30 maio, 2016

«só me coloco ao lado dos operadores portuários quando acho que têm razão. Porque o estatuto de patrões não os remete para uma classe assustadora» - Li, por aí


O entendimento da razão das partes exige esforço até para perceber o que está em jogo. Há quem se cole aos patrões e veja nos trabalhadores posturas de quem leva o rei na barriga e usufrua de salários principescos. Sobre os salários, Carvalho da Silva foi claro e nem sequer rebatido. 
Então veja-se e leia-se
Este estatuto de patrões - oligopólio - assusta mesmo, conforme o texto:

«Veja-se o quadro português. O essencial do porto de Sines está entregue a uma multinacional (a PSA). No conjunto dos restantes portos, mais de 50% da atividade está concessionada a outra multinacional (Yildrim) depois do habitual papel intermediário desempenhado por um grupo capitalista português (no caso, a Mota Engil). Depois, surge o Grupo ETE, com  um peso significativo à escala nacional, e depois um pequeno lote de operadores que tendem a desaparecer.

O processo em curso destina-se a colocar ao serviço exclusivo das multinacionais os portos de Portugal, garantindo ainda o menor custo possível com a força de trabalho. Não tem como objetivo servir Portugal, é antes pelo contrário uma das causas para a difícil situação económica do país.

Um aspeto incontornável deste problema prende-se com um claro abuso da posição dominante no mercado por parte de um oligopólio. Atualmente já existe um oligopólio no sector portuário, no qual 3/4 grupos empresariais controlam mais de 90% dos terminais portuários, e também da mão-de-obra no sector, ETP incluídas.

A nível de cargas, esse oligopólio consegue já transferir cargas de uns portos para outros, podendo, por essa via, valorizar, ou desvalorizar, um terminal específico, conforme lhe seja mais conveniente, o que consegue fazer sob a capa de melhores condições concorrenciais, através de preços que pode promover através da manipulação dos custos salariais.

A nível laboral, o oligopólio é o maior cliente das ETP do Continente e da Madeira – sendo simultaneamente, associadas/sócias das mesmas as empresas que integram 12 dos respetivos grupos empresariais–podendo, por isso, manipular quase todo o contingente laboral nacional, em especial nos portos onde operam. Essa prática pode ser feita, nomeadamente, aumentando ou diminuindo, pela via dos desvios da carga, as necessidades de mão-de-obra das ETP. Por essa via, podem criar a aparência de necessidade, ou desnecessidade de mão-de-obra, por parte da ETP local, sendo-lhe ainda possível criar uma ou mais ETP alternativas, com quadros preenchidos por trabalhadores a termo, as quais serão sempre rentáveis, por terem requisições garantidas, mas que implicarão sempre o encerramento da ETP já existente (como já se fez feito no porto de Aveiro e se tenta fazer no porto de Lisboa).

A única concorrência que cresce nos portos é entre a força de trabalho, garantindo preços cada vez mais baixos para a exploração por esse oligopólio. Como em tantos sectores da nossa economia, por trás das belas palavras, a realidade que está a ser construída é da uma crescente precariedade e empobrecimento para os trabalhadores e o povo, a par do aumento de lucros e rendas para uma minoria.

Para eliminar o oligopólio e reduzir a precariedade e a exploração dos trabalhadores, só há uma solução: eliminar as concessões do sector portuário, passando as operações a ser asseguradas diretamente pelas administrações portuárias públicas, e em cada administração garantir o correspondente efetivo portuário. E mesmo sem querer assim resolver o problema, para reduzir as consequências, para os trabalhadores do modelo que está em vigor, é sempre necessário serem criadas ETP públicas, que seriam impostas aos operadores que concorressem a uma concessão, não podendo ser admitidos trabalhadores portuários a não ser por intermédio dessas ETP.

Perante todo este quadro, e tendo ainda em conta a forma unilateral como o anterior Governo impôs a revisão do Regime Jurídico do Trabalho Portuário, importa que a Assembleia da República tome posição no sentido de defender os trabalhadores e o emprego estável e com direitos, as melhores condições de trabalho, a promoção da estabilidade, qualidade e segurança na operação portuária, bem como os sectores produtivos e a economia nacional.»
extracto do Projecto de Resolução apresentado pelo
Grupo Parlamentar do PCP,   15 de Maio de 2016
 




29 maio, 2016

A nota do Tribunal de Contas chega tarde e dela não se fez alarde... a imprensa amarela já tinha feito o papel dela!

