, às posições. Quase sempre refiro (e por vezes cito) as pessoas que os cometem, que as tomam, que as assumem. Não inverto valores, os homens valem pelo que vão fazendo, pelo que vão decidindo e pela verticalidade que se lhes reconhece. Vai Varoufakis ficar na História, dessa que glorifica heróis? Depende do que faça depois da hora em que a imprensa disse ter ido para casa...
NOTA 2 - A imprensa golpista, só pensa em golpes. Ameaça ora com Putin, ora com a China. Podia, da China, ao menos referir o nome Xi Jinping, mas não o faz. Não venho especular sobre nenhum pano B, mas, a existir, acho que nem Putin nem Xi Jinping assinariam o quer que fosse. Porquê? Nicolau Santos explicou há um ano e pouco. Se ele estiver errado, eu estou errado. Mas errar não é pecado. Pecado é repetir o erro... ou o enredo.

05 julho, 2015

Impossível é apenas aquilo que ainda não aconteceu. Mas se começa...

Quando em Fevereiro a ouvi, fiquei com a certeza que o impossível iria acontecer.
Parte já aconteceu a outra parte ainda falta. 

(Hoje não me apetece falar da "pasokização" do PS)

01 julho, 2015

Ulisses propõe-se seguir adiante, enfrentando tormentas e dores.

«(...) A Grécia com o pescoço entre os dentes do capital, à beira de sucumbir, lembra a "raça" de seus antepassados e o ser "menos" pelo "ter" torna-se "MAIS" pelo "SER". Mas a escolha faz-se entre a fome com um pau pelas costas e a fome com as costas livres. Que família é esta que humilha, maltrata e subjuga assim os seus filhos? Hoje sinto-me grega. Não entendo nada. Sei que estou do lado da Grécia, aconteça o que acontecer. Entre Cila e Caríbdis, Ulisses propõe-se seguir adiante, enfrentando tormentas e dores. Outros há que preferem embasbacar fascinados pelo abismo.»
Olívia Marques, no facebook

Foto de Olívia Marques.