18 outubro, 2015

Fernando Pessoa, quem iria supor que foi um mau empreendedor... bem sucedido onde não tinha apostado

Ainda mal me tinha desfeito da gravata, com todo o cuidado para lhe manter o nó intacto, quando tropecei o olhar num livro, pousado em cima do teclado. "Fernando Pessoa: o editor, o escritor e os seus leitores". Folhei-o atentamente enquanto ela me vinha pousar a mão no ombro a acompanhar-me a curiosidade. "Foi a vizinha do segundo andar que o trouxe. Achou que te interessaria". Permaneci silencioso e fui progredindo no desbravar das páginas. Que coincidência perfeita, que sorte a minha, tinha ali a resposta. Depois de ter estado (durante dias) a tentar perceber para que serve o empreendedorismo, as exigências, os riscos, eis ali a pista para um "case study". 
Consta do livro uma referência a uma experiência falhada. Falhada à luz do que ilustres conferencistas e gente institucional bem instalada dizem ser insucesso. Por tudo o lá dito, terá sido isso. E isso é também o que vem no livro. Do então falhado empreendimento reza a página 156 que Pessoa passou largos meses a aproveitar as folhas da start up falida, do papel timbrado não usado, de envelopes não enviados e de impressos de facturação não emitida, para seus apontamentos literários. Teria 21 anos. Foi nesse momento que passou a ser um verdadeiro empreendedor, daqueles que nas conferências ninguém fala, pois a moda passou a ser outra...embora com os mesmos resultados.

Hoje há capital-de-risco, capital-semente e por aí adiante, mas o deserto é semelhante.

 Nota: Para saber mais sobre o insucesso de Pessoa e das suas "officinas movidas a vapor", 
entre aqui s.f.f.

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