"Tarde chega o que nunca vem" era uma expressão paterna que eu uso frequentemente, preferindo-a ao popular ditado de "Mais vale tarde que nunca". Apliquemos os dois. Só que neste caso a "nota do Tribunal de Contas" não veio a tempo de suster a avalanche de títulos que inundaram a imprensa amarela, manipularam a opinião pública  e encorajaram os promotores. Fica para a História desta imprensa sem vergonha nem ética.
Quanto à justiça, "Tarde chega o que nunca vem"! Um dia chegará. Não passarão!

28 maio, 2016

SIMPLEX


Com evidente economia de processos e procedimentos, com redução significativa do lead time total: menos tempo a arrumar a bola; menos tempo perdido com gestos que não acrescentam valor ao objectivo; descanso e lanche em actividade simultânea; um ar divertido.
É isto ou não o verdadeiro Simplex? Que lhes parece?

27 maio, 2016

As alegres cavaqueiras do cardeal amarelo e as possíveis razões porque ele não cita o Papa

 

«Habituada à promiscuidade com o poder, viciada em prebendas, isenções e privilégios desde o "tempo da outra senhora", a hierarquia da Igreja Católica em Portugal convive mal com a democracia, com o estado laico e com... os fundamentos do Cristianismo» Esta bem podia ser a legenda desta foto antiga referenciando uma "alegre cavaqueira". 
Podia ser mas não é. 
É o enquadramento de um artigo onde o Papa é citado, e onde este (entre outras coisas) diz:
“as escolas, até mesmo de freiras, essas para onde os ricos vão, 
têm muitos subsídios”
onde é que isto vem?
no Tornado, claro

26 maio, 2016

Soube bem o feriadozito? Quem é amigo?


Quem? 
Soube bem, hein!? 
 Quanto a balanços? Façamos um todos os dias! 
Todos os dias há risco de arrepio de caminho 
e o futuro constrói-se palmo a palmo!

25 maio, 2016

A "Unchained Melody" e a remasterização do amor (com "fones")

«Remasterização consiste na criação de um novo master, uma cópia de vídeo ou de áudio feita a partir do original, com o propósito de melhorar e aperfeiçoar a qualidade da gravação anterior. No áudio do vídeo abaixo, de 1965, dos Righteous Brothers, foi efectuada uma acentuada correcção do espectro das frequências (para aproximação à qualidade sonora actual), bem como uma maior separação dos canais estéreo e filtragem do ruído de fundo.»
Vinha este texto num mail, daqueles que vão circulado e que eu cacei, pelo crédito merecido da proveniência do dito. Claro que fui de imediato buscar o "fones" para as situações de que fora alertado. Ouvi mil vezes. Depois cacei este rosto.


Pode o amor ser remasterizado?
Poder, pode
Mas não basta ouvir canções de amor
(mas lá que ajuda, ajuda)

24 maio, 2016

Hoje é dia de ler o "Tornado" (amanhã também!)


A Soberania e o pechisbeque

 «...Os portugueses conhecem muito bem os dirigentes e as forças políticas que, entre nós, são cúmplices da hipoteca dos interesses nacionais e dos cidadãos assumida à revelia de qualquer consulta aos eleitores. Os dirigentes actuais do Partido Socialista, que tiveram a coragem de adoptar a existente fórmula de governo, estão infelizmente a percorrer o caminho minado que lhes foi deixado por essa aberração da democracia política que é o Bloco Central, espécie de partido único aliás em extinção pela Europa afora.
Ao caminhar por uma senda sem escapatória, insistindo em contornar cada novo obstáculo que é inventado para o fazer desistir, o actual governo de Portugal acabará por perceber que avança por um beco sem saída.
Oxalá perceba a tempo que o caminho é outro...»

Enviei este postal pelo correio normal...

Deu-me o Carlos o endereço adequado. Mas eu, avesso a tal regulamento, mandei o bilhete postal por correio normal. Veio-me devolvido, talvez por o selo ser antiquado, ou estar fora de prazo. Mas aqui fica o que tinha escrito, porque... o prometido é devido

NOTA: Não sei se deram conta, mas o texto estava um tanto "pessoano"

22 maio, 2016

Redacções do Rogérito (31) - "As homilias do senhor cardeal amarelo"


Mandou a stora que fosse escolhido o tema da redacção segundo o assunto que nos tivesse causado mais impressão e escolhi escrever sobre as prioridades do senhor cardeal Clemente que cita o Papa naquilo que lhe é conveniente e omite citar o Papa naquilo que mais dói a toda a gente.
Sobre a liberdade de escolher a escola onde se deve aprender fez o senhor Clemente o que já tinha feito o bispo em homilia citando o Papa só naquela parte em que vale a pena citar porque a parte não citada podia deitar tudo a perder e contrariar o que ele queria dizer.
Sobre o que vai dizendo o Papa naquilo que mais dói à gente* não fala disso o Clemente talvez porque os pais dos meninos de amarelo e os professores de amarelo e os funcionários amarelados terão em dia todos os salários e porque naqueles colégios não há um único precário graças aos contribuintes e ao Estado.  
Tenho dito e me assino
Rogérito
____________________________
* «Pensemos no que se passa aqui e em todo o mundo. Queres trabalhar, fazem-te um contrato de Setembro a Junho, sem descontos, sem seguro médico. Em Junho termina e em Julho e Agosto tens que viver do ar, mas em Setembro voltam a contratar-te»,disse o Papa. 


Braga, "stródinário" ! (já dei os parabéns à família Canário)


Boa!

21 maio, 2016

O papelinho


Na véspera da consulta aprazada, cumprindo a rotina das horas, abriu o "portátil" e o papelinho lá estava. Numa folha de bloco, rasgada fora do picotado, em letra bem redondinha, lá estava o recado. Melhor dizendo, eram sete os recados como se fossem seus pecados. Ela tinha-o avisado de que os haveria de escrever para ele não se esquecer. Guardou o papelinho na algibeira das calças, que é o que costumava fazer quando não lhe ocorria outro destino a coisas que ia encontrando...

No dia seguinte, cumpridos os procedimentos até à chamada, ia passando em revista o discurso preparado. Apesar de há muito não ser "visto" e ele e a "médica de família" tinham uma relação cúmplice como só os bons médicos conseguem desenvolver e assim, ele contava com essa arte para o que desse e viesse. 

Ouviu o seu nome e o número do gabinete. Entrou, e ficou desarmado. Sorrindo, estavam dois estagiários. Um de pé, ela sentada. Tudo o que tinha pensado ficou nesse mesmo momento comprometido. Pensou no papelinho. E, antes que o interrogatório se iniciasse, colocou-o ainda amarfanhado colocou-o diante da estagiária, ainda meio dobrado. "Está tudo aí!" 

A jovem leu atentamente quantos uísques bebia por dia, os cigarros fumados, a tensão elevada, o colesterol registado na farmácia e as situações em que abanava a cabeça sem que ele desse por nada mas que no papelinho aparecia, afirmando que ele o fazia... 

Gerou-se um colóquio descontraído, sério, de quando em quando entremeado com fina ironia e muitos sorrisos. A meio, a médica de família apareceu, e a consulta continuou com ele a ser passado a "pente-fino", pesado, medido e auscultado. No fim a médica-nada-estagiária olhou-o nos olhos e perguntou-lhe qual a promessa que ele aceitava cumprir. Ele disse. Ela pôs visto em todos os itens do papelinho e assinou por baixo, mas omitindo a promessa. "Basta-me a sua palavra!"

Epilogo

Passada uma semana, a promessa estava a ser cumprida. As marchas à beira-Tejo, no "passeio marítimo", são um regalo, e ela, a autora do papelinho, marchava orgulhosa a seu lado. 
(quando tiver o resultado das análises, digo)
 

19 maio, 2016

Se vai haver um banco mau, porque não pensar em criar um mau canal? ou um mau jornal?

De certo modo tenho dúvidas sobre quem tem mais poder, se a finança se a imprensa. Adio a questão para outra ocasião, pois o que me ocorre na oportunidade é reflectir na similitude dos caminhos a seguir. Isto é, se a solução para resolver o crédito malparado e sanar as sequelas dos activos tóxicos está na criação de um "banco mau", porque não pensar-se num "canal mau" para onde remeter toda essa ganga de "pivots" e comentadores que nos enchem de lixo a cabeça?
Eu sei, eu sei... Eu sei que a imagem está desactualizada... mas exactamente por isso ela é pertinente: veja-se o que aconteceu a grande parte dessa gente.

18 maio, 2016

Miguel Tiago, e o regresso a palavras de Saramago.


Dizia José Saramago, a propósito de um passo dado pela NASA, chegar-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante. Manuel Tiago sabe-o. Sensível ao tema da nossa relação com o outro, não me ocorreu outra coisa senão citá-lo.
O erro de paralaxe é o erro que corresponde à aparente variação de posição de um determinado objecto em função da posição do observador. Na política, todos somos afectados por esse erro. Cada um de nós, combatendo ou não esse efeito, interpreta o mundo e os fenómenos políticos em função da perspectiva, do posicionamento político, da posição de classe social que integra ou com que se identifica. Mesmo podendo separar os campos de interpretação em duas grandes áreas de perspectiva: a idealista e a materialista, dentro de cada uma dessas áreas, cabem interpretações várias de um mesmo fenómeno.
(...)
 Se entendermos a visão e a perspectiva do outro como uma forma deliberada de egoísmo ou de idealismo, se entendermos que só a nossa visão das coisas está correcta, como que por magia, ou por iluminação reservada a uma seita. Se não compreendermos que entre as massas, o idealismo é dominante e que a abordagem individualista dos problemas sociais não resulta da vontade de cada, mas da própria cultura dominante, se não percepcionarmos que a indisponibilidade para compreender a nossa forma de abordar e interpretar os problemas não resulta de uma má-vontade, mas de uma concepção distinta do mundo, então estamos a desistir de alargar, estamos a capitular por nos recusarmos a compreender que as barreiras existem e que nos cabe a nós ultrapassá-las. Ou contamos que seja a doutrina dominante a fazê-lo?
(...)
E de cada vez que hostilizamos quem pensa que pensa pela sua própria cabeça só porque não pensa como nós, de cada vez que interpretamos a dificuldade de compreender a nossa mensagem como "ignorância", como "adormecimento" ou "alienação", estamos a fechar uma porta.
E nós, comunistas, revolucionários, queremos essas portas escancaradas de par em par.
Manuel Tiago in "Erro de Paralaxe"

Quer poupar «o equivalente a 3 Renatos Sanches, (...) 12 Mitroglous, 6 Slimanis, 7 Taliscas, 5 Jonas, 6 Lindelofs. São quase 2 João Mários caso se confirmem os valores da transferência para o Manchester United»? Quer?

(este título foi roubado aos «Ladrões»


Boa! Fez bem! 
Não? Espera o quê?

16 maio, 2016

Meter o Papa Francisco ao barulho... cheirou-me a esturro!

 

Li, apressado, mas não deixei de ler,  no passado dia 10, ainda sobre esta coisa dos contratos de associação, que "o padre Manuel Barbosa sustenta que está em causa “a liberdade de escolha das famílias”, apontando a necessidade de “estabilidade e autonomia” para as instituições de ensino.
A esse respeito, citou o número 84 da exortação apostólica “A Alegria do Amor”, no qual o Papa escreve que “o Estado oferece um serviço educativo de maneira subsidiária, acompanhando a função não-delegável dos pais, que têm direito de poder escolher livremente o tipo de educação”.» 

Peguei em mim, por recomendação de Minha Alma, que lesse com calma o que escreveu Francisco, na tal exortação, no tal número 84, e à frente do já citado encontrei este bocado, pelo padre Barbosa cortado:
 «A escola não substitui os pais; serve-lhes de complemento. Este é um princípio básico: «qualquer outro participante no processo educativo não pode operar senão em nome dos pais, com o seu consenso e, em certa media, até mesmo por seu encargo».
Ó diabo, porque é o bispo cortou isto? Será porque "sentiu" que o Papa Francisco era ambíguo?

Já agora,  assine

15 maio, 2016

SLB, e o que Minha Alma me lembra, para que Eu não esqueça



Mas Minha Alma me vem lembrar, não vá Eu esquecer:

«o futebol é a coisa mais importante de entre as coisas pouco importantes com que nos devemos preocupar!»


Ucrânia? Eurovisão? Canção? Fosca-se, isto está pior do que eu pensava!


Se a canção é a expressão máxima do ser humano pois nenhum outro animal o faz com o sentido pleno de o fazer, então que se dê sentido à canção! E a canção tem o sentido cultural dos povos. As canções são uma outra forma de bandeira. Mesmo a canção pimba ou ligeira.
Basta que lhe se retire da canção a língua-Pátria para que as canções mais não passem do que a sucessão, mais ou menos harmoniosa, dos sons-palavras alinhados no refrão sem tradução.
Dizia Pessoa: "A minha Pátria é a língua portuguesa". A Pátria dos outros, por consequência, será a língua que em cada nação se usa e pratica. Não é o caso das canções ouvidas. Por isso as canções cantadas serão apátridas? Pior, são canções vendidas!
Já seria mau a (re)confirmação de os países concorrentes se submetessem a usar língua avessa, mas ver um país fascista ser o mais votado, só lembra mesmo ao diabo!

14 maio, 2016

HORAS RUBRAS, de "Almas Gémeas"

______________________________________
HOMENAGEM DE APOIO À MARIA JOÃO  
Dois amigos, Albertino Galvão e Joaquim Sustelo tomaram a iniciativa de mandar fazer uma edição de 50 livros, pagos por eles, em nome da poetisa, Maria João Brito de Sousa.
Essa atitude teve dois propósitos: homenagear a que é, sem dúvida, uma das maiores poetisas portuguesas de todos os tempos; proporcionar-lhe algum conforto, entregando-lhe em mãos a receita total da venda dos livros, sabendo como é a sua vida, a que nada ajuda uma grande falta de saúde, que se vem agravando ano após ano.
O livro, de 74 páginas, tem por título ALMAS GÉMEAS e é composto por duas partes:
- Dialogando com Florbela (dois sonetos da Florbela/dois da Maria João)
- Glosando Florbela (30 sonetos da Florbela/30 sonetos da Maria João, glosando aqueles)

 O dinheiro da venda será centralizado na conta de Joaquim Sustelo, de IBAN PT50 0033 0000 500 884 32 328 05 


10 maio, 2016

Uma Petição para assinar sem hesitar


Sobre o passado do que agora se está passando,
pois que a minha, tenho onde avivá-la.

E saiba também o que outros, de nós, sabem...

«Sabemos que a rede pública é insuficiente e por isso é necessário recorrer temporariamente às escolas privadas onde não há Escola Pública, recorrendo a contratos de associação até que seja colmatada essa carência.
Essa contratualização tem de ser sujeita a critérios rigorosos e objectivos, como de resto constava de uma proposta que apresentámos com critérios de financiamento dos contratos de associação, proposta que foi rejeitada por PSD e CDS.
Agora, PSD e CDS optam por lançar o alarme e o pânico agitando ameaças de encerramentos e despedimentos...»
Desalarme, assine por baixo:
«A ser como pretendem os defensores do ensino privado pago com dinheiros públicos, teríamos portanto dois Estados: um, escrutinado em direto, com documentos que podem e devem ser consultados para promoção do debate de cidadania em torno da educação e um outro, longe dos olhares indiscretos dos agentes educativos, que miraculosamente apresenta alunos sem mácula, rankings dignos de academias, os futuros vencedores de um país dividido, em que grande parte dos derrotados se sentam nos bancos das escolas sobrelotadas, com falta de espaço, de funcionários e de autonomia.
Recebendo com expectativa as corajosas medidas anunciadas pelo Ministério da Educação, declaramos o nosso repúdio quanto à tentativa de mais uma divisão social, com graves consequências para o futuro de Portugal.
Repor a Escola Pública, enquanto baluarte de proteção e salvaguarda universal de todos os portugueses é uma tarefa que diz respeito a todos, qualquer que seja a nossa idade, condição ou escolha política.Não vamos pois deixar os interesses privados manipular este bem essencial que nos compete preservar.

09 maio, 2016

Poesia (uma por dia) - 86


A MÁQUINA DO FUTURO

Os Donos disto Tudo
(os verdadeiros, que nem sequer conheces)
tinham inventado,
construído e exportado
em direcção ao sul,
uma máquina sofisticada
muito bem oleada,
embalada a primor com laços e uma flor
mas que desembrulhada
e posta em movimento
mais parecia um cilindro
ou rolo-compressor.

Mas os seus mandatários
fizeram uma festa e um grande foguetório
a dizer que era este o transporte ideal
para um povo simplório.

E o cilindro lá foi comprimindo
A vida e os sonhos dos povos do sul.
Onde o sol brilha mais e o mar é azul.
Eis que de repente
esta nossa gente de tão comprimida
achou que era tempo de mudar de vida.

Parou o cilindro, despediu capatazes
e pôs-se a construir o melhor transporte
que formos capazes.
Pode não estar pronto, que o futuro demora,
Mas é mais bonito por dentro e por fora.
Para o amesquinhar,” amigos da onça”
Dizem que o seu nome é a “geringonça”.
Mas há tanta gente que precisa dela
Que a sonha ver pronta p’ra seguir com ela.
Não sendo perfeita, vai-se melhorando
porque este projecto, sendo original,
é feito por nós, é artesanal,
pois é com trabalho que a coisa se faz
e tem um cartaz: “MADE IN PORTUGAL!”
A questão maior que faz afligir os senhores do Norte
é o medo enorme de que a gente a exporte.
Para eles, pode ser muito duro
mas a “geringonça” tem mesmo futuro!
Fernando Tavares Marques
_________________________________
Este poema ( e o anterior) foi declamado, sábado passado, na abertura do ENCONTRO CDU, em Linda-a-Velha (Oeiras), no Auditório Municipal Lourdes Norberto,  onde o "Intervalo Grupo de Teatro" actua e o Fernando Tavares Marques é actor destacado. A peça em cena, "Doze Homens em Fúria", recomenda-se.

08 maio, 2016

Poesia (uma por dia) - 85

AS PALAVRAS DO MEDO
E O MEDO DAS PALAVRAS

Oiço as palavras e começa um jogo:
Um jogo de traições e sombras;
e as pobres palavras,
repetidas até à exaustão,
começam a cansar-me
como se tivessem sido escolhidas
para definirem a indefinição
ou matarem de cansaço este cidadão indefeso.

E são atiradas de cima,
dos que se julgam liderar o que não lideram,
munidos de uma jactância superior
e as atiram ao rebanho (julgam eles)
de todos nós,
atentos, veneradores e obrigados,
como num “antigamente” repulsivo.

Martelam-nos o cérebro com o consenso
como se a palavra pudesse resolver,
por ela própria, diferenças insanáveis
na forma de encontrar o caminho comum
que nos afastasse deste “inverno do nosso descontentamento”
Mas, que de tão martelada,
nos impede de ouvir a expressão “bom senso”
que alguém mais inteligente e, sem medo das palavras,
nos fala da única forma de construir o futuro.
Outra palavra que, sem qualquer culpa própria,
é hoje usada para nos martirizar o entendimento,
e foi traída no seu mais puro sentido
pelos “vendilhões do templo” financeiro,
deve sentir-se agora muito desconfortável:
- a suave palavra conforto.

Os discursos políticos que colocam uns
na sua “zona de conforto” do poder discricionário
ou os que tentam roubar o “conforto” alternativo
aos ambiciosos desse mesmo poder
apenas nos conduzem a um desconforto colectivo
que irá desaguar, cedo ou tarde, na tal palavra
que um dia, sem medo, deveremos pronunciar
como causa maior da verdadeira luta política:
- o confronto !

Só fazendo a catarse das palavras do medo,
conseguiremos acabar com o medo das palavras.
Politicamente, o bom senso e o confronto
Salvarão mais vidas que o consenso e o conforto.
Mas isto, é apenas o que eu penso.

_________________________________
Este poema foi declamado, sábado passado, na abertura do ENCONTRO CDU, em Linda-a-Velha (Oeiras), no Auditório Municipal Lourdes Norberto,  onde o "Intervalo Grupo de Teatro" actua e o Fernando Tavares Marques é actor destacado. A peça em cena, "Doze Homens em Fúria", recomenda-se.
Na imagem acima, em primeiro plano, um jovem e promissor quadro autárquico da CDU - é vereador suplente na CM de Oeiras. Nuno Boavida, de seu nome.

Os "contratos de associação" e a "municipalização do ensino" conduzem ao mesmo caminho?


Só um mau contador de anedotas se põe a explicá-las enquanto quem as ouviu ri "a bandeiras despregadas". Acontece o mesmo com os bons cartoons. Não carecem de explicação. Ou está tudo lá, ou não. Neste escolhido é o caso. Porque é que o escolho? Ora, pois não é evidente?

Quanto ao meu título, esse carece de explicação e eu explico. Passei a tarde num encontro de eleitos da CDU e a (por nós chamada) "municipalização do ensino" veio à baila. Dizia quem falava "Quando a tal referida delegação de competências nos municípios se der, como se encaminha que vá ser dadas, as câmaras municipais, por falta de estrutura e competências próprias acabarão por subcontratar a gestão!"

Lembrei-me de em tempos ter lido algo passado entre a Câmara da Covilhã e um tal GPS. O "negócio" é diferente? Ser, é! Mas também na altura não havia aquilo a que hoje se chama "a municipalização do ensino". 

Quanto ao Grupo GPS... "eles andem aí"

04 maio, 2016

Meu Sangue Mouro, Meu Coração Luso e Minha Alma Celta gostam desta!

...mas é, sobretudo, o Meu Sangue Mouro que desta gosta. A primeira vez que referi ter tal sangue nas veias falava de searas e de um desolador deserto, em verso.
Hoje é este testemunho: que a arte pode aproximar e trazer paz ao mundo, depois de muito vos falar de tanto muro, e do que explica tanta tragédia, tanta guerra.

03 maio, 2016

O lado certo da vida




Há muita maneiras de estar do lado errado da vida. A mais ambígua, pois frequentemente se confunde com o sonho, é sonhar vivendo o que a vida não é, e teimar em não acordar.

Rogério Pereira

02 maio, 2016

1º de Maio intergeracional - II

61
Espanta-se hoje a imprensa pelo facto do 1º de Maio ainda ser de luta e por o Arménio o ter declarado. Mas bastaria ter-se lido o que se passa na casa do "merceeiro" para perceber que a hora não é de baixar os braços. E depois...
61,5% dos jovens trabalhadores têm vínculos precários. Este nível de precariedade, instabilidade e insegurança pressiona os salários para baixo.
130 mil dos jovens desempregados inscritos nos centros de emprego não têm acesso a nenhuma prestação de desemprego, sendo os mais afectados pelos cortes nestas prestações. 
2/3 dos jovens dos 18 aos 34 anos vivem em casa dos pais, consequência visível da perda de direitos, dos contratos a prazo, salários de miséria e desemprego.
Ao contrário do que nos tentam fazer crer, o aumento a precariedade nada tem a ver com necessidades ocasionais ou excepcionais de emprego! O que pretendem é o aumento da incerteza, da instabilidade e exploração, pressionar e tratar os trabalhadores como peças descartáveis, prontas a ser substituídas ao sabor da redução dos custos e do lucro fácil e, para isto, vale tudo: contratos renováveis ao mês, à semana, dia ou hora e permanente rotação entre desemprego / precariedade

01 maio, 2016

1º de Maio intergeracional



"Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; 

e velhos, para que nunca tenham pressa…"
— Óscar Wilde —
"A vida é um grande levanta e cai. Mãe, obrigada por não teres montado um quarto cor de rosa para mim. Obrigada por não teres construído um castelo ilusório ao meu redor."
- Marta Lopes